Milhares de pessoas se reuniram neste domingo (21) no estádio State Farm, em Glendale, Arizona, para acompanhar a cerimônia fúnebre do ativista conservador Charlie Kirk, assassinado em um evento universitário no início do mês. Segundo a Agência Reuters, com capacidade para mais de 63 mil pessoas, o estádio recebeu o ex-presidente Donald Trump, o vice JD Vance e parte da cúpula do governo republicano, em um ato marcado por forte aparato de segurança e discursos de exaltação ao legado político de Kirk.
O evento, intitulado “Building a Legacy: Remembering Charlie Kirk”, foi realizado sob forte calor, com filas extensas desde o amanhecer. Imagens do ativista foram espalhadas pelas entradas do estádio, ao som de música cristã. Em um dos telões, o público viu a última foto oficial divulgada de Kirk: um momento íntimo com sua esposa, Erika, agora CEO da organização fundada por ele, a Turning Point USA.
Presença de Trump e segurança reforçada
Donald Trump chegou ao local escoltado por sua equipe de segurança e foi o primeiro a falar com jornalistas antes da cerimônia. “Ele fez um trabalho tremendo, os jovens o amavam”, disse o ex-presidente, afirmando que esperava que o evento representasse “um tempo de cura”.
Trump atribuiu a Kirk um papel central no engajamento da juventude conservadora e o descreveu como “uma faísca para um novo movimento cultural”.
A presença de figuras como o Secretário de Estado Marco Rubio, o Secretário de Defesa Pete Hegseth e o Secretário de Saúde Robert F. Kennedy Jr. elevou o grau de vigilância. Agentes federais e policiais locais restringiram os acessos à arena, com detectores de metais e policiamento ostensivo. Discussões entre apoiadores foram registradas na fila, e um idoso precisou de atendimento médico após desmaiar no calor.
Assassino agiu sozinho, diz polícia
Charlie Kirk foi morto com um único tiro no dia 10 de setembro, durante uma sessão de perguntas e respostas em um evento da Turning Point em Utah. O autor do crime, um estudante de 22 anos, foi preso e afirmou, em mensagens a sua parceira, que havia “se cansado do ódio” propagado por Kirk.
A polícia descartou, até o momento, qualquer envolvimento de grupos organizados no crime.
Apesar disso, o episódio alimentou o discurso do ex-presidente Trump, que tem responsabilizado setores da esquerda americana pelo crime, mesmo sem provas. O assassinato gerou temor sobre a escalada da violência política nos Estados Unidos, além de reações em cadeia nos meios de comunicação.
Polêmica na mídia e reações do governo
Na semana passada, a rede ABC retirou do ar o apresentador Jimmy Kimmel após uma fala controversa sobre a morte de Kirk. A decisão veio após declarações públicas do chefe da Comissão Federal de Comunicações, Brendan Carr, nomeado por Trump, que ameaçou a emissora com sanções regulatórias.
Organizações de direitos civis e representantes do Partido Democrata criticaram a medida e acusaram o governo de usar o assassinato como pretexto para cercear a liberdade de imprensa — um postulado constitucional inegociável nos Estados Unidos.
Legado e mobilização
Charlie Kirk, 31, era uma figura central do conservadorismo jovem americano. Construiu sua projeção nacional a partir de programas de rádio, debates universitários e redes sociais, tendo papel relevante na mobilização do eleitorado jovem a favor de Trump nas eleições de 2024. Segundo aliados, seu estilo confrontador e a capacidade de articulação com segmentos religiosos foram determinantes para sua ascensão.
O casal Ken e Mary Skinner, que percorreu quase 600 km da Califórnia até o Arizona para acompanhar o funeral, relatou o impacto de assistir ao assassinato ao vivo pela internet. “Eu estava furioso. Queria culpar alguém. Mas estar aqui, com pessoas que compartilham da mesma visão, me ajudou”, disse Ken. Ele afirmou esperar que o ex-presidente “abaixe o tom e pare de apontar culpados”.



