Investigação aponta possível participação de um Guarda Civil Municipal na execução do delegado Ruy Fontes

O ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, foi executado a tiros na tarde de segunda-feira (15), em Praia Grande, litoral paulista. A ação criminosa, registrada por câmeras de segurança, ocorreu na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, no bairro Nova Mirim, e envolveu mais de 20 disparos de fuzil.

Fontes, que ocupava o cargo de Secretário de Administração de Praia Grande, ficou conhecido por combater o crime organizado e investigar o Primeiro Comando da Capital (PCC), tendo sido responsável por prender lideranças da facção e organizar a transferência de chefes para presídios federais.

Segundo o delegado-geral de São Paulo, Artur Dian, o ex-delegado estava armado, mas a arma estava na bolsa e provavelmente não reagiu ao ataque. Ele foi atingido em braços, pernas e abdômen.

A execução envolveu três criminosos que perseguiam o carro de Fontes. Durante a ação, dois deles efetuaram os disparos enquanto o terceiro dava cobertura. Após a execução, o trio retornou ao veículo e fugiu. Mais tarde, um dos carros usados, um Jeep Renegade roubado em São Paulo, foi encontrado incendiado, a cerca de dois quilômetros do local. Outro veículo, pertencente a uma companhia de seguros, foi abandonado ligado no Jardim Quietude, com vestígios de fuzil e pistola.

Uma das linhas de investigação que mais preocupa a polícia é o possível envolvimento de um Guarda Civil Municipal, devido ao modo operacional do ataque e aos indícios de treinamento, que indicam que o crime pode ter sido facilitado por alguém com conhecimento de procedimentos de segurança e operação tática. Internamente, autoridades da Polícia Civil comparam a ação com o assassinato de Vinícius Gritzbach, morto em Guarulhos com participação de agentes treinados.

O secretário de Segurança Pública de SP, Guilherme Derrite, informou que um suspeito já foi identificado. Ele possui histórico de prisões por roubo, tráfico e atos infracionais na adolescência. “É um indivíduo que já foi preso várias vezes pelas forças policiais”, declarou Derrite durante o velório do delegado, realizado nesta terça-feira (16) na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).

Fontes estavam com uma arma pessoal dentro da bolsa no momento do ataque, mas não aparentava temer represálias específicas. Além disso, entre as vítimas da ação, um casal de pedestres foi atingido, sem risco de morte, e atendido pelo SAMU.

A investigação segue sob responsabilidade de uma força-tarefa integrada das polícias Civil e Militar, que analisa imagens de monitoramento, vestígios dos veículos usados no crime e outros elementos de perícia. Entre as hipóteses avaliadas estão vingança do PCC e possíveis ligações com a função de Fontes como Secretário de Administração, com suspeita de apoio operacional interno, possivelmente envolvendo o Guarda Civil Municipal.

O velório do ex-delegado teve início às 10h na Alesp, e o sepultamento está marcado para as 16h no Cemitério da Paz, no Morumbi, zona sul da capital paulista.

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