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O efeito vacina

É sempre louvável o aumento de vacinas por terem sido prova material de enfrentamento a qualquer tipo de endemia. O mundo só virou a página da Covid quando os imunizantes foram produzidos e distribuídos em alta escala. No Brasil, a dengue é a atual preocupação, com mais de 4 milhões de casos registrados. Essas informações são do Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde, divulgado na última segunda-feira. Nos primeiros quatro meses do ano, foram notificados 4.127.571 casos prováveis da doença em todo o país.

O relatório também revela que 1.937 mortes foram confirmadas e 2.345 estão sob investigação. O coeficiente de incidência da doença no país é próximo de dois casos para cada grupo de 100 mil habitantes.

De acordo com matéria publicada pela Tribuna, Juiz de Fora vai receber 7.337 doses, cujo público-alvo, definido pelo Governo do Estado, é a população com faixa etária entre 10 e 14 anos. A Prefeitura deve divulgar em breve as informações sobre a aplicação.

Duas questões chamam a atenção. A primeira questão é a baixa quantidade de doses disponíveis, não apenas para Juiz de Fora, mas também para os municípios da Zona da Mata. É expressivamente baixo. A cidade tem uma população em torno de 550 mil habitantes e, mesmo com a definição de uma faixa etária, ainda não haverá doses suficientes para cobrir a meta. O risco é criar uma corrida aos postos com consequências preocupantes se nem todos puderem ser atendidos.

Outro dado está nos números do Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde. Ele aponta que a faixa etária mais afetada é de 20 a 29 anos, que concentra a maior parte dos casos. Já a faixa etária menos atingida é a de crianças menores de 1 ano, seguida por pessoas com 80 anos ou mais e por crianças de 1 a 4 anos.

Ora, se a faixa com maior incidência de dengue se situa entre 20 e 29 anos, qual a justificativa para não ser ela a contemplada com as doses distribuídas pela Secretaria de Estado da Saúde?

Não se desconhece o descompasso entre produção e demanda, mas, em situações como essa, que se estabeleçam prioridades com base nos números. Como na Covid, na sua etapa inicial, a imunização contra a dengue ainda está num estágio incipiente, carecendo de vencer diversas fases, inclusive a descrença da população.

O mundo, e o Brasil em particular, ainda têm grandes bolsões de resistência às vacinas, com argumentos de toda sorte ocupando as redes sociais. Não é um fenômeno novo. Em 1904, quando o Rio de Janeiro, então capital do país, experimentava uma fase crítica de doenças como a varíola, a cidade foi palco da Revolta da Vacina, que teve viés político mesmo diante dos danos que a doença causava na população. Já naquele tempo, se dizia ser o corpo uma propriedade privada, cuja violação só poderia ocorrer mediante autorização.

Só com apoio do presidente Rodrigues Alves, o prefeito Pereira Passos e o sanitarista Oswaldo Cruz romperam a resistência adotando o processo compulsório. A guerra contra a doença foi vencida, mas os argumentos de resistência passaram pelo tempo e são motivo de discurso em diversas partes do mundo até hoje.

Os enfrentamentos no Rio de Janeiro envolvendo a população, agentes de saúde e a polícia duraram 6 dias e resultaram em depredações, prisões e o fim da vacinação obrigatória. Mas a imunização já estava em curso e na fase final.

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