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Ali Shariati: como o pensamento de esquerda influenciou o ideólogo da revolução islâmica

Ali Shariati, nascido em 1933 em Mazinan, Irã, é uma figura central na história da Revolução Islâmica de 1979. Conhecido por seus escritos eloquentes e envolventes, Shariati propôs uma reinterpretação do islã que combinava a tradição religiosa com ideais progressistas e de esquerda. Ao longo de sua vida, ele defendeu uma visão do islã que ia além das práticas religiosas convencionais, incentivando um engajamento ativo contra a opressão e o imperialismo.

Shariati foi fortemente influenciado pelo pensamento de esquerda, particularmente pelo marxismo. Ele estudou na Sorbonne, em Paris, onde foi exposto a várias correntes de pensamento progressista. Durante esse período, ele teve contato com ideologias socialistas e movimentos anticoloniais, que influenciaram profundamente seu entendimento do papel da religião na sociedade.

A base do pensamento de Shariati era a ideia de que o islã não era apenas uma religião, mas também uma ferramenta para a justiça social e a luta contra a opressão. Ele reinterpretou o papel do Imam Hussein, uma figura central no xiismo, como um revolucionário e mártir, transformando-o em um símbolo da luta contra a tirania. Ao fazer isso, Shariati aproximou o xiismo das ideologias de esquerda, alinhando-o com a ideia de luta de classes e resistência ao imperialismo.

Embora não haja evidências diretas de colaboração entre Shariati e a União Soviética, é possível traçar paralelos entre seu anti-imperialismo e as ideias promovidas pela União Soviética durante a Guerra Fria. O apoio da União Soviética a movimentos de esquerda e anticoloniais em todo o mundo teve um impacto indireto em Shariati, influenciando sua abordagem ao anti imperialismo ocidental.

O anti-imperialismo promovido pela União Soviética inspirou muitos intelectuais em países do Oriente Médio, incluindo Shariati. Sua defesa de um islã revolucionário e seu ataque ao imperialismo ocidental se alinharam com a retórica e os objetivos da esquerda internacional. Isso explica, em parte, por que o anti-ocidentalismo da Revolução Islâmica do Irã foi tão profundamente marcado por um anti-imperialismo de esquerda.

Shariati foi fortemente influenciado pelo pensamento de esquerda, particularmente pelo marxismo. Ele estudou na Sorbonne, em Paris, onde foi exposto a várias correntes de pensamento progressista. Durante esse período, ele teve contato com ideologias socialistas e movimentos anticoloniais, que influenciaram profundamente seu entendimento do papel da religião na sociedade.

A base do pensamento de Shariati era a ideia de que o islã não era apenas uma religião, mas também uma ferramenta para a justiça social e a luta contra a opressão. Ele reinterpretou o papel do Imam Hussein, uma figura central no xiismo, como um revolucionário e mártir, transformando-o em um símbolo da luta contra a tirania. Ao fazer isso, Shariati aproximou o xiismo das ideologias de esquerda, alinhando-o com a ideia de luta de classes e resistência ao imperialismo.

Por outro lado, existe uma relação entre o anti-imperialismo da Revolução Islâmica e o nacionalismo iraniano que pode ser traçada até Mohammad Mossadegh, o primeiro-ministro iraniano nos anos 1950, que nacionalizou a indústria de petróleo do Irã. Seu governo foi derrubado em 1953, durante a Operação Ajax, um golpe de estado apoiado pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido. Essa intervenção externa deixou um sentimento de desconfiança e hostilidade em relação ao Ocidente, fortalecendo a retórica anti-imperialista na sociedade iraniana.

Ali Shariati deixou um legado duradouro no Irã e além. Sua combinação de ideais religiosos e esquerdistas contribuiu para a formação do discurso revolucionário que culminou na Revolução Islâmica de 1979 | Foto: Reprodução

O movimento dos não-alinhados, criado após a Conferência de Bandung em 1955, enfatizou a independência política e a resistência ao domínio das grandes potências. Um dos principais representantes do movimento foi Gamal Abdel Nasser, do Egito, que se tornou um símbolo de resistência ao colonialismo e ao imperialismo. Esse movimento influenciou o pensamento político no Irã e em outros países do Oriente Médio, promovendo a ideia de uma terceira via, nem capitalista nem comunista.

A hostilidade em relação a Israel, amplamente presente na retórica da Revolução Islâmica do Irã, pode ser parcialmente atribuída ao movimento dos não-alinhados. Para muitos, Israel representava os interesses dos Estados Unidos no Oriente Médio e, portanto, era visto como uma extensão do imperialismo ocidental. Embora a questão territorial fosse central no conflito árabe-israelense, a associação entre Israel e o imperialismo ocidental gerou uma hostilidade mais ampla, estendendo-se além da questão territorial para incluir uma oposição ao domínio estrangeiro na região.

O anti-imperialismo da Revolução Islâmica do Irã, influenciado pelo nacionalismo de Mossadegh e pelo movimento dos não-alinhados, contribuiu para essa visão de Israel como uma força de ocupação e uma extensão do poder ocidental. Isso alimentou uma retórica de resistência e justificou a oposição a Israel dentro do contexto mais amplo de luta contra o imperialismo.

Ali Shariati deixou um legado duradouro no Irã e além. Sua combinação de ideais religiosos e esquerdistas contribuiu para a formação do discurso revolucionário que culminou na Revolução Islâmica de 1979. No entanto, a intersecção entre religião e política pode ser perigosa, especialmente quando combinada com influências de ideais de esquerda e anti-imperialismo radical.

O legado de Shariati aponta que o islamismo radical do final do século XX pode ser parcialmente atribuído à influência do pensamento de esquerda no islã em geral e no Irã em particular. Historicamente, o islã é pacífico e o xiismo, em especial, raramente se envolveu com política, sendo tradicionalmente um movimento afastado do poder

“Quando conquistaram o Irã, no começo do século XVI, os Safávidas fizeram do xiismo a religião oficial do Estado. Até então o xiismo era um movimento esotérico intelectual e místico, e seus adeptos tinham por princípio manter-se à margem da política” (ARMSTRONG, Karen. Em nome de Deus).

A introdução de ideais de esquerda e antiimperialistas no contexto islâmico resultou em uma politização do islã, com consequências duradouras e, por vezes, violentas. Essa mudança na abordagem do islã em direção ao radicalismo político é uma advertência sobre os riscos potenciais quando ideologias religiosas se mesclam com extremismo político.

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