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Obra de arte para discutir violência policial é alvo de vandalismo no Parque Augusta; manequim negro teve dedo arrancado e foi confundido com ‘noia’

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Frequentador do parque chutou boneco. Obra, que faz parte da mostra 3M de Arte, busca discutir violentas formas de abordagem contra pessoas negras. De acordo com o artista, a obra com o corpo exibido em uma postura que evoca as violentas abordagens policiais .
Kleber Tomaz/ g1
Uma das obras da Mostra 3M de Arte, no Parque Augusta, no Centro de São Paulo, tem chamado a atenção dos frequentadores.
Dois manequins negros, encapuzados, colocados de frente para árvores e um muro, como se estivessem prestes a ser revistados, foraram depredados. Eles fazem parte da obra ‘Nem Tudo que Vai Para a Parede É Obra de Arte’, de Marcel Diogo, que discute a violência policial
“Quebraram a mão de uma e arrancaram o dedo de outra. Essa depedração é uma violência contínua, até mesmo sobre a imagem de um corpo rendido, completamente vulnerável”, afirma Marcel.
Um dos manequins já foi consertado pelo artista.
Obra com dedos quebrados.
Kleber Tomaz/ g1
Visitantes do parque também estão confundindo a obra de arte com uma pessoa de verdade. Um homem, que prefere não ser identificado, disse que confundiu o manequim com um “noia” e chutou o boneco para saber se ele se mexia.
Já um morador de rua pensou que fosse um homem abraçando uma árvore para “meditar”.
Os manequins também carregam objetos nos bolsos da calça, como flores e um guarda-chuva.
“O processo de criação parte da minha experiência pessoal. Como um homem negro periférico fui submetido a essa situação durante toda a minha adolescência, incontáveis vezes fui abordado pela polícia, junto com outros amigos negros, e escutei a ordem: ‘mão na parede’ que nos obrigava a assumir essa posição disponível para a revista policial”, afirmou Marcel Diogo ao g1.
“Nesse sentido, hoje, como artista, professor, curador independente, a violência advinda da segurança pública já não ocorre da mesma forma, entretanto, estigmas relacionados à ‘marginalidade’ e uma suposta condição de ‘ameaça’, por outras vias e discursos, ainda pairam sobre nossos corpos negros e periferizados”, completa.
Mãos do manequim com sangue artificial para simular uma agressão durante abordagem
Kleber Tomaz/ g1
Furadeira, guarda-chuva e até saco de pipoca: casos de mortos após terem objetos confundidos com arma se arrastam há anos na Justiça
A mostra 3M de Arte fica em exibição até dia 19 de maio no Parque Augusta e conta com obras que conversam com o Parque Augusta como território de lazer, de pausa, mas também como ponto de passagem, interrupção e conexão com a cidade. Todos os artistas que fazem parte da mostra foram selecionados por edital.
Cartilha abordagem policial
Na sexta-feira (26), a Defensoria Pública, a Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio, e o Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos lançaram a cartilha “Abordagem Policial, o que você precisa saber e como agir?”
Logo na primeira página, o documento faz um alerta: “Essa cartilha não ignora a realidade da violência com que a abordagem policial ocorre nas comunidades – nosso objetivo é ajudar você a conhecer seus direitos e lutarmos por eles”, diz.
A cartilha fala quem pode fazer a abordagem, e exclui a GCM, e informa que a Polícia Civil só mediante mandado judicial. A PM pode fazer blitz e a abordagem pessoal. Também fala que não é permitido “passar as mãos” em partes íntimas, o que configura crime contra a dignidade sexual, sobre a necessidade do policial se identificar e de ter o direito de saber o motivo da abordagem.
O PM não pode mexer no celular da pessoa abordada, usar algemas, entrar em casa sem a presença do morador, e a violência física e psicológica.
Na última terça, um homem negro que foi imobilizado pelo pescoço por policiais militares na região da Cachoeirinha, Zona Norte de São Paulo, durante uma abordagem, ocorrida na última terça-feira (23).
Obras estão em exposição no Parque Augusta.
Kleber Tomaz/ g1
Os manequins também carregam objetos nos bolsos da calça, como flores e um guarda-chuva.
Kleber Tomaz/ g1

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