Operações policiais demoradas levam a julgamentos que parecem não ter fim e, assim, a população no Brasil segue com o sentimento de impunidade e desamparo pela Justiça brasileira. O judiciário, no entanto, é rápido e eficaz para solucionar alguns crimes. Muitos roubos, homicídios e estelionatos são desvendados em horas ou dias, a depender de quem foi a vítima. Desde o início do delito, o flagrante parece ser buscado com mais intensidade quando o denunciante tem dinheiro a oferecer.
A vereadora Marielle Franco e o jornalista Valério Luiz, por exemplo, foram assassinados, mas por que a demora em achar os mandantes? Após a descoberta dos assassinos, por que a demora no julgamento? Após o julgamento, por que muitos ainda seguem em liberdade? Independente das instâncias, os julgamentos parecem durar uma eternidade quando as vítimas não têm dinheiro para pagar um bom advogado ou comprar alguém no júri.
Em mais um caso de desigualdade de pesos e medidas, Fernando Sastre de Andrade Filho foi acolhido com muita paciência e compreensão pela Polícia Militar de São Paulo após matar uma pessoa em um acidente de trânsito. Depois da investigação desastrosa das forças de segurança, o caso deve ser analisado pela justiça. Se fosse Fernando a vítima e Ornaldo da Silva Viana o assassino, talvez o dinheiro -que move a tudo e a todos- resolveria o crime em pouquíssimo tempo.
Mais uma vez, a série “Justiça”, lançada ainda este mês, chega como um soco no estômago dos telespectadores e como um tapa na cara do Judiciário. A trama, em sua segunda edição, aborda de forma incisiva as falhas do sistema judicial, expondo sua incapacidade de proporcionar uma justiça imparcial e as consequências devastadoras na vida dos envolvidos.
Justiça retrata as desigualdades sociais e econômicas, que influenciam diretamente as trajetórias dos personagens e lança luz sobre questões mais amplas de injustiça estrutural. A série nos confronta com a realidade inquietante de um sistema que, ao invés de promover igualdade e oportunidade, perpetua desigualdades e exploração.
A história dos personagens nos arranca indignação, revolta e choro, mas se fosse apenas ficção não doeria tanto. Pensando nas 4 histórias abordadas, tanto na primeira edição quanto na segunda, é inevitável não se lembrar de algum caso parecido na mídia, entre os conhecidos ou até mesmo na família, a depender de sua base estrutural. Os casos de injustiça no Brasil são tantos e tão diversos que renderiam conteúdo para milhares de temporadas.
Enquanto isso, a Câmara o Senado e o STF estão dormindo, brigando por ego ou legislando em causa própria. E a população segue desamparada e aguardando justiça divina. Até quando?
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