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“Bebê Rena”: suspense e violência pautam o sucesso da Netflix

História de um comediante perseguido por uma stalker, “Bebê Rena” também inclui cenas que podem disparar gatilhos

Patrícia Cassese | Editora Assistente

Alguém desavisado, que não se dê ao trabalho de ler sinopses, pode até se deixar enganar pelo título “Bebê Rena” (“Baby Reindeer”). Fato é que a série britânica, que estreou recentemente no catálogo Netflix, onde já se tornou um fenômeno de audiência, aborda temas tão pesados – como abuso sexual – que alguns episódios chegam a trazer um alerta, no início, explicitando que gatilhos podem ser disparados.

O episódio 4 é o melhor exemplo. Há momentos tão, mas tão violentos, que chegam a fazer o espectador ficar hirto na cadeira. O mais assustador: a história se apresenta como, de certa forma, autobiográfica, ainda que com toques ficcionais. Na verdade, à revista Variety, Richard Gadd, nome à frente da empreitada, declarou que a série é “emocionalmente 100% verdadeira”.

Perseguição

Nos três capítulos iniciais, “Bebê Rena” centra-se na perseguição que o ator Richard Gadd – protagonista da série, bem como roteirista – teria sofrido na vida real a partir de um evento prosaico. Precisamente, no ano de 2015, quando ele trabalhava como atendente de um bar. À época, Gadd dava os primeiros passos na carreira como comediante, tentando encontrar espaço naqueles rodízios de artistas de stand ups. Na série, porém, ele ganha outro nome, Donny Dunn. Ou seja, há uma tentativa de mitigar o viés autobiográfico – inclusive porque, os demais personagens da história de Gadd, claro, são vividos, na tela, por atores.

Certo dia, ele, condoído, se dispõe a pagar um chá para uma mulher que adentra o bar, solitária, dizendo estar sem dinheiro – embora depois sustente ser um advogada conceituada, com uma cartela de clientes notório. Só que, daí, a partir daquele dia, Donny começa a sofrer um assédio de Martha em um nível que se revela enlouquecedor. Na série, a stalker recebe o nome de Martha e, claro, é interpretada por uma atriz, Jessica Gunning. Quanto ao nome da stalker da vida real, o ator, óbvio, preferiu preservar, assim como o que teria acontecido com ela.

Nava Mau

Nos primeiros capítulos, é difícil, para o espectador, entender algumas atitudes de Donny – o motivo só é realmente mais explicado a partir do quarto episódio, quando um trauma do passado emerge. Em meio a tantos acontecimentos assustadores e fortes, além dos dois atores já citados, está a atriz trans mexicana Nava Mau, no papel de Teri, o grande amor da vida de Gadd. Uma das coisas maravilhosas da série é apresentar essa mulher trans de uma forma que foge a clichês, ainda que a história aborde, por exemplo, a própria demora de Donny em assumir a relação.

Nava, aliás, é simplesmente maravilhosa: além de atriz, cineasta, produtora e escritora/roteirista, é formada em Linguística e Ciências Cognitivas. Em tempo: frisamos o fato de ser uma mulher trans por ser um ponto importante na trama, e por ser pontuado o tempo todo.

Perseguição em números

Vale dizer que, em entrevistas recentes, Gadd tem dito que uma de suas preocupações, ao escrever o roteiro da série, foi não ser maniqueísta na construção dos dois personagens centrais. Ou seja, não se vitimizar nem tampouco carregar nas tintas no que tange a Martha. Evitando, assim, que ela seja vista como um monstro, posto que ele entende que a stalker também era, em outra instância, vítima de acontecimentos do passado.

De toda maneira, é assustador pensar que, segundo o relato de Gadd, a stalker da vida real teria disparado/enviado nada menos 41 mil e-mails, 350 horas de mensagens de voz, 744 tweets, 46 mensagens no Facebook e 106 páginas de cartas a Gadd.

Gatilhos

No frigir dos ovos, vale assistir à série? Com certeza. Mas é preciso se atentar aos tais alertas, em particular, no já citado quarto episódio. Porque há sim, momentos que podem disparar gatilhos em quem já passou situações afins. E, no caso, estamos falando mais de violência sexual do que ser perseguido por um(a) stalker.

Abaixo, o ator Tom Goodman-Hill, que interpreta o roteirista Darrien.

Trilha sonora

Em “Bebê Rena”, outro destaque é a trilha sonora. O rol inclui muitas músicas antiguinhas, como “Alone Again”, de Gilbert O’Sullivan; bem como “I Started A Joke”, com Bee Gees. Do mesmo modo, “If Not for You”, de George Harrison, e “Never My Love”, com The Association.

Uma curiosidade é uma versão menos conhecida de “Love me, Please Love me”, de Michel Polnareff. No Brasil, a música se tornou mais conhecida pela versão em francês. Mas, em “Bebê Rena”, a que aparece é a em inglês, com Sandie Shaw. Tal qual, a italiana “Io Che Non Vivo Senza Te”, sucesso no Brasil com Pino Donaggio. Na trilha da série, ela aparece na versão “You Don’t Have To Say You Love Me”, com Dusty Springfield.

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