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‘Saudade é o maior desafio’: como é a vida de mães comissárias de bordo

Com uma rotina que se encaixa entre escalas de voo e longas horas de viagem, a maternidade vira sinônimo de saudade para mães que decidiram seguir a carreira de comissárias de bordo, profissão que tem data celebrada nesta quarta-feira (31).

Maternidade nas alturas: como conciliar a vida de mãe e ser comissária de bordo. – Foto: @mirellaminelli/Instagram/Divulgação/ND

Mirella Alves Minelli, de 40 anos, está na profissão há 12 anos, e viu sua rotina mudar completamente com o nascimento do seu primeiro filho, Noah, de 3 anos.

“A gente tem uma rotina muito louca. O que alterou na minha vida com a chegada do Noah foi a questão que eu tenho mais coisa para agilizar e também fazer com que sobre um tempo pra mim e que eu consiga descansar”, diz.

Mesmo tendo que passar longos dias fora de casa, Mirella pondera que conciliar a maternidade e a vida de comissária de bordo não é impossível e celebras os longos períodos de folga.

“Sempre penso que se tivesse um trabalho de oito horas todos os dias e folgando no final de semana, eu não teria tanto tempo livre como tenho com o meu filho. Por exemplo, em maio tive 14 folgas e em junho vou ter 12 folgas, ou seja, tenho mais folgas do que a maioria das profissões”.

A comissária de voo Mirella e o seu filho, Noah, de 3 anos. – Foto: Arquivo Pessoal/ND

Larisse Maffazioli, de 43 anos, também vive rotina semelhante. Comissária de bordo há 17 anos, ela é mãe da Malu, de 11 anos, e das gêmeas idênticas, Lara e Luna, de 4.

Para conciliar a vida profissional com a maternidade, Larisse conta com a ajuda dos seus pais que auxiliam na criação das meninas.

“Meus pais moravam em Porto Alegre e quando as gêmeas chegaram, eles vieram morar comigo para me apoiar e seguir na profissão que eu gosto. Eles são meu porto seguro, me ajudam bastante”.

“A saudade é o meu maior desafio”

Passar dias longe de casa é um dos obstáculos dentro da profissão de comissária de voo, principalmente para quem é mãe, segundo Larisse.

“A saudade com certeza é o meu maior desafio, fico muitos dias longe e tem algumas datas importantes que fico ausente, longe delas”

Larisse e as suas três filhas. – Foto: Ariquivo Pessoal/ND

Para Mirella o sentimento não é diferente. Ela busca compensar os dias de ausência dando o máximo de atenção para o filho durante as folgas.

“A saudade não tem jeito, não tem como evitar, sofro muito com a saudade do meu filho. Moro em um lugar muito bonito e que tem várias praias ao redor, a gente tem bastante contato com a natureza e isso acaba compensando. Quando eu estou fora, tenho saudade, mas pelo menos penso que preenchi bastante o copinho de atenção dele quando estava em casa”.

“Quando nasce uma mãe, nasce a culpa”

A culpa é outro sentimento que mães comissárias de bordo lidam diariamente. Por não estarem presentes cotidianamente ao lado dos filhos, elas dizem que precisam trabalhar o lado psicológico para continuar na profissão.

Mirella chegou a pensar que não conseguiria voltar a voar depois que o seu filho nasceu.

“Muito sentimento de culpa. Ainda mais quando as pessoas falam assim: ‘ah, eu não conseguiria ficar longe do meu filho’. Parece que tu se torna uma pessoa que consegue ficar longe do filho, mas não é assim”

Entretanto, com o apoio do marido e da família, Mirella venceu o sentimento de culpa e retornou aos voos após a licença maternidade, consolidando ainda mais o que sempre sonhou para sua vida profissional.

“Tive apoio do meu marido, tive meus pais me ajudando.  Eu fui voar e o meu filho ficou muito bem. Isso me deu força, porque sempre trabalhei e não me imaginaria sem trabalhar”, acentua.

Para Larisse o sentimento de culpa sempre vai existir, mas ela entende que é preciso continuar na profissão e ser exemplo para as suas filhas.

“O sentimento de culpa sempre existe.  É aquele ditado: ‘nasce uma mãe, nasce a culpa’, eu já tive muito esse sentimento por conta da minha ausência com elas, mas sei que no fim eu escolhi a minha profissão e amo meu trabalho, amo o que faço”, explica.

“Dessa forma também dou o meu exemplo de que precisamos seguir e fazer aquilo que a gente mais gosta e conquistar a independência. Por mais que a gente fique ausente, somos um exemplo pra elas.  Acredito também que não existe uma mãe perfeita ou uma vida perfeita, é tudo uma construção de erro, acerto e de experiência que a gente vai vivendo e passando para os nossos filhos”

Se ausentar é desafio na maternidade, diz especialista

Segundo a psicóloga Malu Zapelini,  as comissárias não estão sozinha no desafio diário da maternidade. Ela explica que mães em geral realmente sofrem para deixar as crianças nos primeiros meses durante a volta ao trabalho.

“Não seria diferente para as mães que ocupam o cargo de comissárias de voo, sendo que os profissionais de todas as áreas passam pelo mesmo processo. Isso deve ser entendido como uma fase”, analisa.

Para a psicóloga, é importante que as mães busquem ressignificar e entender que além da maternidade, elas têm seus papéis sociais e profissionais, os quais elas também se sente realizadas e felizes. “É levar à consciência de que se trata de um período de transição e não de abandono”.

 

 

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