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A experiência que Santa Catarina pode passar ao Rio Grande do Sul quando as águas baixarem

Santa Catarina faz parte do abraço solidário que o Brasil dá ao Rio Grande no Sul neste momento de tragédia e calamidade extremos que o Estado vizinho vive. Por estarmos ao lado dos gaúchos, geograficamente e culturalmente, essa ajuda é imperiosa e tem sido garantida no limite das nossas dificuldades pelo governador Jorginho Mello (PL).

Aeronaves e policiais e bombeiros militares foram cedidos para o resgate de pessoas isoladas pelas águas, assim como integrantes da Polícia Científica vão ajudar a identificar aqueles para os quais o resgate não chegou a tempo. Catarinenses e empresas de Santa Catarina ajudam com doações para os desabrigados.

Tudo isso é muito importante, vital na hora da emergência.

Mas quando as áreas baixarem, Santa Catarina terá outro papel na reconstrução do Rio Grande do Sul. Nós conhecemos a dor que eles vão enfrentar e temos condições de passar a experiência de reconstrução e, especialmente, de uma cultura de antecipação dos desastres que, muitas vezes nos últimos anos, tem poupado vidas e, às vezes, minimizado os estragos.

Santa Catarina está pelo menos uma década à frente dos vizinhos em questões de defesa civil – estadual e nos municípios que costumam ser afetados pelas chuvas, especialmente no Vale do Itajaí. As enchentes dos anos 1980 deixaram legados de reconstrução e solidariedade, sob a liderança de um jovem governador Esperidião Amin (PDS, hoje PP)

Mas foi a partir de 2008 que o Estado virou a chave sobre a necessidade de fortalecer e institucionalizar a defesa civil como essa área prioritária do governo estadual.

Lembro das enchentes de 2008 como repórter do A Notícia, em Joinville, ajudando os colegas do Santa, em Blumenau, a editar as páginas do jornal – eles estavam isolados como boa parte da população da cidade e da região. Na televisão da redação, ligada no Jornal Nacional, o então governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB, atual MDB) tentava achar as palavras que fizessem o resto do país entender o tamanho do nosso drama.

Os morros derretem feito sorvete – dizia Luiz Henrique, em referência ao Morro do Baú, em Ilhota, onde morreram 47 pessoas. Ao todo, 135 pessoas perderam a vida nas cheias de 2008.

Com essa tragédia ainda recente na memória, o tema entrou na campanha eleitoral de 2010. Candidato ao governo, Raimundo Colombo (ainda no DEM, hoje extinto) prometia criar uma Secretaria Estadual de Prevenção a Desastres. O nome não vingou, mas a promessa, sim.

Colombo transformou a Defesa Civil em Secretaria de Estado. Por ela passariam Geraldo Althoff, Milton Hobus e Rodrigo Moratelli – um período de estruturação e investimentos através de financiamentos conquistados junto ao governo federal comandado à época por Dilma Rousseff (PT).

No governo Carlos Moisés (Republicanos), a Defesa Civil perdeu o status de secretaria e a importância dentro da máquina estadual. Jorginho Mello recuperou essa condição, como Secretaria de Estado de Proteção e Defesa Civil, e hoje ela está sob comando do coronel Fabiano de Souza, do Corpo de Bombeiros Militar, de atuação destacada nas cheias que atingiram Santa Catarina ano passado.

Essa importância dada à Defesa Civil na gestão e a estrutura que lhe foi dada foi fundamental para que Santa Catarina não tenha repetido ano passado os números pavorosos de mortes que vivemos em 2008, mesmo com volume até maior de chuvas.

Ainda precisamos investir muito em infraestrutura para proteger nossa gente dos danos causados pelas enchentes. Mas aprendemos a sobreviver a elas.

É essa experiência que podemos emprestar aos irmãos gaúchos daqui para frente. Não apenas em nível de governança pública, mas de cultura. O porto-alegrense tem muito a aprender com o blumenauense, com o riossulense, entre tantos outros catarinenses que vivem esse saber de que não é se a enchente virá, mas quando virá.

Na hora certa, que não é agora, estaremos aqui para mais este abraço.


Crédito da foto: Roberto Zacarias, Secom-SC.

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