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Quem é “Mama”, a estilista que acolhe africanos no centro de SP

São Paulo — Soda Diop é uma referência para os imigrantes africanos que vivem no centro de São Paulo. Conhecida como Mama, há quase duas décadas a senegalesa de 64 anos ajuda os recém-chegados na legalização de documentos, traduções para o português, e a encontrar moradia.

“Tem um provérbio africano que fala ‘uma pulseira sozinha não faz barulho. Mas duas pulseiras faz barulho, três faz mais, e quatro ainda mais barulho’”, ela responde quando perguntada porque se envolve com os problemas de outras pessoas.


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Mama chegou ao Brasil em 2006 com o marido, Dadiarra Sheik Modiboo, conhecido como Gran Papa. O casal deixou Dacar buscando escapar da pobreza e dos desafios provocados por uma crise agrícola na década de 1990 e pelo conflito separatista na região sul de Casamança.

São Paulo era uma cidade ainda pouco frequentada por africanos de países francófonos como o Senegal, Mali e Guiné.  Naquela época, o Brasil passou a atrair uma onda de pessoas vindas da África que não conseguiam vistos para países da Europa e da América do Norte.

Segundo dados do Sistema Nacional de Cadastramento de Registro de Estrangeiros, entre 2000 e 2010, 812 senegaleses foram registrados no Brasil. Já na década seguinte, entre 2011 e 2022, esse número passaria para 9.531 pessoas.

Esses imigrantes, sobretudo os que vinham de países onde o português não é falado, encontravam dificuldade de se adaptar. Mama, que havia aprendido o idioma trabalhando com faxineira de uma escola municipal, começou a ajudar: “quando alguém dos Direitos Humanos tinha problemas com uma pessoa que não falava português, eles me chamavam”. 

Casa cheia

O casal começou a ajudar outros imigrantes primeiro pagando diárias de hotel, depois, oferecendo café da manhã para os frequentadores do Centro de Acolhida para Imigrantes, que fica na Bela Vista, na região central. “Às 7h, os imigrantes saiam da casa de acolhimento e iam para a minha casa. Eles saiam sem saber para onde ir porque tinham que esperar primeiro o papel [documento] para poder trabalhar. Muitos ficavam lá em casa, dormiam lá. Tinha um quarto que ficava cheio, a sala também ficava cheia até a porta do banheiro”. 

Na escola em que trabalhava, Mama contou sofrer racismo. Ela pensou em deixar de usar roupas africanas e foi confrontada  pelo marido: “Ele me deu 70 reais para comprar uma camiseta e uma calça jeans, mas me disse: ‘você sabe de que Brasil só existe por causa da gente, por causa de africanos que vieram para cá’”.

Convencida de que era necessário levar a cultura da África para os brasileiros, Mama ela então começou a vender artesanato africano na porta de uma faculdade em Itaquera e, depois, transferiu o ponto para a Praça da República, onde conseguiu abrir sua loja em uma galeria na Avenida Ipiranga.

Os tecidos (vídeo abaixo) e os artesanatos, que ela importa de diversos países do continente, já foram usados por pessoas famosas, como a cantora Elza Soares. Em 2023, foram usados no desfile do estilista Isaac Silva para a São Paulo Fashion Week.

Quando o marido morreu, em junho de 2022, Mama assumiu sozinha o trabalho de acolher os imigrantes. No início do ano, ela se mudou para um quarto-sala na Rua Aurora, onde havia decidido que não receberia mais pessoas; o que durou pouco tempo.

Há três semanas, uma mulher do Guiné pediu ajuda depois de ter passaporte e dinheiro roubados no centro da cidade. Desde então, Mama está dormindo no sofá da sala para ceder a cama para a visita.

A rotina de conciliar a loja com o acolhimento não é simples, e Mama diz estar especialmente sobrecarregada após a morte de um de seus “filhos“, o senegalês Seringe Mbaye., Ele teria caído do 6º andar de um edifício durante uma ação da Polícia Militar.

O prédio fica a poucos quarteirões da casa de Mama, que planejava encontrar com Mbaye na noite em que ele morreu, na última terça-feira (23/4). Desde então, ela conta que passa noites em claro ocupada com a mobilização de outros imigrantes para se unirem na luta por justiça: “Agora, a hora de chorar chegou. Nós todos vamos chorar”, lamentou.

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