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Como a “bagunça macroeconômica” pode afetar a Bolsa brasileira? Confira a visão de Artur Wichmann, CIO da XP Private

Nos últimos meses muito se ouviu no mercado sobre as expectativas em relação ao novo arcabouço fiscal, que foi apresentado no fim de março pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. 

Mesmo que ainda não tenha sido aprovado, agora já é possível ter uma dimensão maior de seu teor. Inclusive, o Banco Central citou o arcabouço na última reunião de decisão de juros, ocorrida na quarta-feira (3), alegando a “diminuição de incertezas”.  

Durante entrevista ao podcast Stock Pickers, Artur Wichmann, CIO da XP Private e ex-sócio da Verde, analisa a proposta e quais possíveis consequências trará à economia brasileira e aos investidores.

Segundo Wichmann “o arcabouço fiscal é uma condição necessária, mas não suficiente. Ou seja, quando se faz a conta com todas as hipóteses do arcabouço, ou teremos um crescimento de arrecadação brutal, em que o PIB vai disparar, ou vai faltar algo entre R$ 100 e R$ 150 bilhões para conta fechar”, explica. 

Portanto, o gestor lê que há dois pontos implícitos neste cenário: 1) o governo permitirá um aumento crescente da relação dívida/PIB. “Nesse caso, o Banco Central já nos avisou que, se a relação dívida/PIB for crescente ao longo do tempo, não terá possibilidade de baixar a taxa de juros; historicamente, quando se tem uma dívida/PIB crescente, tem prêmios de risco maiores associados a ela” ou 2) para impedir o aumento do endividamento, o governo aumentará a carga tributária.

Para justificar sua leitura em relação ao efeito das diretrizes que podem ser tomadas pelo governo, o gestor apresenta o estudo do economista Alberto Alesina, sobre todas as tentativas de ajuste fiscal entre os anos de 1970 a 2010.

“O estudo tem resultados muito claros. Quando se tenta fazer um ajuste com corte de gastos, tem-se um equilíbrio fiscal mais duradouro e com menor impacto na atividade econômica. No segundo caminho, via aumento de arrecadação, o estudo sempre indica 1) uma duração menor do ajuste, pela movimentação política de quem está sendo tributado, 2) maior impacto sobre o crescimento e 3) aumento da inflação”, explica.

Mais do mesmo 

Durante a entrevista, o gestor diz que o cenário está se desenhando como “mais do mesmo” se considerada a trajetória fiscal do Brasil. 

Porém, em um panorama macro, com eventos externos importantes e peculiares, o “mais do mesmo” teria de fato o mesmo impacto, ou poderia nos levar a uma nova crise? 

Sobre essa questão, Wichmann diz não descartar a possibilidade de crise. “Uma crise precisa estar dentro da distribuição de probabilidades e cenários”. O gestor, porém, descarta a chance do Brasil atingir um cenário similar ao da Argentina. 

“A gente sempre tenta soluções fáceis e indolores antes de partir para cirurgia correta. Mas, no final das contas, fazemos a cirurgia correta”, explica. 

Como investir nesse cenário 

Sabe-se que com a taxa de juros local e real mais altas, a priori, a Bolsa se torna menos interessante ao investidor. No entanto, na leitura de Wichmann, a Bolsa brasileira está barata em termos absolutos. 

Em sua visão, os dois principais pontos de atenção no momento são: a questão do crescimento econômico brasileiro não muito promissor e o processo de ajuste (via aumento de arrecadação), que faz com que esse crescimento não acelere daqui pra frente.

Mesmo assim, o executivo frisa que a Bolsa brasileira é sim barata, além de ser formada por grandes empresas do setor privado, sendo algumas delas são oligopólios. “Esses oligopólios ganharam dinheiro na década de 90, com ordens de magnitude mais complicadas do que hoje em temos de macroeconomia”. 

Por fim, Wichman aponta uma visão que o próprio descreve como “contraintuitiva”. “Um certo nível de bagunça macroeconômica não é tão ruim assim para bolsa”, afirma. 

“O que mata o seu lucro? Competição perfeita. O que é a bagunça macroeconômica? O novo entrante, que deslocaria os líderes, não consegue entrar, pois empreender no Brasil é tão difícil que não consegue criar inovação”, sendo assim os líderes dos oligopólios seguem sabendo se rentabilizar e gerando fluxo de caixa com retornos na bolsa.

Stock Pickers ​ 

O Stock Pickers é o maior podcast sobre ações do Brasil. O programa reúne gestores, analistas, traders e investidores em um debate sobre mercado e tudo que afeta seus movimentos. 

Já recebeu nomes como Luis Stuhlberger, sócio-fundador da renomada gestora Verde Asset e um dos maiores gestores do país; Andre Jakurski, fundador da JGP, uma das maiores e mais vencedoras casas de gestão de recursos; Leda Braga, doutora em engenharia mecânica, fundadora, acionista majoritária e CEO da Systematica Investments e mulher brasileira com a carreira mais consagrada no mercado financeiro; além de outras personalidades reconhecidas do ramo.

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