Liliane Rabelo dos Santos, de 43 anos, saiu de Goiânia (GO) em busca de uma melhor qualidade de vida no Rio Grande do Sul, mas com as fortes chuvas acabou perdendo tudo o que conquistou em seis anos. Ela, o esposo e o filho de apenas um ano foram afetados pela enchente histórica que o estado enfrenta desde o fim do mês passado. Até a manhã deste domingo, 5, já morreram 66 pessoas e 101 estão desaparecidas.
Moradora de Canoas, cidade vizinha da capital (Porto Alegre), Liliane ficou sem dar nenhum sinal de vida até o final da tarde deste sábado, 4. A irmã dela, Liliene Rabelo dos Santos, contou ao Jornal Opção que foram momentos de aflição até conseguir localizá-la e que está fazendo uma vaquinha para ajudar a irmã que enfrenta situação de vulnerabilidade em um abrigo.
“A gente estava falando com ela agora. Ela está num abrigo com o filho, o marido e algumas pessoas da família dele. Só que está muito precária a situação, eles não conseguem tomar banho, não têm condições de higiene, está faltando água até para dar descarga no banheiro”, explica Liliene. Ela conta que a irmã está devastada, porque perdeu tudo o que tinha. “Ela não está nem com documento”, completa.
As duas irmãs são naturais de Brasília e vieram para Goiânia em 1990. Em 2018, Liliane foi para o Rio Grande do Sul em busca de uma melhor qualidade de vida. No estado, conheceu um gaúcho, com quem se casou e teve um filho. Após seis anos de conquistas, viu tudo ir por água abaixo neste fim de semana.
“Ela não tem nada, tá com o neném de um ano lá no abrigo e ele não tomou nem banho. Tem várias pessoas na mesma situação”, diz Liliene Rabelo à reportagem. A irmã dela teve a casa invadida pela chuva e perdeu todos os móveis com a enchente. A água chegou até o teto da residência. Liliene relata que a família da irmã chegou a ir até a casa de uma vizinha, mas o local foi afetado também.
“Eles ficaram abrigados no teto da vizinha, mas precisaram ir pra uma escola porque o sobrado foi inundado também”, explica Liliene. Veja o vídeo do alagamento abaixo.
Tragédia afeta 332 municípios
“Consegui carregar o celular agora, estamos num abrigo. Perdemos tudo, saí só com a roupa do corpo. Perdemos o carro e a água chegou até no teto da nossa casa”, diz Liliane Rabelo emociada em um áudio enviado à irmã (ouça abaixo).
A chuva, que começou em 26 de abril, ganhou força no dia 29. O boletim do governo do Rio Grande do Sul diz que há 707.190 pessoas afetadas pela tragédia, com 66 mortos, 155 feridos e 101 desaparecidos. De acordo com a Defesa Civil, 332 municípios foram afetados pela enchente histórica. Ao todo, há 15.192 desabrigados, instalados em alojamentos cedidos pelo poder público, e 80.573 desalojados.
A família fez uma vaquinha on-line para ajudar Liliane Rabelo, seu marido e seu filho. Eles enfrentam situação de vunerabilidade em um abrigo no Rio Grande do Sul. Confira os dados da vaquinha abaixo. As contribuições podem ser destinadas ao pix (62) 98267-6289.
Até a noite deste sábado, 4, ainda conforme a Defesa Civil, eram mais de um milhão de imóveis sem abastecimento de água, fornecido pela empresa Corsan, e 418 mil domicílios sem energia elétrica. Os temporais também afetaram o serviço de telefonia em várias cidades. A TIM informou que 63 municípios estão sem serviços de telefonia e internet. O problema atinge a Vivo em 18 cidades, e a Claro em 53 municípios.
As aulas foram suspensas nas 2.338 escolas da rede estadual. Quase 200 mil alunos foram impactados. Um total de 224 escolas tiveram sua estrutura danificada pelas consequências da chuva. Em todo o estado, os temporais também provocaram também danos e alterações no tráfego nas rodovias estaduais gaúchas. Segundo a última atualização, neste sábado, eram 128 trechos em 68 delas, com bloqueios totais e parciais, entre estradas e pontes.
Segundo o governo gaúcho, duas barragens estavam em situação de emergência, com risco iminente de romperem.
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