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Pabllo Vittar diz ter tentado transição de gênero: ‘Ninguém escolhe ser nada’

À Billboard Brasil, a popstar maranhense confessa que já pensou em transicionar –ou seja, passar pelo processo físico, químico e psicológico para tornar-se mulher. A ideia surgiu em 2018. “Comecei um tratamento hormonal, mas vi que realmente não era para mim, porque não tem como você falar assim: ‘Ai, fulana escolheu ser mano’. Ninguém escolhe ser nada”, diz. “Botei uns adesivo ali [sic] e já mudou uns negócios”, brinca. O tal adesivo é um anticoncepcional transdérmico de estrogênio usado também como terapia hormonal. Pabllo Vittar chegou a conversar com amigas sobre a transição e elas disseram que a cantora teria de saber se estava ou não preparada para virar mulher trans. “Por isso que eu falo para as meninas: vocês merecem todo o respeito do mundo, todo o amor do mundo, porque só quem está na pele de vocês sabe o que é sofrer preconceito.” A cantora continua: “As meninas me mandam muitas mensagens: ‘Nossa, Pablo, sei que você não é travesti, você não é trans. Mas você é nosso amor’. Eu me sinto muito abençoada e muito feliz, porque quero que todo mundo seja respeitado. É muito ruim você sair na rua e as pessoas ficarem te olhando. Você se sente julgada e oprimida num espaço onde todo mundo pode ir, mas ali você pode não ser respeitada.”

A conversa faz com que ela lembre do amigo Matheus Moura, a Kiddo Wadahell, uma drag queen dos tempos de Uberlândia –que também está no tal clipe de “Open Bar”. Ele foi um dos principais incentivadores da carreira de Pabllo. “Era minha alma gêmea. Eu morava na casa dele, chamava a mãe dele de mãe. Nos conhecemos na faculdade de design e começamos a nos montar de drag juntos. Foi o irmão que nunca tive”, emociona-se a drag queen. Matheus morreu em 2017, na época do lançamento de “Vai Passar Mal”. “Ele fez uma operação de apendicite, pegou uma infecção no hospital e acabou morrendo. Se estivesse vivo, estaria trabalhando comigo. Porque a gente era como irmão. Por muito tempo, a drag chorou ao cantar “Indestrutível”. A canção a faz lembrar o amigo. A morte de Matheus mudou até o comportamento de Pabllo. “Nunca mais tive uma amizade assim com outra gay. Hoje em dia, a maioria das minhas amizades é com travestis. Tenho medo de me apegar de novo e a pessoa me deixar”, lamenta.

Com Matheus, Pabllo viveu uma amizade pura. “Nunca demos nem selinho”, diz. E, mesmo com tanto borogodó, a cantora diz que no momento está sozinha. “A galera fala assim: ‘Ai, mas você deve ter os caras mais lindos do mundo’. Mas os caras não têm autoestima. Isso é uma coisa que já me brocha. Se você não tem autoestima porque eu tenho autoestima, eu não quero você. Mas entendi que eu meio que assusto as pessoas”, diz. “Sou que nem a Fiona, do desenho ‘Shrek’. Todo mundo quer a princesa, mas ninguém quer enfrentar o dragão.” De volta a “Batidão Tropical 2”, embora esteja dentro de sua zona de conforto, Pabllo Vittar se permite algumas ousadias. A produção de Gorky, Maffalda e Zebu, por exemplo, foca timbres e batidas mais pesadas, perfeitas para as pistas de dança. A voz de Pabllo também é um diferencial. Por muito tempo ela foi criticada pelo excesso de agudos. “Ela tem um timbre único, assim como grandes cantoras, como Tetê Espíndola ou Björk. Acredito que as críticas vinham com uma carga gigantesca de preconceito e falta de argumentos para negar o espaço que ela estava conquistando com seu talento”, defende Rodrigo Gorky, produtor da drag queen. “No começo, o que eu queria fazer eram as coisas mais agudas mesmo”, admite Pabllo. “Eu queria ser daquele jeito, explorar outras coisas, entendeu? Porque eu já fiz muito, mas naquela época eu fazia aquilo que eu queria fazer.”

Hoje, a interpretação da drag queen atinge tons mais graves. Thays Vaiano, fonoaudióloga  que cuida de Pabllo, explica o processo de transformação. “Junto com o preparador vocal Diego Timbó e de Gorky, começamos a buscar uma estética vocal mais firme, densa e menos metálica. Eu fazia os exercícios musculares fonoaudiológicos necessários para ganharmos essas características, depois Timbó trabalhava os ajustes específicos da música e Gorky brilhava no direcionamento musical. Foi assim, faixa por faixa. Pabllo Vittar está sempre muito disposta e engajada em todo o processo”, explica a especialista.

Logo após o fim da conversa, Pabllo parte para a sessão de fotos que ilustram essa capa. A marra está cada vez mais distante. Ela brinca com as câmeras, faz poses e entrega tudo dentro do horário previsto. Depois, permite-se fazer um carinho no repórter –um mimo que pode ser assistido em vídeo nas redes da Billboard Brasil. “A gente deveria ter feito essa entrevista à beira da piscina do Chateau Marmont, em Los Angeles. Eu adoraria ser entrevistada por você ali”, esnoba. No caso da cantora, é bem possível que o tradicional reduto das estrelas de Hollywood seja palco das próximas entrevistas. No momento, ela prepara um álbum em inglês e espanhol para cair no gosto do público internacional. Mas é o doce Phabullo que termina a entrevista. “Poxa, desde que a gente conversou em janeiro que eu não sei o que é voltar para casa. Na próxima semana, gravarei videoclipes todos os dias.” A despedida é marcada por um beijo carinhoso e um “se cuida” de amigos e parceiros que se gostam e respeitam muito. E se ela é Pabllo ou Phabullo, não importa. Nunca existiu
uma mulher como Gilda, dizia o cartaz do cinema. Mas também nunca existirá uma popstar como Pabllo Vittar.

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