Abertura da temporada da tainha na Capital celebra a cultura açoriana

Com redes prontas para serem lançadas, ranchos de pesca preparados e toda a comunidade envolvida, chegou um dos momentos mais esperados do ano em Florianópolis e em todo o Estado: o início da pesca da tainha, na modalidade de arrasto de beira de praia.

Como parte da tradição, foi realizada a cerimônia de abertura, nesta quarta-feira (1°), na praia do Campeche. Em sua 17ª edição, o evento é promovido pelo IGMI (Instituto Getúlio Manoel Inácio) em parceria com a associação de pescadores do Campeche.

A cerimônia começou pela manhã, com um acolhedor banquete aberto para a comunidade no rancho de pescadores do saudoso Getúlio Manoel Inácio, um espaço que recebeu reconhecimento da Prefeitura de Florianópolis, na oportunidade, como Patrimônio Imaterial do Município.

Em seguida, uma solene procissão seguiu para a beira da praia, onde foi celebrada uma missa reunindo centenas de fiéis, autoridades e pescadores, marcando o início da safra nos mais de 60 ranchos de pesca da Capital e em centenas espalhados pelo Estado.

Getúlio Manoel Inácio, um dos principais representantes da pesca artesanal de Santa Catarina, era conhecido por seu profundo engajamento e defesa incansável da valorização da cultura local e de sua comunidade. Como fundador da Associação dos Pescadores Artesanais do Campeche e mentor da Missa Campal, realizada anualmente na abertura da safra da tainha, seu legado continua vivo por meio de sua família e do instituto.

“O sentimento é sempre de muita emoção, ao mesmo tempo que é um desafio muito grande seguir algo que foi construído por um grande mestre da pesca artesanal, o meu pai, o seu Getúlio. Tentamos cada vez mais tornar esse momento de abertura um símbolo Santa Catarina”, relata a presidente do IGMI e filha de Getúlio, Carla Inácio.

Tainha, tradição e cultura

O prefeito Topázio Neto destacou que a pesca sempre desempenhou um papel fundamental na vida da Ilha, e a artesanal, em particular, permite que famílias e comunidades se unam em busca de um propósito.

“Começamos uma época muito bonita na Ilha, uma época de tradição, de cultura, de economia, porque a economia também movimenta o turismo que chamamos de turismo de experiência. As pessoas começam a vir para Floripa para participar da pesca nas praias, ter essa sensação de puxar a rede. É algo novo na cidade, mas que cresce cada vez mais”, revela.

Mais do que apenas uma atividade econômica, a pesca artesanal da tainha é uma expressão vívida da cultura açoriana, conforme ressalta a presidente da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes, Roseli Pereira.

“A cultura açoriana está enraizada na pesca artesanal. E na Ilha de Santa Catarina, temos a pesca da tainha muito forte. É uma das tradições de pesca mais importantes de tantas outras que temos, do arrastão e da tarrafa. Sou filha de pescador, do seu Canduca, a pessoa que trouxe a pesca artesanal do cerco para a Ilha e que fomentou a economia. Como manezinhos, nos sentimos muito honrados em homenagear os trabalhadores do mar”, diz Roseli.

“A expectativa é que as tainhas venham em grandes volumes e que possam agraciar nossos pescadores com esse peixe que é tão importante não só economicamente, mas culturalmente e socialmente” Tiago Bolan Frigo, Secretário de Estado da Aquicultura e Pesca

Prática de esportes náuticos está proibida

Neste ano, a prática de todos os esportes náuticos em algumas praias da Ilha está proibida até 31 de julho, enquanto a pesca da tainha estiver ocorrendo. Antes, somente o surfe passava pela restrição.

• Lagoinha do Leste, praias do Matadeiro e da Armação: permitidas a prática com até 500 metros de distância para o canto esquerdo da praia e até 500 metros para a direita da entrada da Praia do Moçambique
• Praia da Joaquina e na praia Mole: os esportes estão autorizados.
• Nas demais praias, será adotado o sistema de bandeiras, que deverão ser colocadas diariamente pelos responsáveis pelos ranchos. Bandeira verde: prática permitida. Bandeira vermelha: prática proibida.