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De fábula infantil a provérbio bíblico: as histórias sobre formigas que estocam comida no verão


Segundo pesquisadores, insetos podem armazenar alimentos como sementes, cupins e secreções açucaradas para consumo durante estações mais frias. As formigas do gênero Pogonomyrmex estocam sementes. Essa foi fotografada em Brasília
jbio
Com o fim do verão no Hemisfério Sul e a chegada de dias com temperaturas mais amenas, as formigas passam a estocar alimentos? O suposto comportamento dos insetos é citado na Bíblia, assim como em fábulas infantis como a da formiga e a cigarra.
Segundo o professor do Instituto de Biologia da Unicamp Paulo Oliveira, especialista em artrópodes, as formigas podem guardar comida durante o período mais quente e chuvoso.
No entanto, vale lembrar que essa estratégia ocorre em menor escala no Brasil, já que faz calor praticamente o ano todo por aqui e isso facilita a coleta de alimento.
“As formigas podem, por exemplo, deter secreções açucaradas das plantas, chamadas de néctar extrafloral. Elas sobem na planta, coletam essas gotinhas de açúcar e armazenam no abdômen, que fica grande e inchado. Quando voltam ao formigueiro, regurgitam esse alimento para as companheiras e as irmãs”, explica.
Formiga repleta fotografada em Uberlândia, MG
Braziliannaturalist
Elas são chamadas de repletas e funcionam como uma dispensa viva que pode ser utilizada principalmente durante períodos de escassez. Várias espécies do gênero Camponotus possuem esse comportamento e ocorrem no Brasil.
Outro exemplo de formigas que armazenam comida são as predadoras de semente, do gênero Pogonomyrmex. Elas coletam essas sementes e levam para os formigueiros. Vale ressaltar que, em todos os casos, sempre são as operárias as responsáveis pela coleta do sustento da colônia.
“Há também as que comem cupim, como a formiga Pachycondyla marginata. Essa formiga vive na mata atlântica e é migratória. À medida que descobre um cupinzeiro, invade e coleta milhares de cupins para armazenar no formigueiro”, diz o pesquisador.
Formiga da espécie ‘Pachycondyla marginataque’ que ocorre na Mata Atlântica e come e armazena cupins
April Nobile
A especialista em formigas e pós-doutoranda da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, Livia Pires do Prado cita também o comportamento interessante das formigas saúvas (Atta sexdens), também conhecidas como formigas cortadeiras, que podem ser encontrada em todos os estados brasileiros.
“Pesquisadores detectaram que essas formigas são capazes de prever condições climáticas adversas e, ao perceberem, por exemplo, sinais de chuva e ventos fortes, executam o corte e transporte das folhas de forma muito rápida, possibilitando coletar e armazenar uma maior quantidade possível no ninho”, esclarece.
No caso das saúvas, as folhas coletadas não servem para a alimentação, mas sim para cultivar um fungo no formigueiro do qual elas se alimentam.
Mandíbula de formiga saúva vista de perto
Jefferson Allan/Acervo Pessoal
Segundo Livia, em condições de temperaturas extremas, algumas espécies de formigas também adotam outras estratégias de sobrevivência, como a redução das atividades para economizar energia, diminuindo assim o consumo de alimentos.
“Algumas espécies também procuram abrigo em locais mais protegidos, movendo seus ninhos para locais mais profundos no solo. Outras, possuem adaptações morfológicas para suportar temperaturas extremas”, finaliza a pesquisadora.
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