A jovem de 22 anos Julia Wandelt afirma que se arrepende de ter divulgado nas redes sociais que ela seria Madeleine McCann, a famosa criança britânica desaparecida há 16 anos na Praia da Luz, em Portugal.
“Nunca quis machucar ninguém – incluindo os McCanns. Eu realmente queria saber quem eu sou”, disse Julia em entrevista à BBC divulgada nesta quarta (31), acrescentando que, se pudesse voltar no tempo, não teria postado nada.
“Eu nunca teria ido às redes sociais. Elas podem te destruir”, completou.
Essa história começou em fevereiro do ano passado, quando viralizou o perfil do Instagram @iammadeleinemccan (“Eu sou Madeleine McCann”, em tradução literal). A página foi excluída e não está disponível atualmente.
A jovem por trás das postagens era Julia (que também já foi identificada anteriormente com o sobrenome Faustyna), e sua iniciativa serviu de combustível para as teorias conspiratórias relacionadas a um dos casos de desaparecimento de maior repercussão da história.
Na descrição do perfil, ela dizia que não tinha memórias de sua infância, suspeitava ser Maddie, precisava fazer um teste de DNA, e que investigadores policiais do Reino Unido e da Polônia a ignoraram. Ela também postou uma série de fotos tentando traçar paralelos entre seu rosto e a menina desaparecida.
Ainda no final de fevereiro do ano passado, diante da repercussão de suas publicações, a Polícia da Polônia se pronunciou e descartou a possibilidade dela ser Madeleine McCann.
O porta-voz da Polícia de Wrocław, Paweł Noga, disse para o portal Gazeta.PL que as investigações do caso, que seguem em andamento, já possuem evidências para descartar que a versão da jovem é verdadeira.
“A atuação dos policiais do Quartel Provincial da Polícia contraria a versão apresentada por esta senhora. As atividades estão em andamento, mas já se pode descartar que esta versão seja verdadeira”, disse Paweł.
A família de Julia também se manifestou através de uma nota, dizendo que ela sempre fez parte da família deles, e que existem fotos e memórias que comprovem.
A família afirmou também que a mulher “mente e manipula”, e que não toma regularmente medicamentos prescritos por psiquiatras.
Relembre o caso McCann
Madeleine está desaparecida desde 3 maio de 2007, quando sumiu de um apartamento em um resort no Algarve, Portugal, onde dormia com os irmãos enquanto os pais jantavam a poucos metros. Ela estava prestes a completar 4 anos.
O caso teve grande repercussão mundial, principalmente devido à enorme campanha publicitária realizada pelos pais da menina para tentar descobrir o seu paradeiro.
Cerca de 600 pessoas foram investigadas e quatro foram consideradas suspeitas, mas absolvidas depois.
Em setembro de 2007, a polícia portuguesa classificou Kate e Gerry McCann, pais de Madeleine, como suspeitos do desaparecimento da filha, depois que DNA foi encontrado em um carro que a família alugou 25 dias após relatar o desaparecimento.
Eles negaram todas as acusações e, posteriormente, o caso contra eles foi encerrado.
Um dos marcos da investigação ocorreu em junho de 2020, quando as autoridades britânicas e alemãs anunciaram que haviam identificado Christian Brueckner, um alemão de 43 anos à época como suspeito no caso. Ele era um traficante de drogas condenado e molestador de crianças.
Mas Brueckner ainda não foi acusado de nenhum crime relacionado ao desaparecimento. Ele está atrás das grades na Alemanha por estuprar uma mulher na mesma região do Algarve onde Madeleine desapareceu.
Mais recentemente, em 4 de maio de 2022, Hans Christian Wolters, promotor alemão que investiga o caso desde 2020, disse que os detetives acreditam ter encontrado “alguns fatos e novas evidências”, acrescentando: “Temos certeza de que ele [Brueckner] é o assassino de Madeleine McCann”.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Jovem que alegava ser Madeleine McCann diz que se arrepende: “Nunca quis machucar ninguém” no site CNN Brasil.
