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Acidente aéreo no Acre: Adolescente indígena que viajou junto com as malas recebe alta após 1 semana


Deonicilia Kaxinawá, de 15 anos, ficou internada no hospital de Manoel Urbano, local onde o avião caiu no dia 18 de março. Ela teve queimaduras nos braços e pernas e agora segue em recuperação na casa da tia, que mora no município do interior, antes de ir para Santa Rosa do Purus, cidade onde mora. Deonicília Kaxinawá, de 15 anos, é uma das sobreviventes do acidente aéreo de Manoel Urbano e recebeu alta nesta segunda-feira (25)
Arquivo pessoal
Uma semana após a queda do avião em Manoel Urbano, interior do Acre, no dia 18 de março, a adolescente Deonicilia Salomão Kalisto Kaxinawá, de 15 anos, recebeu alta médica do hospital da cidade onde ocorreu o acidente. Ela é uma das passageiras que se feriu com menos gravidade.
👉 Contexto: Sete pessoas estavam a bordo da aeronave, incluindo o piloto, sendo quatro homens e três mulheres, que estavam seguindo para a cidade de Santa Rosa do Purus, distante 150 km do município de onde decolaram. Sidney Estuardo Hoyle Vega, comerciante de nacionalidade peruana, morreu no acidente, no final da manhã de segunda, e outras seis pessoas ficaram feridas.
Ao g1, a tia da adolescente, Maria do Carmo Kalisto, disse que Deonicília vai ficar na casa dela por mais uma semana para total recuperação antes de ir para o município isolado. “Depois eu vou levar ela de barco para Santa Rosa do Purus”, complementou.
A tia acompanhou a internação da sobrinha. Segundo ela, o trauma fez com que Deonicília não quisesse mais retornar de avião à cidade onde mora.
“Não vou deixar ela ir de avião não porque ela disse que nunca mais vai andar de avião. Era a primeira vez que ela estava indo [de avião], estava com medo e pediu pra mim que nunca mais ia para um avião”, complementou.
Esse depoimento foi narrado pela tia em uma reportagem exclusiva do g1. Durante a conversa, ela disse que a família quer de volta os R$ 620 investidos na passagem aérea para custear o combustível da viagem de barco até o município isolado.
Deonicília Kaxinawá está internada no hospital de Manoel Urbano e aguarda alta médica; ela disse que não irá voltar de avião para Manoel Urbano
Reprodução/Autorizada pela família
A menina relatou à tia que ouviu o piloto pedindo, momentos antes da aeronave cair, para que uma pessoa fosse para a frente do veículo. Depois disto, acordou apenas no hospital, desorientada e sem saber o que tinha acontecido. Antes da queda, ela estava sentada em um banco improvisado no compartimento das bagagens, sem cinto de segurança.
“Ela viu o piloto chamando uma pessoa: ‘vem pra cá uma pessoa, vem pra cá’. Aí ela pensou: ‘será que eu vou cair hoje?’ e deu um grito. Quando ela deu um grito, o avião virou e vinha rodando, de cabeça pra baixo. Ela só sentiu quando o avião caiu, se ‘emborcou’ e já estava pegando fogo. O peão homem [que ajudou no resgate das vítimas] abriu a porta, quando passou ele foi atrás e caiu dentro da lama, aí quando ia dentro da lama, o homem puxou e jogou ela no chão”, disse.
Primeira viagem de avião
O g1 também conversou com o pai da adolescente, Pedro Kaxinawá, que está em Santa Rosa do Purus, cidade para onde a Deonicilia voltaria após passar um mês de férias com parentes em Manoel Urbano. O indígena contou que essa foi a primeira vez que a filha viajava de avião e confirmou que não havia assentos na aeronave para ela.
“Minha filha me contou que só sentiu quando o avião subiu e quando percebeu já estava no chão. Minha filha não tinha cadeira pra sentar, ela não queria vir nesse voo, o piloto chamou ela, disse que podia entrar. Entrou no apertado, não tinha onde minha filha sentar. Ela sentou embaixo, no apertado, não tinha espaço”, relatou o indígena.
O avião Cessna Skylane 182 tinha capacidade para transportar, no máximo, quatro pessoas. Entretanto, seis passageiros e o piloto estavam dentro da aeronave no momento da queda. Além disso, a aeronave não tinha autorização para atuar como táxi aéreo.
Deonicília Kaxinawá foi resgatada por populares após avião cair em Manoel Urbano na segunda-feira (18)
Reprodução
A tia narrou a aflição que passou até encontrar a menina, que já estava no hospital do município em observação. Maria do Carmo então foi em casa, pegou alguns pares de roupa e ajudou a dar banho em Deonicília, quando a visita foi liberada pela equipe da unidade. Agora, aguardam a alta médica.
“Dei banho dela e ela me perguntou: ‘tia nós estamos aonde?’, aí eu falei pra ela que estamos no hospital, ela perguntou o porquê e eu disse que ela tinha pegado um acidente de avião, estava toda melada de lama e eu estava dando banho nela”, complementou.
Adolescente Deonicilia Kaxinawá ficou internada no hospital de Manoel Urbano tratando ferimentos
Arquivo pessoal
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Sem permissão para táxi aéreo
O avião Cessna Skylane 182 que caiu após decolar de Manoel Urbano tinha capacidade para transportar no máximo quatro pessoas. Entretanto, seis passageiros e o piloto estavam dentro da aeronave no momento da queda. Além disso, o veículo, que seguia rumo a Santa Rosa do Purus, não tinha autorização para atuar como táxi aéreo.
O Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aponta que o avião registrado como ‘PTJUN’ tinha registro para serviço aéreo privado, mas não poderia ser utilizado como táxi aéreo já que estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) vencido desde o dia 1º de junho de 2019.
Avião de pequeno porte caiu em Manoel Urbano
O serviço de táxi aéreo consiste em transportar passageiros a curta distância, como é o caso destas viagens intermunicipais. Na ocasião, cada passageiro paga uma quantia pela passagem e, quando alcançar a quantidade máxima de pessoas na lotação, o voo sai rumo ao destino final. Como Santa Rosa do Purus é um dos municípios isolados do estado, os meios de acesso são apenas por barco ou avião.
O g1 questionou o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) se irão investigar as causas do acidente. Em nota, o órgão disse que os investigadores do Sétimo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa VII), órgão regional do Cenipa, foram acionados para realizar a ‘Ação Inicial da ocorrência’ envolvendo a aeronave.
Avião caiu em Manoel Urbano
Arte g1
“Na Ação Inicial, são utilizadas técnicas específicas, conduzidas por pessoal qualificado e credenciado que realiza a coleta e a confirmação de dados, a preservação dos elementos da investigação, a verificação inicial de danos causados à aeronave, ou pela aeronave, e o levantamento de outras informações necessárias à investigação. A conclusão da investigação terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade da ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes”, complementou a nota.
De acordo com o governo do Acre, o avião caiu logo após a decolagem, a 1 quilômetro da cabeceira da pista de Manoel Urbano, e estava a caminho de Santa Rosa do Purus, distante 150 km do município onde ocorreu o acidente.
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