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Excesso de confiança é um dos maiores problemas do investidor

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Um dos grandes problemas que enfrentamos é o viés de recência, ou seja, aprendemos demais com a experiência mais recente

Ao longo da história, os seres humanos sempre investiram pensando no futuro. Desde o homem das cavernas que armazenava alimentos durante o inverno, até o trabalhador de escritório do século XXI provendo recursos para sua aposentadoria, os investidores compartilharam os mesmos objetivos e emoções, as mesmas esperanças e medos.

No geral, os erros cometidos sempre foram bem similares, assim como os êxitos obtidos e as eventuais quedas experimentadas, tudo teve um padrão. Então, o que podemos aprender com essa fonte quase inesgotável de experiência humana?

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O desafio do aprendizado do investidor

Um dos grandes problemas que enfrentamos é o viés de recência, ou seja, aprendemos demais com a experiência mais recente, e tendemos a tomar decisões com base exclusivamente nelas.

Assim, no final dos anos 1990, as pessoas sabiam que as ações sempre subiriam. No final dos anos 2000, sabiam que as ações oscilavam muito e talvez não fossem uma boa ideia. Essa percepção é um recorte fragmentado com base exclusivamente no que aconteceu na década anterior, e precisa ser vencido a partir da ampliação da perspectiva quanto
à leitura de mercado.

A evolução dos mercados financeiros

Os mercados como os conhecemos hoje tiveram suas origens na Europa medieval. No Século XII os bancos franceses já tinham corretores para gerenciar dívidas agrícolas, e na Veneza do Século XIV, banqueiros começaram a negociar títulos governamentais. No Século XV, commodities já eram negociadas em Antuérpia, Gante e Roterdã.

Em 1602, a Companhia Holandesa das Índias Orientais fundou a primeira bolsa de valores, em Amsterdã. O comércio se desenvolveu exponencialmente em toda a Europa nas décadas seguintes. Como não poderia deixar de ser, com a prosperidade veio a ganância e o anseio de fazer cada vez mais dinheiro e com maior velocidade.

A primeira bolha de mercado

O primeiro grande choque nesse primitivo sistema financeiro foi causado pela crise causada por uma bolha que ficou conhecida como Tulip Mania.

Vale a pena fazer uma busca na internet e conhecer a história na íntegra, mas, de forma bem resumida, no século XVII, a popularidade das tulipas aumentou muito na Holanda, e esta tornou-se uma espécie de artigo de luxo, muito cobiçada por pessoas de altas classes sociais.

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Em suma, tornou-se símbolo de status e com isso seus preços dispararam e muitas pessoas passaram a especular no mercado futuro, com o comércio de bulbos recém plantados ou ainda por plantar.

A euforia durou entre 1635 e 1637, quando então, os comerciantes começaram a vender seus bulbos, que já não tinham a mesma procura. Com isso, presumiu-se que as demandas por tulipas não permaneceriam altas e isso fez com que os investidores começassem a vender suas posições no ativo, e o preço despencou, arruinando as economias de centenas de investidores.

Aprendendo a partir da observação dos mercados

A história da Mania das Tulipas nos mostra que há um padrão nas bolhas especulativas que é atemporal e totalmente ditado pela psicologia do investidor, e não necessariamente por uma lógica objetiva.

Isso nos serve também como um lembrete de que, embora os mercados possam atingir altas expressivas, eles também podem cair com igual velocidade e, na prática, a questão não é se vão cair, mas sim quando acontecerá.

A lição principal de um evento histórico como este é quanto à natureza cíclica das economias e a importância de estarmos cientes da dinâmica do mercado. A mensagem implícita é sobre resiliência: apesar dos inevitáveis ​​declínios, a trajetória do mercado ao longo do tempo tem sido de crescimento e recuperação.

Essa perspectiva incentiva uma visão equilibrada do investimento, onde o foco é em tendências de longo prazo em vez de perturbações de curto prazo.

Confiança excessiva e o comportamento do investidor

Um dos desafios que temos enquanto investidores, é de superar a confiança. A literatura sobre psicologia mostra que todos nós temos essa característica comportamental persistente e, se não for dosada, pode nos colocar em riscos excessivos.

Quando se trata de risco, muitas vezes somos excessivamente otimistas e acreditamos estarmos dispostos a assumir mais riscos do que realmente estamos. Então, talvez seja uma boa ideia revisar seus comportamentos passados e ver não apenas as coisas boas que aconteceram e os ganhos, mas lembrar-se também das perdas.

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Além disso, os humanos também são animais muito sociais e gostamos de fazer o que os outros estão fazendo. Quando vemos pessoas ganhando dinheiro, queremos participar também, e nem sempre adotamos critérios lógicos que justifiquem seguir a manada. E isso, no final das contas, é o que torna os mercados instáveis.

Ser realista vai te levar mais longe

Sempre ouvimos falar de investidores que fizeram fortunas impressionantes, assim como também lemos na mídia, frequentemente, que se comprarmos este ou aquele ativo ou produto de investimento, teremos um grande sucesso. Até mesmo alguns influenciadores de internet passam a impressão de que ganhar dinheiro com investimentos é super rápido e fácil.

O que preciso te dizer quanto a isso é que investir é simples, mas não é fácil, e que retornos consistentes acontecem sim, mas dentro de um processo construído no longo prazo.

Sendo assim, observar a história, identificar padrões e aprender sobre o comportamento humano são coisas que vão te ajudar muito a se tornar um investidor de sucesso, especialmente se você nunca perder de vista uma característica fundamental a quem deseja êxito nos investimentos: ser realista.

Eduardo Mira é formado em telecomunicações, com pós-graduação em pedagogia empresarial e MBA em gestão de investimento. É analista CNPI, certificado CPA10 e CPA20, ex-gerente do Banco do Brasil e da corretora Modal.

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.

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