Quadrilha usava fantasias e fotos por IA para desviar benefícios sociais 

Um esquema criminoso desarticulado pela Polícia Federal, durou por pelo menos cinco anos e permitiu que uma quadrilha desviasse benefícios sociais da Caixa Econômica Federal.  A quadrilha contava com a colaboração de funcionários do próprio banco e de casas lotéricas, além de táticas que incluíam desde disfarces até o uso de inteligência artificial.

A investigação da PF expôs a ousadia do grupo, que explorava a vulnerabilidade de cidadãos para acessar recursos de contas digitais de baixa renda. A reportagem, exibida pelo Fantástico neste domingo (21), detalhou como os criminosos agiam para subtrair valores de programas essenciais.

Segundo a Polícia Federal, o desvio de dinheiro era facilitado por uma “parceria do crime”. A quadrilha obtinha acesso ao aplicativo Caixa Tem com a conivência de servidores, permitindo a manipulação de dados cadastrais e até biométricos dos titulares.

Modus operandi

O esquema consistia em apagar os dados do beneficiário original. Em seguida, um novo cadastro era criado com outro e-mail, celular e reconhecimento facial, mas mantendo o mesmo CPF, nome e data de nascimento da vítima. Dessa forma, o dinheiro era automaticamente redirecionado para as contas dos criminosos, sem que o verdadeiro titular percebesse imediatamente.

A maioria das vítimas era composta por famílias de baixa renda, para quem a ausência do benefício representava um grave impacto porque ficavam meses sem receber o benefício, tendo que buscar agências, contestar o desvio e aguardar o ressarcimento.

Inteligência Artificial 

Para ludibriar o sistema de reconhecimento facial da Caixa, o grupo criminoso empregou diversas táticas, incluindo o uso de inteligência artificial. Milhares de fotos geradas por IA foram encontradas pela polícia, e o especialista em reconhecimento facial da PF-RJ, Paulo Cesar Baroni, apontou que os próprios criminosos usavam seus rostos como base para as imagens adulteradas, buscando simular os beneficiários.

A Caixa Econômica Federal informou ter colaborado com as investigações, denunciado a conduta criminosa e afastado os funcionários envolvidos. O banco público afirmou ainda que seu sistema de segurança e reconhecimento facial é atualizado diariamente para garantir a proteção dos 140 milhões de usuários do Caixa Tem.

Até o momento, dois suspeitos foram presos, enquanto outros quatro integrantes da quadrilha permanecem foragidos. Os detidos responderão por estelionato qualificado, corrupção de funcionários públicos, inserção de dados falsos em sistema e organização criminosa.

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