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12 avisos ignorados por CEO da OceanGate antes da implosão do submarino Titan

Richard Stockton Rush, CEO da OceanGate, teria ignorado uma série de avisos acerca das garantias de segurança da expedição do submersível Titan aos destroços do Titanic.

A embarcação implodiu de forma instantânea e catastrófica em 18 de junho e matou todas as cinco pessoas a bordo — incluindo Rush — depois que o casco de fibra de carbono implodiu devido à pressão do Oceano Atlântico.

Especialistas, ex-funcionários e ex-tripulantes tentaram alertar o CEO de que as pretensões das expedições do Titan eram arriscadas, mas ele considerou as sinalizações como “um insulto pessoal” e alegou que as regulamentações da indústria de submersíveis sufocavam a inovação no ramo. Veja a lista de avisos reunida pelo portal The Mirror:

 

 

Carta de aviso

A Sociedade de Tecnologia Marinha, que visa promover a tecnologia oceânica há 60 anos, escreveu uma carta assinada por mais de 30 especialistas falando de sua “preocupação co o desenvolvimento do Titan e as expedições planejadas” por Rush.

“Seu material de marketing anuncia que o design do TITAN atenderá ou excederá os padrões de segurança DNV-GL, mas não parece que a OceanGate tem a intenção de seguir as regras da classe DNV-GL [sociedade que certifica submersíveis]. […] Sua representação é, no mínimo, enganosa para o público e viola um código de conduta profissional de todo o setor que todos nos esforçamos para defender.”

Atitude relaxada

O ex-consultor Rob McCallum alertou sobre os riscos que Rush estava impondo a ele mesmo e a seus clientes ao querer colocar no mar um submarino sem os testes, classificações e comprovações devidas.

Em um e-mail visto pela BBC, o ex-consultor afirmou: “Acho que você está potencialmente colocando a si mesmo e a seus clientes em uma dinâmica perigosa. Em sua corrida para [o] Titanic, você está espelhando aquele famoso grito de guerra: ‘Ela é inafundável’.”

“Imploro que tomem todo o cuidado em seus testes e testes no mar e sejam muito, muito conservadores”, acrescentou McCallum. “Por mais que eu aprecie o empreendedorismo e a inovação, você está potencialmente colocando todo um setor em risco.”

Funcionários que denunciaram foram demitidos

Dois ex-funcionários da OceanGate Expeditions levantaram preocupações de segurança semelhantes sobre a espessura do casco do submersível Titan quando trabalhavam para a empresa anos atrás.

Uma declaração de um laboratório de pesquisa parece mostrar informações conflitantes sobre a engenharia e os testes que foram usados ​​no desenvolvimento da embarcação.

David Lochridge trabalhou como contratado independente para a OceanGate em 2015, depois como funcionário entre 2016 e 2018, de acordo com documentos judiciais. Ele atuou como diretor de operações marítimas da empresa.

A empresa rescindiu seu contrato de trabalho e processou Lochridge e sua esposa em 2018, alegando que ele compartilhou informações confidenciais, se apropriou indevidamente de segredos comerciais e usou a empresa para assistência imigratória e, em seguida, inventou um motivo para ser demitido.

O processo observou que Lochridge não é engenheiro, classificando o ex-funcionário como piloto de submersível e mergulhador.

Quebrador de regras

Rush abordou seu sonho de exploração em alto mar com entusiasmo e pouco apreço por regulamentações.

“Em algum momento, a segurança é puro desperdício”, disse Stockton ao jornalista David Pogue em uma entrevista no ano passado. “Quer dizer, se você só quer estar seguro, não saia da cama. Não entre no seu carro. Não faça nada.”

Enquanto fazia um tour pelo Titan com o ator mexicano Alan Estrada, Stockton se gabou de ter “quebrado algumas regras” em sua carreira.

“Acho que foi o general MacArthur quem disse que você é lembrado pelas regras que quebra”, disse.

“E eu quebrei algumas regras para fazer isso. Acho que as quebrei com lógica e boa engenharia por trás de mim.”

Ignorou sons que indicavam defeito

O especialista em submersíveis Karl Stanley disse, em entrevista ao New York Times, que, durante uma expedição a bordo do submarino Titan na costa das Bahamas em abril de 2019, ele soube que algo estava errado ao ouvir barulhos de estalos — que apenas se intensificaram ao longo das duas horas de mergulho.

No dia seguinte, Stanley escreveu um e-mail para Rush pedindo que ele reconsiderasse as expedições planejadas para o Titanic naquele ano.

No e-mail, ele também explica o que acha que produziu os sons. “[Os estalos] soaram como uma falha/defeito em uma área afetada pelas tremendas pressões sendo esmagada/danificada”, escreveu Stanley.

Para ele, o barulho indicava “uma área do casco que estava quebrando”.

Em resposta, anos depois, Rush falou para a tripulação e passageiros que ouvir barulhos da embarcação durante o mergulho não era motivo de preocupação. “Quase todos os submarinos de mergulho profundo fazem barulho em algum momento”, teria dito Rush, conforme mostrado em um episódio do The Travel Show da BBC.

Controles de videogames

Quando Stockton Rush decidiu construir um submersível para chegar até o naufrágio mais famoso do mundo, ele contatou Rob McCallum para ajudá-lo.

Quando ele chegou até a oficina de trabalho da OceanGate, não gostou do que viu. “Todo mundo estava bebendo Kool-Aid (uma marca de suco americana) e falando sobre como eles eram legais com um PlayStation da Sony”, disse McCallum para The New Yorker.

“Cada submarino no mundo tem controles com fio por uma razão: se o sinal cair, você não está ferradp”, acrescentou ele. Na época, Cyclops I  — primeiro submersível da OceanGate — estava rodando apenas em Bluetooth.

Estagiários projetaram sistemas elétricos

Um relatório da revista New Yorker indica que Rush usou estudantes da Washington State University (WSU) para trabalhar em sistemas elétricos críticos do submersível.

“Todo o sistema elétrico — esse foi o nosso projeto, nós o implementamos e funciona”, afirmou um ex-estagiário ao jornal da universidade em fevereiro de 2018, segundo o relatório. “Estamos à beira de fazer história e todos os nossos sistemas estão indo para o Titanic. É uma sensação incrível”, completou.

Em um comunicado, um porta-voz da WSU disse: “Nosso relacionamento com a OceanGate foi por meio de graduados da WSU Everett que trabalhavam para a empresa e que estavam interessados ​​em retribuir à sua alma mater, orientando um projeto de conclusão sênior.”

“Os principais projetos estudantis não constituem contratos formais ou parcerias; eles servem como uma iniciativa impulsionada pela indústria para fornecer aos alunos experiência prática supervisionada por especialistas em seus respectivos campos de estudo.”

Componentes eletrônicos comprometidos por raios

Durante uma entrevista publicada em 2020, Rush admitiu que o Titan foi alvo de raios durante testes em alto mar em 2018, perto de Marsh Harbour, nas Bahamas. Ele afirmou que não foram ataques diretos, mas a OceanGate apontou danos nos componentes eletrônicos do submersível.

“Na chegada, os componentes eletrônicos do submarino sofreram danos causados ​​por raios que afetaram mais de 70% de seus sistemas internos”, disse a OceanGate em um post posterior no Instagram da OceanGate. “Combinado com condições atipicamente tempestuosas e ventosas nas Bahamas, a equipe não conseguiu completar o primeiro mergulho de 4.000 metros pelo menos 45 dias antes da Expedição de Pesquisa do Titanic.”

Janela poderia não suportar pressão do Oceano Atlântico

O ex-funcionário David Lochridge também alertou sobre a quantidade de força que a janela visualizador do Titan poderia aguentar. O Daily Mail teve acesso aos registros legais do processo que ele move contra a empresa.

Ele alegou que a embarcação foi construída para aguentar uma pressão certificada equivalente a 1.300 metros de profundidade, sendo que a OceanGate pretendia levar passageiros a uma profundidade de 4.000 metros.

“Lochridge soube que o fabricante da janela de visualização certificaria apenas a uma profundidade de 1.300 metros devido ao design experimental da janela de visualização fornecida pela OceanGate, que estava fora dos padrões de vasos de pressão para ocupação humana (‘PVHO’).”

“A OceanGate recusou-se a pagar ao fabricante para construir uma janela de visualização que atendesse à profundidade exigida de 4.000 metros.”

O submersível Titan, operado pela OceanGate Expeditions para explorar os destroços do SS Titanic, em uma fotografia sem data OceanGate / Expeditions/Handout via REUTERS/File Photo

Missão suicida, diz ex-passageiro

O aventureiro alemão Arthur Loibl, que já havia explorado os destroços do Titanic no mesmo submersível, falou sobre os problemas vivenciados na missão e disse ter tido sorte de sobreviver.

Loibl mergulhando mais de 12.000 metros até o famoso naufrágio em agosto de 2021 ao lado de Nargeolet e Rush. “Naquela época, era uma missão suicida”, exclamou o empresário.

“O primeiro submarino não funcionou, e teve que ser abandonado a uma profundidade de 1.600 metros.”

Pouco antes de sua viagem, o suporte do tubo de estabilização, que equilibra o submarino, rasgou e teve que ser “recolocado com braçadeiras”, disse ele.

Ele acrescentou que as condições apertadas a bordo do Titan não eram exatamente reconfortantes.

“Você precisa de nervos fortes, não deve ser claustrofóbico e deve ser capaz de ficar sentado de pernas cruzadas por dez horas”, disse.

Submersível se perdeu por 2 horas

Quando Rush convidou o repórter da CBS David Pogue viajou embarcou no Titan, o submersível se perdeu por cerca de duas horas e meia.

Os submarinos são guiados por mensagens de texto enviadas do navio principal, já que não há sinal de GPS debaixo d’água ou qualquer outra maneira de a tripulação navegar lá.

Minutos após a submersão, a embarcação perdeu o contato com o navio principal e a tripulação ficou a deriva por duas horas e meia e foram forçados a pilotar o submersível com um controle de videogame.

Girando em círculos

Em uma expedição anterior, o submarino Titan perdeu o controle e começou a girar em círculos, deixando os passageiros em pânico e presos por horas. A situação foi relatada em um documentário da BBC de 2022, segundo o portal The Mirror.

Imagens de dentro do submarino mostram a embarcação girando, a 3,8 km de profundidade, enquanto o piloto daquela expedição, Scott Griffith, diz: “Temos um problema”.

“Há algo errado com meus propulsores. Estou empurrando e nada está acontecendo”, diz Griffith na filmagem.

Os propulsores teriam sido instalados incorretamente na ocasião, segundo o The Mirror, o que significa que um propulsor empurrava o submersível para um lado, e o outro para outro lado, fazendo a embarcação girar em círculos.

“Você sabe, eu estava pensando não vamos conseguir”, disse a passageira Reneta Rojas à BBC no documentário. “Estamos literalmente a 300 metros do Titanic e, embora já estejamos no campo de destroços, não podemos ir a lugar nenhum a não ser andar em círculos.”

Na ocasião, a tripulação teve que reprogramar o controle de videogame que comandava o movimento da embarcação para poder voltar a superfície.

Publicado por Flávio Ismerim

Este conteúdo foi originalmente publicado em 12 avisos ignorados por CEO da OceanGate antes da implosão do submarino Titan no site CNN Brasil.

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