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Chuchu no cardápio (por Mary Zaidan) 

Improvável candidato a vice do presidente Lula, a quem já chamou de ladrão em disputas eleitorais passadas, Geraldo Alckmin conquistou o petista. E agora passou a ser visto como trunfo para desembaraçar os nós na atrapalhada relação do governo com o Congresso, o que pode estar por trás do pito que o ex-tucano tomou de Lula ao pedir que seu vice e ministro de Desenvolvimento da Indústria, Comércio e Serviços seja “mais ágil” na lida com parlamentares.

Benquisto no Congresso, o vice é tratado por alguns como substituto natural do ministro das Relações Institucionais Alexandre Padilha, em permanente conflito com o presidente da Câmara Arthur Lira e outros líderes do Centrão. Publicamente, o PSB nada diz sobre a ideia, mas deixa saber que a solução agrada à sigla para qual Alckmin migrou para fazer a dobradinha com Lula. As alas mais moderadas do governo também vêem com bons olhos a alternativa, cuja resistência parece se limitar ao PT de Lula.

As demandas para que Alckmin toque a articulação do governo, oficialmente ou não, chegaram ao Planalto ainda no ano passado, quando os atritos com Lira começaram a se intensificar. O vice, que devido à intensa agenda internacional de Lula, é o que mais se sentou na cadeira presidencial no prazo de 14 meses de governo, desconversa. Nem os mais próximos admitem sua escalação para ponta de lança no Congresso, a não ser o próprio Lula, que, ao que parece, jogou o verde do pito para testar se o maduro seria palatável.

Por sua vez, Alckmin tratou a reprimenda como brincadeira. Chegou a postar no X (ex-Twitter) uma montagem com sua cabeça no corpo do personagem Papa-Léguas e a frase “O presidente Lula pediu para acelerar. Pé na tábua!”. Aliás, nas redes, ambiente que o vice não domina, sua equipe tenta dar a ele um ar descolado e jovial, não raro com exageros caricatos. No X, tem 1,4 milhão de seguidores, metade do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, outro que tomou bronca de Lula. Injustíssima.

Católico praticante, o vice tem diálogo fácil com as alas cristãs mais conservadoras, incluindo padres católicos tradicionalistas e evangélicos, grupo aliado de outrora e que cada vez se afasta mais de Lula. Ou seja, mais um segmento sob medida para o perfil de Alckmin.

No PT, em especial na ala raiz, Alckmin causa desconfiança. Mesmo os que reconhecem que o vice foi leal na campanha e continua sem dar trabalho a Lula, acham que ele, assim como Haddad, almejam o lugar do chefe em 2026. No partido do presidente não são poucos os que tentam minar o trabalho do ministro da Fazenda e são muitos os que nem mesmo querem ouvir falar em Alckmin.

O mais provável é que Lula – “só por teimosia” – não mexa no ministro Padilha depois que Lira o desancou, chamando-o de “incompetente”. Mas renovou o aval para que Haddad continue a articular com o Congresso e convocou o vice para ajudar na tarefa.

Alckmin carrega o apelido de picolé de chuchu, alcunha atribuída por jornalistas pelo fato de ele ser de todo insosso, portanto, um péssimo gerador de notícias. É paciente, com um jeito manso, e ao mesmo tempo, obstinado. Foi vereador e prefeito de Pindamonhangaba, sua terra natal, deputado estadual e federal, vice-governador de Mario Covas, escolhido na undécima hora, governador eleito por três mandatos. Só não conseguiu ser prefeito de São Paulo – disputou duas eleições municipais sem chegar ao segundo turno em nenhuma delas. Perdeu dois pleitos presidenciais, alcançando o Planalto pelas mãos de Lula. Só vai entrar em campo com permissão do petista, que não só o autorizou publicamente como conclamou por agilidade. Está, portanto, liberado, e com incentivos.

Alckmin é um político à moda antiga. Contador de casos, adora ilustrar as conversas com historinhas interioranas, e, desde os tempos da vice-governança de Covas, sempre fez questão de ser ele próprio o porta-voz de boas notícias a prefeitos, aliados ou não. Uma receita que, combinada ao destino de estar no lugar certo na hora certa, lhe tem sido exitosa na maioria das vezes. Em 2026, o mais provável é que o chuchu esteja de volta ao cardápio do Palácio dos Bandeirantes. Mas essa não é a única hipótese.

Mary Zaidan é jornalista 

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