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Em Copacabana, Madonna reafirma potência e mostra que coroa do pop ainda é sua

Com mais de 50 minutos de atraso, Madonna subiu ao palco na praia de Copacabana para o maior show de sua carreira. Mesmo com fãs protestando batendo leque – fazendo um digno “lequetaço” – por causa da demora, foi só o som começar para introduzir a rainha do pop que todos esqueceram do cansaço, da fome, do calor e do empurra-empurra da multidão.

Afinal, Madonna arrastou mais de 1,6 milhão de pessoas para Copacabana, segundo a RioTur.

O show começou com o talento de Bob the Drag Queen, Como mestre de cerimônias do show, a drag queen que venceu a 8ª temporada de “RuPaul’s Drag Race” para introduzir a história da Madonna, que é contada através dos atos da apresentação.

Com monólogo todo em inglês, faltaram legendas para que as pessoas pudessem ler o que estava sendo dito – já que, neste momento, o áudio mais próximo do palco não permitia distinguir as palavras, mesmo quem sabia inglês.

Durante a abertura, Bob the Drag Queen relembra a trajetória que faz de Madonna um ícone. “Ela nos ensinou a transar”, fala. “Isso não é apenas um show, não é apenas uma apresentação – é uma celebração.”

Madonna então sobe ao palco, levando mais de 1,6 milhão de pessoas em Copacabana à loucura. Gritos, leques e lágrimas lotam a praia.

Madonna abre o show de Copacabana com “Nothing Really Matters” / Marcos Hermes

Com “Nothing Really Matters“, ela abre a apresentação que dura cerca de 2 horas e 10 minutos.

Madonna: acessível (dentro do possível)

Além de gritar “Rio” algumas vezes, perguntando como as pessoas estão, Madonna mostra todo seu português ao dizer: “Caralho”. A rainha justifica que irá falar inglês durante a apresentação pois seu “português é ruim” – afinal, “caralho” é uma das palavras do idioma que ela mostra segurança o suficiente para falar ao longo do show.

Aos gritos de “gostosa”, Madonna brinca. “Eu sei o que ‘gostosa’ significa”, fala. “Acho que é um elogio.”

“Eu aprendi umas palavras em português”, garante, ao relembrar que já namorou homens brasileiros. “Como ‘safada‘ e ‘bunda suja‘.”

“Vou contar histórias pessoais que escrevi no meu diário pessoal”, revela a diva. “Sonhos e histórias que ninguém vai saber – apenas as pessoas que estão aqui no Rio.”

Madonna é inacessível como toda estrela da música que chega ao nível que ela chegou. Ao abrir sua vida, relatar episódios íntimos (como quando ela conta que fez sexo oral em um produtor e disse que “boquete não te leva ao estrelato, mas te leva até a metade do caminho) e revelar dificuldades (ela tinha apenas 35 dólares e um sonho quando chegou em Nova York), Madonna desce do pedestal que os fãs a celebram e se aproxima deles.

Durante “Bad Girl“, Madonna se aproxima mais ainda dos fãs brasileiros ao pegar na mão do público. É a única vez que ela faz isso durante a apresentação – e dura apenas alguns poucos segundos.

O que aproxima o público ainda é a família de Madonna estar no palco. Mercy James encanta no piano e David Banda no violão. No entanto, a mais carismática das crianças de Madonna que sobe com a mãe durante a “The Celebration Tour” é Estere.

A pequena entrega absolutamente tudo durante sua performance como DJ e, depois, como dançarina de “Vogue”. Ela mereceu as notas 10 que recebeu da mãe e da Anitta durante a música.

Versatilidade e setlist de 40 anos de música

Além de deixar de ser uma deusa para ser humana durante o show, Madonna fez uma seleção que permite que ela mostre mais versatilidade.

Um exemplo disto é como a artista aborda “Burning Up“. A faixa punk, com direto a rainha tocando guitarra, fala sobre sua presença no CBGB (berço do punk em Nova York) e seu relacionamento com Jean-Michel Basquiat.

Afinal, com mais de 40 anos de carreira, é impossível não se envolver  com outros ritmos.

Madonna mostra que sustenta apenas na voz ao cantar “Express Yourself” em uma versão mais lenta, acústica, apenas voz e violão.

Outro ponto é a homenagem feita para Michael Jackson. Com dançarinos vestidos como ela e Michael na década de 80, todo o prelúdio de “Like A Virgin” é uma homenagem para o astro que sempre irá dividir o trono com Madonna.

“Like A Virgin”, inclusive, foi uma das surpresas da noite. A música não apareceu nos outros shows da “The Celebration Tour”, mas marcou presença para os fãs brasileiros que queriam ouvir o primeiro grande hit da rainha do pop.

Ao flertar com outros ritmos, Madonna foi naturalmente apresentada e já brincou com gêneros como reggaeton e o funk brasileiro. Ao atender uma ligação no meio do palco, a rainha do pop transmite no telão uma gravação da cantora colombiana Tokischa, com quem tem a faixa “Hung Up on Tokischa“.

Apesar desse momento ser íntimo para os fãs latinos, é impossível não pensar que faltou funk na apresentação. Afinal, Madonna tem “Faz Gostoso” com Anitta. Com a funkeira até marcando presença em Copacabana, não dá para entender a escolha de ter deixado esse momento de fora do setlist.

Com as quatro décadas de música, não faltam eras para a rainha do pop. E todos esses momentos e looks incríveis foram reproduzidos pelos bailarinos durante a performance de “Bitch I’m Madonna“. É o grande momento que celebra os anos de carreira da rainha do pop antes de encerrar a apresentação, quase às 1 h.

Sexo, sex symbol e sensualidade

Liberdade sexual, além de direitos humanos e da comunidade LGBQTIA+, sempre foi um dos temas centrais na imagem que Madonna quis passar além de seu lado artístico durante a carreira.

Como Bob the Drag Queen lembrou, Madonna é quem nos ensinou sexo e a transar.

Com representações de suas fases ao longo da carreira com dançarinos vestidos como ela usando uma meia calça na cabeça (o que, de certo modo, fica levemente perturbador), Madonna protagoniza uma cena de sexo consigo mesma.

“Live To Tell” foi marcada por homenagens para brasileiros

Madonna foi e ainda é uma das maiores vozes na luta contra a AIDS/HIV e pelo fim do preconceito com a comunidade LGBTQIAP+. Durante seu show, ela aborda e lembra isso.

Durante “Live to Tell“, a rainha do pop relembra ícones e amigos próximos que perdeu para a doença. No show de Copacabana, brasileiros que morreram em decorrência da AIDS também foram exibidos: Cazuza, Renato Russo, Caio Fernando de Abreu, Claudia Magno, Sandra Bréa, Wagner Bello, Zacarias, Thales Pan Chacon e Betinho.

Madonna então agradeceu a nação queer que “sempre esteve aqui” para ela. “Todas as pessoas que lutam pelo direito de serem livres e de amarem quem quiserem. Não tenham medo! Eu lutarei por vocês até eu morrer”, reforça a rainha do pop.

Madonna deve homenagear Cazuza, Renato Russo e outros brasileiros vítimas da Aids. / Kevin Mazur/WireImage for Live Nation e Reprodução/Redes sociais

Puro suco de Brasil

Nós, brasileiros, somos um público fácil. Em shows, é sempre a plateia mais animada, que canta mais alto e mais se emociona durante o show. Durante a apresentação da Madonna, isso não foi diferente. Nos outros shows da turnê, diversos brasileiros marcaram presença e até levaram a bandeira do Brasil para passear.

Madonna agradeceu os fãs brasileiros e disse que vê a bandeira verde e amarela “em todos os lugares”. “Vocês sempre estão aí por mim”, disse. “Eu sinto no meu coração e sinto na minha buceta.”

A diva fala sobre o momento incrível que é esse, ao mencionar as montanhas, a praia e o Cristo Redentor. “Eu estou no paraíso”, diz.

Um dos momentos mais icônicos foi quando Anitta subiu ao palco. Todos estavam na expectativa da funkeira cantar “Faz Gostoso” com Madonna, mas ela apenas marcou presença durante o momento de celebridade (como Ricky Martin participou, por exemplo) ao ajudar a rainha do funk a dar notas no baile de vogue que acontece durante “Vogue“.

Mas o verdadeiro momento cheio de emoção e que é puro suco de Brasil foi durante “Music“. Teve Pabllo Vittar pegando Madonna no colo, desfilando pelo palco, simulando sexo com a rainha do pop e até as duas balançando a bandeira do Brasil.

Madonna e Pabllo Vittar dividem o palco durante o show da cantora que encerra a “The Celebration Tour” em Copacabana / Buda Mendes/Getty Images

A versão da música apresentada ainda é em um novo arranjo, de samba, e com presença de ritmistas de escola de samba para fazer o clima.

Durante o momento, os telões exibiram alguns ícones do país, como Marielle Franco, Pelé, Daniela Mercury, Mano Brown, Cacique Raoni, Elza Soares, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Erika Hilton, Paulo Freire e Fernanda Montenegro.

Para quem assistiu aos ensaios, a performance foi praticamente a mesma. A única diferença é que, agora, tanto Pabllo quanto Madonna vestiam roupas do Brasil estilizadas.

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Este conteúdo foi originalmente publicado em Em Copacabana, Madonna reafirma potência e mostra que coroa do pop ainda é sua no site CNN Brasil.

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