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Quem foi Frederico Hoehne? Conheça o juiz-forano referência nos estudos de orquídeas

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Frederico Carlos Hoehne nasceu em Juiz de Fora em 1882 e se tornou um dos maiores botânicos do país (Foto: Reprodução/Redes sociais)

A paixão por orquídeas transformou a vida de Frederico Carlos Hoehne. Natural de Juiz de Fora, nasceu em 1882, filho de um casal de imigrantes da Alemanha, e ainda na infância começou a se interessar por essas plantas por incentivo de seu pai, que cultivava e comercializava orquídeas na região. Mais tarde, ele se tornou referência nos estudos da flora brasileira, com centenas de novas espécies catalogadas, e foi responsável pelo projeto do Jardim Botânico de São Paulo. Em homenagem ao Dia Nacional da Botânica, celebrado na última quarta-feira (17), a Tribuna conta a história de um dos maiores botânicos do Brasil. 

No seu aniversário de 8 anos, Hoehne ganhou do pai um exemplar de Laelia crispa (hoje, Cattleya crispa) e assim deu início a sua coleção de plantas. Aos 25 anos, sugeriu a criação de um orquidário no Parque Halfeld. Apesar de o projeto não ter ido para frente, por causa da iniciativa, o jovem foi indicado ao cargo de jardineiro chefe no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Ao longo da sua trajetória, participou de diversas exposições e coletou mais de 10 mil amostras de plantas, incluindo espécies não descritas. Além de idealizar o Jardim Botânico de São Paulo, o cientista também fundou o Instituto de Botânica, um dos mais importantes do mundo

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Hoehne realizou mais de 600 publicações, entre artigos, livros científicos e de divulgação científica, e atuou como grande incentivador da ciência cidadã, levando à sociedade temas que ficavam restritos a pesquisadores. Além de ter sido um dos principais especialistas em orquídeas do país, também foi pioneiro na conservação ambiental, destacando a importância de plantar árvores nativas em centros urbanos, preservar florestas e outros ambientes naturais do Brasil e realizar a educação ambiental. 

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Além do seu importante papel como orquidólogo, Hoehne foi pioneiro na conservação ambiental. (Acervo Instituto de Botânica)

O professor do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Luiz Menini comenta que Hoehne desempenhou o papel de incansável defensor da conservação em um momento em que esse tema não era objeto de preocupação e discussão, como acontece atualmente. “Ele ressaltou em várias publicações a necessidade de se proteger a flora nativa, inclusive como um importante fator na constituição da identidade nacional brasileira, embora também fosse um defensor da exploração consciente e sustentável dos recursos naturais.” 

Mais de 40 espécies de orquídeas foram encontradas por Hoehne em JF

De acordo com o professor, o orquidólogo descreveu dezenas de novas espécies de orquídeas na primeira metade do século XX, colaborando consideravelmente para o conhecimento sobre essa que é uma das maiores famílias botânicas. Em relação a sua cidade natal, Hoehne fez registros de poucas espécies de orquídeas. De acordo com Menini, foram registradas em duas coleções científicas (herbário do Museu Nacional do Rio de Janeiro e Instituto de Botânica de São Paulo) apenas 16 espécies de orquídeas em Juiz de Fora, entre os anos de 1910 e 1917. No entanto, na sua obra “Iconografia de orchidaceas do Brasil”, publicada em 1949, são indicadas pelo menos 42 espécies encontradas por ele na cidade, entre os anos de 1895 e 1946

A maioria das plantas foram encontradas durante sua juventude, quando andava pelas florestas da “Princesa de Minas”. Os principais locais explorados foram o Morro do Imperador, os arredores do sítio onde nasceu e as margens do Rio Paraibuna. Vale ressaltar que todas já haviam sido descritas e nenhuma espécie nova foi encontrada na região. Naquela época, final do século XIX e início do século XX, a vegetação já estava sendo modificada, por estradas, ferrovias e fazendas de café, mas essas citadas acima eram bem conservadas na maior parte. O orquidólogo chegou a afirmar que teve nesse local “oportunidades sem conta de observar os fenômenos da natureza”. 

Orquidário do Jardim Botânico da UFJF homenageia Hoehne

Apesar de tamanha relevância, os feitos de Hoehne são pouco conhecidos na sua terra natal. Para o professor, esse desconhecimento de uma parte da população pode ser explicado pelo fato de ele ter saído ainda muito jovem da cidade em busca de oportunidade de trabalho em outros estados. “Além disso, o fato de Juiz de Fora só ter sua universidade federal estabelecida na década de 1960 e o curso de ciências biológicas ter sido criado há pouco mais de 50 anos também podem ter diminuído o contato do meio científico juiz-forano com um dos seus mais ilustres filhos.” 

Mas os esforços dos cientistas são para que essa realidade mude. Recentemente, o Jardim Botânico da UFJF inaugurou um Orquidário que, em homenagem, recebeu o nome do botânico. Segundo Menini, que também é vice-diretor do Jardim Botânico e responsável pelo projeto, a homenagem também é uma oportunidade de a população conhecer um pouco da história de Hoehne e de sua importância para a botânica, além de poder inspirar novos estudantes e futuros cientistas. As orquídeas estão espalhadas por diversos cantos do Jardim Botânico da UFJF. Atualmente, o espaço reúne cerca de 170 espécies de orquídeas e, dessas, duas foram encontradas por Hoehne, a Epidendrum pseudodifforme e a Prosthechea allemanoides

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a Prosthechea allemanoides também foi encontrada pelo botânico e pode ser vista no Jardim Botânico da UFJF. (Luiz Menini)

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“Sem dúvida, conhecer a vida e o trabalho de Frederico Carlos Hoehne deve representar um grande incentivo para as novas gerações de cientistas. Hoehne perseverou no início de sua vida e carreira apesar de todas as adversidades pelas quais passou, foi um autodidata e se destacou no meio científico ao longo de um período em que o acesso à informação era muito mais difícil que nos dias de hoje. Apesar de tudo, se tornou um dos maiores orquidólogos brasileiros, tendo contribuído de forma fundamental para a criação do Instituto de Botânica de São Paulo, do Jardim Botânico de São Paulo e do Orquidário do Estado, sendo inspiração para diversos botânicos desde então”, destaca o biólogo Luiz Menini. 

Além disso, o professor também acredita que o fato de um pesquisador como Hoehne, de tamanha relevância para o país, ter nascido na cidade pode ter incentivado, de certo modo, outros estudos de orquídeas na região. “O Círculo Orquidófilo de Juiz de Fora, embora não seja um órgão científico, tem Frederico Carlos Hoehne como patrono e tem sua história e carreira como incentivos para o cultivo e conhecimento das orquídeas”, ele cita. 

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