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Motorista que foi ofendido em vídeo por influencers depõe e nega racismo: ‘Foi combinado antes’


Evaldo Jesus Faria, de 50 anos, esteve na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância nesta segunda (12) para esclarecer um conteúdo feito por Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves, e no qual elas dizem que o cabelo do motorista está com “cheiro de podre” ou com “cheiro de bicho morto”. Nancy e Kerollen saindo da Decradi, no Rio
g1/Rafael Nascimento
O motorista de aplicativo Evaldo Jesus Faria, de 50 anos, esteve nesta segunda-feira (12) para depor na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) sobre um vídeo de 2021 em que aparece com as influenciadoras Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves.
Nas imagens, gravadas durante uma viagem, elas reclamam do cheiro do carro e falam que o odor vem do cabelo do motorista. Elas dizem coisas como “cheiro de podre” e “cheiro de bicho morto”.
Após depor, Evaldo falou com a imprensa, negou que tenha se sentido ofendido com o vídeo e disse que tudo foi previamente combinado com a dupla.
“Em nenhum momento você é pego de surpresa porque tudo é combinado antes. Elas não fazem conteúdo sem explicar os detalhes do que vai ser feito. Não me senti ofendido. Estava consciente, tanto é que dirijo para elas. Acho que é um mal-entendido da mídia”, disse o motorista, que contou ainda ter recebido para participar da trollagem.
Evaldo Jesus, o motorista que aparece em um vídeo tendo o seu cabelo chamado de fedido
g1/Rafael Nascimento
Questionado sobre o outro caso, em que as influenciadoras são acusadas de racismo recreativo por darem uma banana e um macaco de pelúcia para crianças, Evaldo também minimizou.
“Acho que foi um mal-entendido porque ela só tinha banana em casa, e ela iria sair para fazer o trabalho. Aí o menino chamou elas, e falou: ‘tia, grava comigo’. Ela falou que tinha a banana e ele sabia que tinha a banana antes de gravar”, disse.
No vídeo de 2021, Evaldo participa do seguinte diálogo com Nancy e Kérollen:
“Aqui dentro está um mau cheiro, cheiro de podre”, diz Nancy Gonçalves.
“Cheiro de bicho morto”, retruca Kérollen Cunha.
“Acho que é por causa desse cabelo”, fala Nancy no vídeo
“Ai, mãe, que nojo não mexe nisso”, diz Kérrollen, que no Intagram se apresenta como filha de Nancy.
Kérollen ainda questiona por que o motorista não corta o cabelo. Ele responde que precisa do dinheiro para levar comida para casa. Em seguida, as duas dizem que tudo não passa de uma brincadeira e dão R$ 200 ao motorista como pedido de desculpas. A trollagem, que viralizou, foi criticada na web.
Influenciadoras negaram crime
Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves também depuseram nesta segunda-feira (12), na Decradi, sobre o caso envolvendo Evaldo, e sobre os vídeo em que aparecem dando uma banana a um menino negro e um macaco de pelúcia a uma menina negra.
O g1 apurou que as influenciadoras negaram o crime, também disseram que os vídeos e as supostas trollagem são pré-combinadas com os envolvidos, inclusive com as crianças.
A mãe de uma das crianças, a que ganha a banana, já foi ouvida na especializada; a mãe da menina que ganha o macado de pelúcia deve ser ouvida nos próximos dias.
A delegada Rita Salim, titular da Decradi, colocou o caso em sigilo, já que envolve menor de idade, e o Ministério Público está acompanhando o caso.
Quem são Kérollen e Nancy
Influenciadoras entregam banana e macaco de pelúcia para crianças negras no RJ
Kérollen e Nancy passaram a ser investigadas pela Decradi por vídeos em que aparecem entregando um macaco de pelúcia, uma banana e dinheiro para crianças negras abordadas na rua.
Nancy e Kérollen se apresentam como “mãe e filha divertindo você”, mas em diversos vídeos afirmam ser meias-irmãs de pais diferentes — em um deles, Nancy conta ter pegado a caçula para criar depois que a mãe das duas avisou que daria Kérollen para adoção.
Em outra publicação, Nancy afirma ter sido garota de programa “por necessidade” e “para cuidar de Kérollen”.
‘Racismo recreativo’
No inquérito que será aberto na Decradi, os investigadores vão apurar se Kérollen e Nancy praticaram crime de racismo ou injúria racial e se também infringiram o Estatuto da Criança e do Adolescente.
O caso veio à tona após a advogada Fayda Belo, especialista em direito antidiscriminatório, denunciar os vídeos — já apagados dos canais. A advogada destacou que as cenas apresentam o chamado “racismo recreativo”, que ocorre quando alguém usa de “discriminação contra pessoas negras com intuito de diversão”.
“O racismo recreativo incita a discriminação e tira de nós, pessoas negras, o status de pessoa, nos animaliza e nos desumaniza. Seguirei com a denúncia dentro da lei e me coloco à disposição para esclarecimentos”, finaliza.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) recebeu, até esta quarta-feira (31), 690 comunicações com denúncias contra os vídeos.
Em nota divulgada por sua assessoria jurídica, a dupla disse que “não havia intenção de fazer qualquer referência a temáticas raciais ou a discriminações de minorias” no vídeo.
“Sendo assim, gostariam de se dirigir às pessoas que se sentiram diretamente atingidas, para dizer que não tivemos intenção de as ofender individualmente, nem como gênero, etnia, classe ou categoria a que elas pertençam”, diz um trecho do texto.
O que elas postam
No Instagram e no TikTok, Kérollen e Nancy postam de dois a três vídeos curtos por semana.
A produção alterna cenas de assistencialismo, testagem de produtos de beleza e pegadinhas — ou trollagens, como aparece nas legendas. Nancy também imita a cantora Katy Perry, a quem se compara.
Nos clipes de ajuda, as duas supostamente abordam pessoas aleatoriamente na rua e perguntam se querem dinheiro ou um “presente misterioso” — circunstância dos vídeos da banana e do macaco.
A dupla também leva crianças para lojas de brinquedo e supostamente dão a elas tudo o que elas tocarem.
As duas também gravaram oferecendo R$ 100 ou um beijo de Nancy a quem aceitasse raspar o cabelo. Um idoso diz aceitar e aparece com metade do couro cabeludo à mostra — mas, com os olhos tampados, beija o dedo da influencer e parece acreditar ter sido na boca.
Em alguns vídeos, seguidores questionam a veracidade das cenas. Em um deles, um homem descalço bate no portão da casa das influencers “pedindo socorro” com uma bebê no colo. O rosto dele é cortado, mas a câmera mostra a criança — que muitos apontam ser uma boneca. O clipe termina com a dupla dizendo entregar R$ 2 mil em espécie.
Nancy e Kérollen
Reprodução
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