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Brasileira ganha prêmio internacional com projeto de recuperação de rio na Inglaterra


Carolina Orlandi Pinto coordenou o trabalho de seis anos de uma ONG, que conseguiu despoluir e desassorear um trecho do Rio Rom, afluente do Tâmisa, principal do país. Brasileira ganha prêmio internacional com projeto de recuperação do Rio Rom, na Inglaterra. Espírito Santo
Divulgação/ONG Thames21
Uma brasileira especialista em restauração de rios ganhou o troféu UK River Prize em 2024, na Inglaterra, após coordenar um projeto de recuperação do Rio Rom, no Leste de Londres, Inglaterra. Carolina Orlandi Pinto ainda celebra a premiação, promovida pelo The River Restoration Center, que reuniu mais de 400 nomes que são referências nesta área ambiental.
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O projeto “Rewilding the Rom” foi desenvolvido pela ONG Thames21, coordenado pela brasileira junto a uma equipe de cinco pessoas, em um trabalho que durou cerca de seis anos. O resultado foi divulgado no final de abril.
Brasileira, gerente de restauração de rios, Carolina Orlandi Pinto, ganha prêmio internacional na Inglaterra.
Divulgação/ONG Thames21
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Segundo a pesquisadora, o Rio Rom está em uma área degradada da cidade de Londres, urbanizada e com problemas de poluição. O projeto foi capaz de transformar o trecho recuperado em um ambiente saudável para a vida selvagem, reduzindo o risco de inundação para os moradores locais.
“O prêmio UK River Prize reconhece os esforços de indivíduos e organizações que trabalham para melhorar a integridade ecológica dos rios e bacias hidrográficas, destacando os benefícios sociais de um ambiente natural saudável. Estamos extremamente honrados por sermos reconhecidos, é um testemunho do trabalho árduo e dedicado de nossa equipe, bem como do apoio da comunidade local”, celebrou a pesquisadora.
Brasileira, gerente de restauração de rios, Carolina Orlandi Pinto, ganha prêmio internacional na Inglaterra.
Arquivo pessoal
Esse é o prêmio mais prestigiado do Reino Unido nesta área. Sua edição acontece anualmente. O projeto da Carolina venceu na categoria “trechos de rios restaurados”, por reconhecimento de mérito.
Recuperação utilizando recursos naturais
O Rom é um dos principais afluentes do Rio Tâmisa, nasce em área rural e corta a capital inglesa até chegar ao Tâmisa. O trabalho foi feito em um trecho específico, em parceria com a prefeitura, que investe na implementação de áreas verdes.
Brasileira Carolina Orlandi Pinto ganha prêmio internacional com projeto de recuperação de rio na Inglaterra.
Arquivo pessoal
“Nós tínhamos dois principais objetivos, a criação de habitat para vida selvagem e gestão natural de enchentes, criando bacias de alagados, segurando a água para que regiões que sofriam com alagamentos ficassem mais protegidas. E tudo usando métodos naturais, adicionando madeiras no curso d’água para formar meandros, adicionando gravetos e galhos para aumentar a rugosidade do curso da água e wetlands para filtrar recursos”, explicou.
Segundo Carolina, o desmatamento acarreta a sedimentação e a perda de características naturais de um rio, como as curvas do leito.
“Quando você coloca esses elementos naturais de volta no canal, você está trazendo de volta essas curvas, que são os meandros do rio. O rio também flui mais devagar e isso ajuda a manter o volume de água. Com o fluxo mais lento, o sedimento vai se assentando no fundo e a água fica mais limpa”, pontuou Carolina.
Brasileira Carolina Orlandi Pinto ganha prêmio internacional com projeto de recuperação de rio na Inglaterra.
Arquivo pessoal
O projeto começou a ser desenvolvido em 2016 e o trabalho foi realizado ao longo de seis anos.
“Foram alguns anos de dedicação. A verba saiu em 2018 e a construção da estrutura durou seis meses. Já o monitoramento é a parte mais longa, foram cerca de seis anos para ser realizado. Hoje, conseguimos como resultado ambientes diferentes dentro no mesmo rio, a fauna começa a reaparecer, as margens estão mais estabelecidas, sofrendo menos com a sedimentação”.
Roedor voltou a ser visto na região
Water Vole, mamífero que está em extinção em Londres, voltou a ser registrado após trabalho de recuperação de rio
Arquivo pessoal
A pesquisadora celebra os registros recentes do Water Vole, um mamífero local que está em extinção, mas voltou a ser visto no trecho recuperado do Rio Rom, trazendo uma esperança de repovoamento da espécie.
“É como um rato d’água, esse mamífero é um dos que mais está em declínio no Reino Unido. Um dos objetivos foi restaurar o habitat para essa espécie e nós conseguimos. Através de monitoramento, detectamos a presença no trecho onde fizemos o restauro, depois de anos sem ser visto na região”.
Técnica utilizada na Inglaterra também já foi aplicada no Brasil
Carolina nasceu no Espírito Santo, em Vitória, e mora em Londres há cerca de 15 anos, entre idas e vindas ao Brasil. Foi ao país europeu para passar um ano, mas acabou se casando e se especializando. Fez faculdade de Ciências Ambientais, mestrado em Gestão de Recursos Hídricos e começou a trabalhar nessa área desde então.
A mesma técnica de recuperação de rio na Inglaterra foi implementada no Rio Mangaraí, em Santa Leopoldina, Espírito Santo.
Leonardo Merçon
Em 2015, quando estava no Brasil, Carolina fez um projeto para restauração do Rio Mangaraí, no município de Santa Leopoldina, na Região Serrana do Espírito Santo, e desenvolveu a mesma técnica que mais tarde viria a aplicar no Rio Rom. Naquele ano, foi uma experiência inédita na América Latina.
No caso do Mangaraí, troncos de eucalipto foram fixados no curso do rio para ajudar a frear o curso da água. O Rio Mangaraí é um afluente do Rio Santa Maria, maior fornecedor de água da Grande Vitória, que vivia um racionamento de água no período.
“O rio era praticamente todo homogêneo, todo igual. A gente tinha só areia no seu leito. Uma vez que a gente colocou os troncos de madeira, a gente começou a perceber diferentes tipos de fundo, de substrato no rio. A água perdeu a sua turbidez e os animais voltaram a aparecer”, lembrou.
A iniciativa chegou a ser premiada no Prêmio Ecologia do Espírito Santo, em 2016.
Trabalho no Rio Doce após desastre de Mariana
O Rio Doce foi atingido pela lama de rejeitos, na tragédia de Mariana.
Globo Repórter
Além da experiência no Rio Mangaraí, a capixaba também implementou a técnica no Rio Doce, para auxiliar na filtragem da água depois do desastre de Mariana.
“Escrevi uma proposta para a Fundação Renova, e o projeto ainda está sendo implementado no Rio Doce. Eu voltei para Londres mas a estrutura foi feita e segue sendo monitorada. Neste caso, a estrutura foi montada com troncos e galhos de madeira para ajudar a segurar os sedimentos, em Minas Gerais, mais próximo do local onde o acidente aconteceu e mais no começo do curso do rio. O objetivo é que os sedimentos sejam processados no local ao invés de descer e escoar para outras partes do rio. Os troncos ajudam na decomposição da matéria que lá”, explicou.
Carolina avalia que são muitos exemplos positivos e com recursos naturais ao redor do mundo que poderiam ser espelho para iniciativas no Brasil.
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“A gente tem que ser um pouco mais ambicioso na hora de propor medidas para recuperar os rios. Às vezes, somos muito conservadores ao propor as técnicas, mas temos que acreditar na ciência, acreditar nos processos naturais, olhar o que a natureza tem para ensinar a gente e se inspirar nela para atuar na despoluição, na redução de enchentes, que poderiam contribuir para dezenas de rios urbanos do país”.
Trecho do Rio Rom, na Inglaterra, foi recuperado por projeto de capixaba Carolina Orlandi Pinto utilizando técnicas naturais.
Divulgação/ONG Thames21
Enquanto isso, em Londres, o objetivo é continuar trabalhando na restauração do Rio Rom em outros trechos. A ONG onde ela trabalha lidera dez comitês de rios que pertencem à bacia do Rio Tâmisa, que é o mais importante da Inglaterra, o principal rio capital para abastecimento e navegação.
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