Com “Xógum: A Gloriosa Saga do Japão” (“Shogun”, do nome original em inglês), Hiroyuki Sanada quis fazer as coisas direito.
“Às vezes [Hollywood] confunde a nossa cultura”, disse o ator, que é uma das maiores estrelas do cinema do Japão, à CNN. “Então eu queria… introduzir o mundo corretamente.”
Ele interpreta o Lorde Yoshii Toranaga na aclamada minissérie da FX, que é uma adaptação do livro de mesmo nome lançado em 1975 por James Clavell.
O drama histórico épico se passa no Japão feudal de 1600, com Toranaga (que é baseado no xógum da vida real Tokugawa Ieyasu) lutando por sua vida enquanto seus inimigos se juntam contra ele.
Sanada descreveu seu personagem como misterioso e estratégico, “mas também um ser humano e um homem de família”. “Não é o samurai estereotipado”, disse.
Enquanto Sanada, de 63 anos, tem atuado por quase seis décadas, essa é a primeira vez que ele atua como produtor. Ele aproveitou essa oportunidade ao contratar especialistas japoneses em produção de dramas de samurai, figurinos, cabelos e maquiagem, até mesmo um “mestre dos gestos” para trabalhar em conjunto com membros ocidentais da equipe, criando um mundo meticulosamente elaborado e enraizado na autenticidade.
Cada departamento tinha seu próprio consultor japonês e Sanada se colocou na posição de orientar um dos jovens atores na série, no que ele descreve como “japonês Shakesperiano” que era falado durante o período.
“Dessa vez, colocamos mais olhares japoneses no roteiro”, disse, comparando o seriado com a adaptação anterior, de 1980, que focava no náufrago inglês John Blackthorne – como no livro. “Não apenas com o olhar de olhos azuis”, continuou. “Então talvez essa seja uma das razões pelas quais as pessoas entendem e gostam da série.”
De fato, existe uma ênfase em contar a história de uma perspectiva japonesa: a maioria do elenco contratado é do Japão, assim como a maioria dos diálogos da série são em japonês (com legendas em inglês).
“Nessa época em que estamos que o alcance da televisão é muito global, nós tentamos evitar algo que não fosse feito especificamente pensando na cultura do público”, disse Justin Marks, co-showrunner e produtor executivo da série em entrevista divulgada pela Disney (que é dona da FX).
“Com Rachel [Kondo, co-showrunner e roteirista da série] e eu sendo americanos, com sensibilidade ocidental, em nenhum momento pensei que poderíamos negar realisticamente o nosso olhar e o que estávamos trazendo para isso. O que tentamos fazer com esse olhar foi encontrar uma forma de transcender a cultura”, disse.
A minissérie provou isso com sua popularidade. Uma semana após sua estreia, a Disney relatou que o primeiro episódio conquistou 9 milhões de visualizações globalmente através das plataformas Hulu+, Disney+ e Star+, tornando a série com maior estreia global da empresa.
“Xógum: A Gloriosa Saga do Japão” é outro exemplo do aumento de representação asiática em Hollywood e mudança de cenário em histórias mais diversas que são levadas às telas. “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo”, estrelado por Michelle Yeoh e Ke Huy Quan dominou os Oscars de 2023, incluindo o cobiçado prêmio de “Melhor Filme”. Já “Treta”, série da Netflix estrelada por Ali Wong e Steven Yeun, recebeu seis Emmys neste ano.
Ainda não se sabe se “Xógum: A Gloriosa Saga do Japão” terá am segunda temporada (a série termina onde o livro termina), mas, quando perguntado, Sanada disse que ainda há “história real” para referência. “Então, quem sabe?”
E como a série é baseada em um dos seis romances da “Saga Asiática” de Clavell, os fãs podem esperar por uma produção relacionada no futuro.
Essa entrevista foi exibida na CNN Internacional.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Hiroyuki Sanada focou em levar “olhar japonês” para “Xógum” no site CNN Brasil.