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Relatório mostra estratégias dos animais e mudança de comportamento da fauna no maior incêndio no Pantanal em 2020


Cerca de 75 milhões de animais vertebrados e 4,6 bilhões de invertebrados foram afetados diretamente e indiretamente. Mesmo após dois anos do incêndio, a população das espécies não voltaram ao número ideal. Cerca de 17 milhões de animais morreram nas queimadas de 2020
Araquém Alcantara
O Pantanal registrou o maior incêndio no bioma em 2020. Foram 4,5 milhões de hectares queimados e 17 milhões de animais mortos. Várias espécies usaram estratégias para tentar fugir do fogo, mas não conseguiram devido à proporção que as chamas tomaram. Os impactos à fauna e à vegetação foram diversos, como algumas mudanças de comportamento no próprio bioma e a chegada de novas espécies.
Um ano após os incêndios, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) emitiu um relatório sobre os danos causados. Dois anos depois, eles voltaram ao local para analisar a recuperação do Pantanal.
Mesmo anos após os incêndios, os pesquisadores constaram que o Pantanal não se recuperou totalmente e que as populações das espécies não voltaram ao tamanho que eram. Pelo contrário, cerca de 75 milhões de animais vertebrados e 4,6 bilhões de invertebrados foram afetados diretamente e indiretamente.
Fotógrafo Araquém Alcântara registra fuga de animais e a destruição das queimadas no Pantanal
Araquém Alcântara/Divulgação
O relatório também apresentou resultados, como:
Histórico do Pantanal, tipo de vegetação e como o bioma funciona: segundo os pesquisadores, há registro de fogo no Pantanal antes da existência humana que naturalmente queima em uma época do ano.
Estratégias usadas pelos animais para fugir do fogo: por viverem em um local com pequenos incêndios naturais, os animais se adaptaram e criaram rotas de fuga, porém, o fogo não era do tamanho em que as espécies estavam acostumadas.
Mudanças de comportamento da fauna após o incêndio: segundo os pesquisadores, o incêndio contribuiu para que as áreas fossem modificadas, atraindo espécies que não tinham o costume de viver no Pantanal.
Fuga dos animais
Ouriço morreu após o fogo atingir a copa de uma árvore
ICMBio
Os animais utilizaram diversas estratégias para fugir do fogo, porém, a proporção do incêndio era tão grande que 17 milhões de animais morreram em um universo de 75 milhões de vertebrados e 4,5 bilhões de invertebrados atingidos.
Segundo o pesquisador, existem três tipos de efeitos do fogo sobre a fauna, são eles:
Direto: queima e mata;
Indireto: altera as paisagens e não há zona de refúgio, regulação térmica e aonde buscar água ou comida. Esse efeito acontece ao longo de muitos anos;
Evolutivo: Há perda de gerações e diminuição da população.
Animais que estavam acostumados a utilizar como rota de fuga subir em árvores, como ouriços e macacos, morriam queimados pelo fogo de copa ou intoxicados pela fumaça.
Tatu tentou fugir do fogo se escondendo em uma toca
ICMBio
Os que tentavam se esconder em tocas, morriam porque o fogo subterrâneo chegava muito rápido. Jacarés, cobras e outros répteis e anfíbios de pouca mobilidade tentavam se esconder nas raízes das árvores, onde havia água, mas também eram mortos, porque a vegetação já estava seca e o fogo se espalhava.
Jararacas, por exemplo, morreram por tentar dar um bote nas chamas e se queimar. A mudança de comportamento se estendeu a outras espécies, como roedores, caranguejos e outros animais, com relação de presa e predador, que chegaram a ocupar o mesmo buraco durante o incêndio para tentar fugir das chamas.
Animais que tentavam correr no solo queimavam todas as patas. Bichos que tinham como estratégia pular as linhas de fogo e correr, acabavam se enterrando na brasa por ser uma faixa muito extensa. Eles pulavam e caíam direto no fogo queimando as patas e outras partes do corpo.
Onça Amanaci que não pôde ser reinserida na natureza após as queimadas
IMCBio
Foi o caso da onça Amanaci, que pulou as chamas e se queimou. O dano causado no animal foi tão grande, que ela não pôde ser reinserida na natureza, pois não iria sobreviver.
Segundo a pesquisa, algumas espécies de animais aproveitavam o momento das queimadas para predar outros animais. Animais que morriam queimados viravam alimento para outras espécies.
O Pantanal
A Rodovia Transpanteneira é a principal corredor turístico do norte do Pantanal. Em 2020, foi a região mais atingida pelas queimadas
Globo Repórter
De acordo com o ICMBio, o Brasil possui biomas que são adaptados ao fogo, como o Cerrado, o Pantanal e os Pampas e ambientes sensíveis, que respondem negativamente à passagem do fogo, como as florestas.
O pesquisador do ICMBio Cristian Berlink disse que estudos mostram que há registro de fogo no Pantanal há mais de 12 mil anos e que isso acontecia mesmo antes da existência humana.
“O Pantanal não é só moldado pelo fogo, mas também pelos níveis de inundação. São duas grandes forças que trazem essa diversidade biológica. Tem vegetação associada ao fogo com a sua fauna entremeadas de vegetação sensível ao fogo e adaptadas a isso. Além de paisagens com níveis de inundação diferenciados ao longo dos anos”, disse.
Outro fator que colaborou para esse incêndio foi o nível do Rio Paraguai. Segundo o pesquisador, o nível intercala entre cheia e seca. Em 2019 e 2020, o Rio Paraguai enfrentou uma seca severa e isso fez com que a vegetação ficasse disponível pra ocorrência de fogo. Essa vegetação seca junto com vento, altas temperaturas e baixa umidade aumentou o incêndio, espalhando o fogo, e causando mais efeitos no ambiente.
Jacaré morreu após tentar se esconder na raiz de uma árvore no Pantanal ​
ICMBio
Conforme o relatório, nesse incêndio foi registrado um tipo de fogo que é extremamente raro no Brasil, o fogo de copa – quando as chamas atingem as folhas e copas das árvores e se espalham por cima.
O pesquisador disse também que, normalmente, em um incêndio são encontradas linhas de chamas, porém, no Pantanal em 2020, foram encontradas faixas de centenas de quilômetros de fogo, o que dificulta o combate e a fuga dos animais.
O relatório mostra que 43% da área queimada não tinha registro de incêndio desde 2003. O incêndio chegou a áreas que não queimavam e eram permanentemente alagadas ou extremamente úmidas.
Segundo Cristian, quando o fogo chegou nessa área, encontrou alta concentração de matéria orgânica e seca, por isso, o fogo entrou no solo, o que é de chamado fogo subterrâneo.
Depois do incêndio
Anta tentou fugir de fogo de superfície e morreu
ICMBio
O relatório mostrou que depois do incêndio, não houve perda de diversidade biológica de mamíferos, então espécies que já existiam no Pantanal continuaram a viver no local. Porém, apareceram novas espécies que normalmente são associados a ambientes secos, como o lobo guará.
Com isso, os estudos constaram que o Pantanal está mais seco e o fogo abriu as áreas para que essas espécies conseguissem se deslocar mais. Segundo os pesquisadores, não dá para saber se esse fenômeno impactou o ambiente de forma positiva ou negativa. É preciso de estudos para avaliar e identificar o comportamento das espécies.
Outro resultado encontrado é que existem animais no Pantanal que só vivem em áreas queimadas e outros que só foram encontrados em áreas não queimadas. São animais que preferem viver em ambientes recentemente queimados e outros que preferem viver em locais mais sensíveis ao fogo.
“Excluir o fogo do sistema não é uma solução. Em especial no ambiente que evoluiu com a sua presença. O fogo faz parte dele, o que a gente precisa entender é como fazer isso”, disse Cristian.
Também houve a diminuição de populações devido aos efeitos indiretos. Há uma dificuldade de retorno por conta do efeito e da perda de novas gerações.
“Se coisas parecidas continuarem a acontecer, essa redução vai ficando cada vez mais acentuada até que haja extinções locais. Então o que aconteceu em 2020, a gente não pode deixar que aconteça de novo, principalmente em períodos curtos”, disse.
Biodiversidade
Uma onça-pintada no Pantanal mato-grossense, em setembro de 2020.
Leandro Cagiano/Greenpeace
Nos anos 2000, a Unesco concedeu ao bioma o título de ‘Reserva da Biosfera’, além de tombá-lo como Patrimônio da Humanidade. O Pantanal abriga uma diversidade única, incluindo várias espécies ameaçadas, ao todo são:
🌱3,5 mil espécies de plantas
🐟325 de peixes
🐸53 espécies de anfíbios
🐊98 de répteis
🦜656 de aves
🐆159 tipos de mamíferos
Onça-pintada, jacaré, tuiuiú, ipês, jacarandás e entre outros integrantes representam o Pantanal. Além disso, ele atua como regulador natural de enchentes, porque absorve e armazena água durante períodos chuvosos.
O Pantanal também funciona como um reservatório de água doce com altitudes que alcançam 150 metros. Seus recursos hidrológicos são importantes para o abastecimento das cidades, onde vivem aproximadamente três milhões de pessoas (Brasil, Bolívia e Paraguai).
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