Apesar da dominância da música nacional nos charts da Billboard Brasil, Ariana Grande conquistou seu espaço de maneira implacável. Com o lançamento de “Eternal Sunshine”, seu sétimo álbum de estúdio, a cantora e atriz emplacou oito das 13 faixas do disco no Hot 100.
Os fãs, chamados de arianators, estavam com saudades de ouvi-la cantar: este é o primeiro trabalho musical que ela lança em quatro anos. O último, “Positions”, é de 2020. As novas faixas parecem um passeio, ora turbulento, ora calmo, por esse período, que não foi fácil para ninguém. De lá para cá ela se casou, se divorciou, embarcou num novo romance e entrou no elenco da aguardada versão cinematográfica do musical “Wicked”, que estreia em novembro. Isso tudo enquanto lida com o luto pela morte de Mac Miller (1992-2018), com quem se relacionou por cerca de dois anos.
O nome do disco (e parte das letras) é inspirado no filme “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” (2004), de Michel Gondry, em que o personagem de Jim Carrey sofre com um término, enquanto a ex, vivida por Kate Winslet, quer apagar da cabeça todas as memórias do relacionamento. Apesar de cantar sobre o desejo de esquecer o que passou, Ariana apresenta aos ouvintes detalhes íntimos do que sentiu. “Eu pego no sono dormindo/ Você liga a televisão/ Você não quer me ouvir”, desabafa em “Don’t Wanna Break Up Again”.
Ela vive uma montanha-russa no decorrer do álbum. Não quer partir o coração do amado, mesmo estando com o próprio em frangalhos. A chegada de um novo amor, também complexo, se faz presente nas letras, como a de “Imperfect For You”: “Normalmente eu sou/ Ferrada, ansiosa, demais/ Mas eu amo como você precisa de mim/ Imperfeita para você”.
O amor (e suas dores), no entanto, não são um tema estranho para a cantora. A primeira música de seu primeiro álbum fala justamente sobre isso. “Baby, você sabe dirigir na chuva/ Mas decidiu não fazer nenhuma mudança”, cantou em “Honeymoon Avenue”, de 2013.
Desta vez, Ariana faz um convite mais honesto: parece sentir amor e ódio no mesmo nível, enquanto a paixão e a saudade estão no mesmo patamar. A vontade de tentar mais uma vez e a de seguir em frente estão lado a lado. É uma mistura confusa de sentimentos que resultou em um álbum coeso, íntimo. Quase como ouvir um áudio de cinco minutos de uma amiga que acabou de terminar e precisa de conselhos. E é justamente com um conselho de sua avó, Marjorie Grande, que ela termina o disco: “Nunca vá para a cama sem um beijo de boa noite […]. E se você não se sente confortável com isso, saia fora.”
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