Ela conecta pessoas. É através da visão que recebemos informações e interagimos com o ambiente externo, por exemplo. Mas para algumas pessoas, algo fundamental pode carregar desconforto, com o desenvolvimento de doenças. Foi o que aconteceu com a moradora de Blumenau, no Vale do Itajaí, Ana Paola Cit Marques, de 32 anos, que precisou procurar atendimento médico após sentir coceira nos olhos.
Ana não sabia ainda, mas o hábito de coçar os olhos poderia acarretar no agravamento de uma doença que afeta as córneas, que em casos mais graves, pode significar a perda parcialmente ou completamente da capacidade de enxergar. Trata-se do ceratocone, uma doença que provoca o afinamento da córnea em forma cônica.
Depois de procurar atendimento médico em Blumenau, ela descobriu a doença. Ana relembra que quando morava no Paraná, inicialmente foi diagnosticada com um problema na retina. Mas o incômodo continuou, fazendo ela procurar um médico especialista.
“Não enxergava praticamente nada. Sabendo do diagnóstico de ceratocone, procurei o Ambulatório Geral da Família do meu bairro, pedi um encaminhamento para o oftalmologista, passando pela consulta o Dr. Rodrigo, ele me explicou sobre a cirurgia de transplante. Eu não tive dúvidas, aceitei na hora”, contou.
Foi assim que ela chegou até o Dr. Rodrigo Thiesen Muller, médico oftalmologista especialista em córnea e cirurgia refrativa do Hospital Santa Isabel. Ana faz parte de um feito histórico da unidade de saúde blumenauense, que atingiu a marca de 200 transplantes de córneas em 2024. Um serviço que não representa só procedimentos cirúrgicos, mas pacientes que tiveram uma segunda chance e recuperaram sua qualidade de vida.
Transplante de córnea em Blumenau
Ana passou por dois transplantes de córneas. O primeiro foi em 2017, no olho esquerdo, e em 2022 ela realizou o procedimento cirúrgico no direito. O médico oftalmologista explica que a córnea é a camada transparente na parte da frente dos olhos, que ajuda a focar a luz e proteger.
Algumas doenças, infecções e lesões podem danificar esse tecido e aí que pode surgir a necessidade de um transplante. Em Blumenau, as córneas passam por avaliações quando retiradas do doador e vão para a central de Banco de Olhos, antes da cirurgia.
De acordo com o especialista, as principais indicações de transplante de córnea são aquelas que geram alteração na transparência ou na regularidade do tecido, como por exemplo o próprio ceratocone, cicatrizes corneanas ou patologias hereditárias.
“O paciente vai receber o tecido de uma pessoa que não tinha nenhuma condição ocular que afete a córnea, com contagem celular adequada, viável para entregar boa visão para quem vai receber”, afirma o Dr. Rodrigo Thiesen Muller.
O oftalmologista esclarece que o transplante de córneas tem alta taxa de sucesso e é considerado seguro e eficaz. Segundo o médico, a taxa de rejeição de um transplante de órgãos é muito menor quando comparada com outros órgãos. Esse foi o caso da Ana, que teve uma plena recuperação e celebra: “a visão está maravilhosa”.