O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem afirmado a aliados, em conversas reservadas, que não pretende concorrer à Presidência da República em 2026. Segundo interlocutores, ele demonstra convicção de que ficará fora da corrida nacional diante de um cenário marcado pela fragmentação da direita e pela perda de força de unidade no campo conservador.
A avaliação de Tarcísio é que a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na articulação das sanções aplicadas pelos Estados Unidos ao Brasil contribuiu para ampliar a divisão entre os partidos de direita. Para ele, essa movimentação acabou fortalecendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que até junho enfrentava queda de popularidade e forte desgaste político.
Estratégia agora é focar em São Paulo
Diante desse contexto, a estratégia de Tarcísio está centrada em buscar a reeleição ao governo paulista em 2026. O governador tem ponderado que entrar em uma disputa presidencial implicaria deixar o cargo até abril de 2026, como exige a legislação eleitoral, o que poderia fragilizar sua trajetória. Além da fragmentação da direita, o risco de depender do apoio da família Bolsonaro para viabilizar uma candidatura nacional pesou em sua decisão de não avançar.
Segundo pessoas próximas, Tarcísio também tem considerado questões pessoais, como a necessidade de dar segurança à família e evitar expô-la a um cenário de instabilidade política.
Treta com Eduardo Bolsonaro
O distanciamento político entre Tarcísio e Eduardo Bolsonaro se intensificou nos últimos meses. No auge do tarifaço imposto pelos Estados Unidos, em julho, o governador participou de uma reunião virtual com Eduardo e o youtuber Paulo Figueiredo, aliado do deputado. Na ocasião, Tarcísio alertou que as tarifas trariam consequências negativas para a direita, fortaleceriam Lula e acabariam forçando Donald Trump a adotar uma postura pragmática diante da pressão do setor produtivo americano — cenário que acabou se confirmando.
Ainda assim, Eduardo manteve críticas a Tarcísio e tem afirmado que será candidato ao Planalto em 2026, mesmo com o risco de condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Partido e sucessão na direita
Outro ponto de definição é a posição partidária. Apesar de rumores, Tarcísio tem reiterado que não pretende deixar o Republicanos para migrar ao PL, como chegou a sugerir Valdemar Costa Neto, presidente da legenda. Ele reafirma lealdade ao ex-presidente Jair Bolsonaro e deve visitá-lo em prisão domiciliar na próxima segunda-feira (29). Interlocutores, no entanto, destacam que o encontro não terá como pauta as eleições.
Com a saída de Tarcísio do cenário presidencial, cresce nos bastidores o nome do governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), como possível alternativa do campo conservador. Ratinho tem articulado alianças, fortalecido sua base política e se aproximado de Gilberto Kassab, presidente do PSD, ampliando espaço como potencial candidato ao Planalto em 2026.
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