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Maduro publica lei para incorporar pedaço da Guiana à Venezuela; país ameaçado diz que não vai aceitar uma ocupação


Região de Essequibo corresponde a 70% de todo o território da Guiana. No mar, foi descoberta há alguns anos uma reserva de 11 bilhões de barris de petróleo. Em terra, há muita mineração e propriedades agrícolas. Maduro publica lei para incorporar pedaço da Guiana à Venezuela; país vizinho diz que não vai aceitar uma ocupação
Jornal Nacional/ Reprodução
O presidente Nicolás Maduro publicou uma lei que incorpora ao território venezuelano uma parte imensa da Guiana. O governo do país ameaçado declarou que não vai aceitar uma ocupação.
Os aliados aplaudiram Nicolás Maduro na assinatura do documento. Um papel que só é reconhecido por eles mesmos, mas que pretende criar uma área controlada pela Venezuela dentro da Guiana. De acordo com Maduro, é o resultado do referendo feito em dezembro de 2023, em que apenas venezuelanos foram às urnas e decidiram que a região de Essequibo faz parte do território venezuelano.
Mas o Jornal Nacional foi à região contestada logo depois dessa votação, e a maior parte da população que mora por lá não tem dúvida de que Essequibo faz parte da Guiana. Por lá, praticamente todos falavam inglês, que é a língua oficial do país. Os únicos que a equipe do JN encontrou falando espanhol foram indígenas nômades, que saíram da Venezuela.
A região de Essequibo corresponde a 70% de todo o território da Guiana
Jornal Nacional/ Reprodução
É o Rio Essequibo que delimita a região. Ela corresponde a 70% de todo o território da Guiana. No mar, foi descoberta há anos uma reserva de 11 bilhões de barris de petróleo. Em terra, há muita mineração e também propriedades agrícolas. A maior parte é de mata fechada – onde moram povos indígenas. Eles contaram ao Jornal Nacional que não têm o mínimo interesse em serem anexados pela Venezuela porque sabem como o país passa por dificuldades.
A disputa por Essequibo é antiga, vem desde a colonização do nosso continente. O último acordo sobre a região é de 1966. O Reino Unido, que ainda controlava o território da Guiana, e a Venezuela assinaram um tratado reconhecendo a existência de uma controvérsia pendente, mas que deveria ser resolvida em um tribunal internacional.
A questão está sendo julgada pela Corte Internacional de Justiça, em Haia, na Holanda. Só que a Venezuela não reconhece as decisões da Corte, que é o principal tribunal das Nações Unidas.
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Em dezembro de 2023, o governo Lula se ofereceu como mediador da crise atual. E os presidentes da Guiana e Venezuela se encontraram no Caribe, em São Vicente e Granadinas. O Brasil enviou o assessor de Lula para Assuntos Internacionais, Celso Amorim. Ali, os dois presidentes concordaram em não escalar o conflito e não usar a força.
Nesta quinta-feira (4), o presidente da Guiana, Irfaan Ali, acusou a Nicolás Maduro de tentar anexar dois terços do país. Disse que isso viola o direito internacional e vai contra o compromisso firmado lá atrás, em dezembro. Disse ainda que as palavras e ações de Nicolás Maduro colocam em risco coexistência pacífica entre os países da América Latina.
Também nesta quinta-feira, Celso Amorim avaliou que a promulgação da lei é simbólica e não vai evoluir para algo mais grave. Amorim defendeu a importância de se respeitar o compromisso acordado anteriormente, que segundo ele, não favorece ações unilaterais.
Na cerimônia para promulgar o documento, Maduro afirmou ainda que os Estados Unidos espalharam bases militares escondidas na mata de Essequibo. A correspondente Raquel Krähenbühl perguntou sobre isso ao Conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby. Ele disse que não há planos para construir uma base militar e que espera que a Venezuela e a Guiana respeitem a Corte Internacional – que ainda não bateu o martelo sobre a disputa.
Estados Unidos e Guiana fizeram exercícios militares conjuntos nos últimos meses.
Em dezembro, o presidente da Guiana disse ao Jornal Nacional que apesar de ter um Exército de apenas 3 mil soldados contra 123 mil da Venezuela, ele espera cooperação internacional se necessário.
A líder das nove nações indígenas que vivem em Essequibo acredita que a investida de Maduro é por causa das eleições presidenciais na Venezuela em julho, uma forma de tirar atenção dos problemas internos, como a crise econômica, e se manter no poder.
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