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Ata do Copom traz recado sobre meta de inflação ao CMN e tem leitura mais ‘dovish’, diz gestor

Às vésperas da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que se reúne na quinta-feira (29), a ata do Comitê de Política Monetária deu um recado ao vincular o encontro com o início do processo de flexibilização da política monetária, mas em um “sentido mais saudável”. A avaliação é do economista-chefe da BlueLine, Fábio Akira.

“A ata ter feito uma vinculação da reunião do CMN com a flexibilização da política monetária tem mais a ver com o fato de que o debate caminhou para algo mais saudável”, observou o economista em entrevista ao InfoMoney, logo após a divulgação do documento pelo Copom.

No relatório, o Comitê destacou que as expectativas de inflação apresentaram um recuo nas últimas semanas, ao mesmo tempo em que reforçou que elas permanecem desancoradas – atribuindo parte do problema ao questionamento sobre uma possível alteração das metas de inflação.

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“O Comitê avalia que decisões que reancorem as expectativas podem levar a uma desinflação mais célere. As projeções de inflação do Copom se reduziram, especialmente, no horizonte relevante, em boa medida como função da redução das expectativas de inflação”, afirmou o colegiado.

Após um início de ano turbulento, com rumores de alteração nas metas de inflação para os próximos anos, Akira acredita que o tema perdeu força com a apresentação de pesquisas empíricas por acadêmicos e pelo próprio Ministério da Fazenda, indicando que metas de inflação em torno de 3% não são muito diferentes das existentes em outros países.

Segundo o economista, o grande debate sobre a reunião desta quinta-feira vai incidir sobre o período de verificação. Atualmente, a meta é definida seguindo o ano calendário, ou seja, é fixada para o período de janeiro a dezembro de cada ano.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no entanto, tem defendido uma mudança nos parâmetros adotados para que a meta de inflação seja contínua – sem ligação rígida com o calendário.

Para Akira, o CMN deve manter confirmar a meta de inflação para 2026 em 3%. Atualmente, as metas são de 3,25% para este ano e 3% para 2024 e 2025 – sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto, para mais ou para menos.

Copom dividido

Além da menção sobre o encontro do CMN nesta semana, a grande novidade da ata foi a divergência entre os membros do Comitê. No documento, os dirigentes mostraram que a maior parte do colegiado avaliou que a continuação do processo desinflacionário em curso poderia trazer a “confiança necessária” para iniciar um “processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”.

Já outra parcela dos dirigentes defendeu que era preciso cautela – ao reforçar que a dinâmica desinflacionária ainda reflete o recuo de componentes mais voláteis e que a incerteza sobre o hiato do produto gera dúvida sobre o impacto do aperto monetário feito até aqui.

Apesar da divergência ter ficado mais explícita só agora, o economista da BlueLine pondera que ela já havia aparecido em entrevistas anteriores ao Copom. Semanas antes, declarações feitas pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mostraram uma leitura mais benigna sobre o processo inflacionário, enquanto falas do diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do BC, Renato Dias Gomes, indicavam cautela sobre o início da flexibilização monetária.

Akira lembra que um dos pontos que mais frustraram o mercado após o comunicado da última quarta-feira (21) foi a falta de sinalização de cortes, o que ficou mais evidente agora na ata. Para ele, isso só reforça a postura adotada pelo Copom em suas últimas comunicações.

“A ideia é de que ele vai colocar no comunicado só aquilo que é consensual e deixar a ata para explicar as divergências e se aprofundar em certas nuances”, diz. “A leitura de hoje veio mais dovish [menos inclinada ao aperto monetário] por explicitar essas divergências”.

Para o economista, a introdução do conceito de “parcimônia” no último comunicado já indicava uma orientação para o início de uma política monetária de flexibilização. “Ele [Copom] não vai ter cautela e parcimônia para manter algo, mas, sim, para baixar”, defende.

Na visão do especialista, o Banco Central deve iniciar um ciclo de cortes gradual, a partir da reunião de agosto, com um corte de 0,25 ponto percentual. Para o fim do ano, a expectativa da casa é que a Selic termine em 12% e a inflação, um pouco acima de 5%.

Desinflação

Ao olhar para os números divulgados nesta terça-feira (27) para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15), o economista avalia que os dados vieram em linha com o que trouxe a ata do Copom ao mostrar que boa parte da desinflação vem de alimentação.

No documento apresentado hoje pelo Banco Central, a autoridade monetária destacou que “a inflação ao consumidor se reduziu no período recente, com destaque para as dinâmicas em bens industriais e alimentos”.

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Segundo dados divulgados nesta manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA-15 mostrou nova desaceleração, com uma variação de 0,04% em junho. O dado divulgado hoje ficou um pouco acima da estimativa dos analistas do mercado financeiro: o consenso Refinitiv apontava para inflação de 0,01% no mês.

De acordo com os números, houve deflação no grupo alimentação e bebidas (-0,51%). A alimentação no domicílio registrou queda (passando de 1,02% em maio para -0,81% em junho), enquanto a alimentação fora de casa registrou desaceleração nos preços (de 0,73% para 0,29%).

Na avaliação do economista, a leitura do número de hoje do IPCA-15 é benigna, ainda que o dado tenha vindo um pouco acima do esperado. Segundo ele, a surpresa é porque vários fatores baixistas foram incorporados pelo mercado após o IPCA cheio de maio.

Desempenho do multimercado

De olho na melhora dos dados de inflação e da proximidade do processo de flexibilização monetária, a casa foi uma das que conseguiram obter um bom desempenho no fundo multimercado Blue Alpha Feeder B FIC FIM no mês de maio e no acumulado de junho.

O segredo do posicionamento, como explica Akira, foi uma alocação comprada (que aposta na alta) em dólar contra moedas de países desenvolvidos e uma exposição nos vértices mais curtos de juros nos Estados Unidos e na Europa.

“Nossa visão era que a previsão de corte de juros nos países desenvolvidos estava exagerada”, diz. Ao mesmo tempo, a casa obteve bons retornos com uma posição aplicada (que se beneficia do recuo) em juros no Brasil.

No mês anterior, o Blue Alpha avançou 2,51%, contra 1,12% do CDI. Já no acumulado ano até maio, o fundo está com desempenho abaixo do índice de referência da classe, com ganhos de 3,24%, percentual inferior aos 5,37% do CDI no período.

O desempenho mais fraco ao longo deste ano não é exclusivo da gestora e afeta também uma parcela da indústria. Do começo do ano até o dia 23 de junho, o retorno médio dos multimercados de gestão ativa no Brasil, medido pelo Índice de Hedge Funds Anbima (IHFA), está em 4,06%, ou seja, abaixo dos 6,23% registrados pelo CDI no mesmo período.

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