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Estudante de Medicina está em estado vegetativo um ano após cirurgia na mandíbula

A estudante de medicina, Larissa Moraes de Carvalho, de 31 anos, ainda se encontra em estado vegetativo um ano após ter realizado uma cirurgia para corrigir a mandíbula e o maxilar, em Juiz de Fora (MG).

Larissa, que também já é formada em Farmácia pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), deu entrada no dia 16 de março de 2023 na Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, em Minas Gerais, para realizar a cirurgia ortognática, voltada para corrigir alterações de crescimento dos maxilares e mandíbulas. Após realizar a cirurgia, a estudante passou seriamente mal.

Segundo Ricardo Carvalho, pai da Larissa, a jovem teve uma parada cardiorrespiratória durante o transporte do centro cirúrgico para a enfermaria, o que a levou ao estado vegetativo no qual se encontra hoje.

Carvalho ficou internada na unidade até 15 de março deste ano. Depois, a família da jovem conseguiu autorização para que ela desse sequência na recuperação em decorrência das complicações que teve na cirurgia em tratamento domiciliar.

Ainda segundo o pai da jovem, não se sabe em qual momento exato ocorreu a parada respiratória ou ao menos o que a teria causado.

O pai alega que o termo de consentimento livre e informado (TCLE) assinado pela paciente em 08/03/2023 não detalhava nenhum dos riscos associados à anestesia geral, nem mencionava diretamente a possibilidade de parada cardiorrespiratória, com sequelas associadas.

A família ainda ressalta que não foi procurada por ninguém do hospital para esclarecer o ocorrido. Por isso, solicitam uma reunião com a diretoria, o que somente ocorreu em 05/04/23.

Para o pai, a anestesista teve atitudes completamente incorretas que não condizem com a correta prática médica. Segundo relatado pelo médico-cirurgião Dr. Gustavo Saggioro, que realizou o procedimento em Larissa, a anestesista responsável por acompanhar prontamente os sinais vitais da jovem, Dra. Isis da Rocha Costa Bille, se ausentou da sala em vários momentos durante a cirurgia.

O que contam os médicos

O médico Dr. Saggioro afirmou que a Dra. Isis teve pressa em dar alta à Larissa, pois tinha de participar de outra cirurgia. A Dra. Marcileia Cristiane, cirurgiã-dentista que acompanhava o procedimento, também confirmou a informação.

Em relato solicitado pela própria família de Larissa, Dra. Marcileia ressalta os detalhes da ausência da anestesista na sala de cirurgia:

“Durante a cirurgia, a anestesista Isis estava do lado de fora em alguns momentos, pois segundo a mesma, a sala estava muito fria. Algumas vezes o Dr. Gustavo chegou a chamá-la para conferência do processo, e preocupado com isso, pois ela estava do lado de fora”, disse a cirurgiã-dentista.

Marcileia afirmou que sempre testemunha que Dr. Saggioro fica atento a qualquer mudança nos parâmetros de seus pacientes durante as cirurgias dele, exigindo que o anestesista não deixe a sala em momento nenhum.

“Porém uma observação importante: me lembro que a paciente teve uma baixa excessiva de pressão, na qual a anestesista foi chamada pelo Dr. Gustavo com mais veemência, inclusive alterando o tom de voz perguntando onde estava a anestesista”, pois ela não se encontrava em sala. Isso foi presenciado pelos circulantes presentes.”, alegou a Dra. Marcileia à família.

Para o pai de Larissa, a falta de profissionalismo da anestesista, ao se ausentar da sala de cirurgia, não lhe permitiu que fizesse as anotações necessárias na ficha de anestesista, como o não detalhamento dos anestésicos aplicados em cada momento, conforme consta em dois laudos periciais.

De acordo com o Conselho Regional de Medicina (CRM), o médico anestesista deve permanecer dentro da sala do procedimento, mantendo vigilância permanente, assistindo o paciente até o término do ato anestésico. Além disso, ele deve conhecer, com a devida antecedência, as condições clínicas do paciente, desde a admissão até o momento da alta. Também durante todo o processo, os pacientes devem permanecer monitorizados e sendo avaliados clinicamente.

Dinâmica da cirurgia

A cirurgia teve início aproximadamente às 12h no centro cirúrgico da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, com o Cirurgião Dr. Gustavo Saggioro, e a anestesista Dra. Isis da Rocha Costa Bille no 14º andar do dia 16/03/23, de acordo com o pai de Larissa, Ricardo Carvalho.

A estudante de medicina deu entrada na sala de recuperação pós-anestésica (SRPA) estando acordada e mantendo contato às 17h25, segundo Ricardo. Ela recebeu alta da SRPA às 17h45 após permanecer somente 20 minutos na SRPA.

“O recomendado seria de no mínimo uma hora, conforme resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM 2.174/2017)”, afirmou Carvalho. Em seguida, Larissa foi encaminhada ao 9º andar, onde foi recepcionada pela enfermeira e constatada a parada cardiorrespiratória (PCR).

Imagens das câmeras de segurança do hospital registraram o momento em que a jovem foi transportada do centro cirúrgico para a enfermaria. A família da estudante chegou a solicitar acesso às imagens para tentar esclarecer o que aconteceu durante o momento de transferência da paciente, mas não foi atendida.

“Não nos entregaram as imagens e afirmaram que somente o fariam mediante ordem judicial. Depois, fizemos o pedido judicial e para nossa surpresa, responderam à justiça que as imagens haviam sido prescritas”, alega o pai.

O procedimento tinha o objetivo de fazer uma correção na mandíbula, que não a incomodava, mas que poderia lhe causar problemas futuros, explicou Carvalho. A estudante se preparou com calma por três anos para fazer essa cirurgia.

Ainda segundo o pai, seria uma cirurgia simples, mas longa. Ele relatou que os laudos periciais apontam que Larissa não foi alertada para o risco de complicações anestésicas.

O que diz a Santa Casa de Misericórdia

Procurado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o Presidente da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, Dr. Renato Vilela Loures, comunicou ao órgão que:

“O prontuário médico e os respectivos laudos dos exames realizados pela paciente Larissa Moraes de Carvalho foram entregues ao seu genitor, ora representante, em 25 de abril de 2023, dentro do prazo institucional para disponibilização de prontuários.

Quanto às filmagens das câmeras de segurança do Hospital, infelizmente não é possível disponibilizá-las, uma vez que as gravações expiram em 30 dias e os fatos narrados pelo representante ocorrem em 16/03/2023.”, disse a presidência do hospital ao MPMG.

Procurada pela CNN, a Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora informou que não irá se manifestar sobre o caso:

“A Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora informa que, uma vez já instaurada ação na Justiça, em respeito ao devido processo legal, o Hospital não fará quaisquer comentários sobre o assunto fora dos autos judiciais. Reiteramos nosso compromisso com a transparência e a qualidade no atendimento prestado à toda comunidade ao longo de nossa história, que soma quase dois séculos”, afirmou o hospital.O que diz o Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG)

O Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG) informou que todas as denúncias recebidas, formais e de ofício, são apuradas, sendo respeitada a ampla defesa e o contraditório. Todos os procedimentos tramitam sob sigilo, conforme previsto no Código de Processo Ético-Profissional.

*Sob supervisão de Bruno Laforé

Este conteúdo foi originalmente publicado em Estudante de Medicina está em estado vegetativo um ano após cirurgia na mandíbula no site CNN Brasil.

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