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Viciado em ‘resenha de funk’, VHOOR agora quer um Grammy

O tímido produtor mineiro Vhoor chama de “brincadeira” os 10 anos de carreira que, em 2021, atingiu seu ápice comercial com o lançamento de “Baile”, em parceria com o rapper FBC. Agora, ele lança “Resenha”, álbum de funk que revela o quanto a produção funkeira é feita por funkeiros viciados na história do… funk. Com a autoestima em dia, ele agora quer um Grammy.

Resenha de VHOOR

“Do ‘Baile’ ao ‘Resenha’ foi uma construção de autoestima artística, de acreditar. De ver que meu trabalho e o de outros produtores nacionais estão no mesmo patamar de produções globais”, reflete, adjetivando o novo álbum como “competitivo”. “É um álbum que eu posso mostrar para os produtors que eu sou fã. Minha meta agora é um Grammy”, diz assertivo.

Puxado pelo hit “Se Tá Solteira”, “Baile” levou a dupla Vhoor e FBC para outro patamar na música brasileira. O álbum tentou contar histórias não só pelas (ótimas) letras, mas também pelo timbre de cada beat do produtor mineiro. O trio (produtor, MC e disco) é hoje uma referência na música pop brasileira. De quebra, Vhoor tornou-se uma bandeira do funk brasileiro para a gringa.

“Eu ficava falando pro Fabrício [nome real de FBC]: ‘cara, e se a gente fizer um álbum em que cada timbre tem uma história? Será que a gente consegue chegar nesse lugar?’”, conta, explicando que “esse lugar” significava ser referência. Deu certo. Quando Anitta anunciou “Grip”, de seu novo álbum “Funk Generation”, muitas pessoas evidenciaram a proximidade com os timbres de “Baile”. Para o DJ não se trata de cópia, mas de DNA.

“Sei que Baile rodou bastante no Brasil e é um álbum que bateu forte também no underground. Não posso dizer que foi ‘Baile’ que inspirou alguns artistas a fazerem miami bass,  mas sei que ele influenciou muita gente”, diz o produtor que é amigo de Zebu, produtor do novo álbum da cantora. Ambos dialogaram sobre o tema no X.

Se em “Baile” o tributo era ao miami bass dos anos 1990, “Resenha” revive o funk a partir do gênero ostentação, passa pelo “Passinho do Romano” até chegar no DJ P7, um dos criadores do mandelão.

Das resenhas dos menores aprendizes pro mundo

“Produzir funk é uma cultura diferente de produzir música eletrônica”, diz Vhoor citando o ensinamento principal a partir das colaborações em “Resenha”. Se, a partir de 2010, músicas de MCs como Pikachu, Bin Laden e danças como as protagonizadas por Fezinho Patatyy eram vistas como meme para grande parte da internet, também havia muita gente que registrava aquilo como parte da história do funk. Viciado em funk, Vhoor era um deles.

Evocando o nome dado àquelas pequenas reuniões para ouvir música e encontrar amigos, “Resenha” faz uma viagem pelo funk que passou pela retina e ouvidos do ex-menor aprendiz especializado em recursos humanos. “Esse disco fala de como eu fui parar no funk. Quando éramos moleque, a gente pegava essa grana de menor aprendiz e tínhamos o hábito de se encontrar, fazer festinha”.

Mas, principalmente, esses moleques queriam escolher as músicas.

“Eu fiquei apaixonado. Eu ficava pensando ‘nossa, véi, como funciona tudo isso?’. O funk no Brasil hoje é uma ferramenta da música pop. Muita coisa só existe por causa do funk. Então, esse álbum é uma realização pessoal, é o sonho do Victor Hugo de 10 anos atrás”, conta.

Depois de passada a etapa das resenhas e das primeiras discotecagens, Vhoor tornou-se referência. Em 2023, foi avistado tacando bolhas para cima dos europeus quando de sua apresentação no Primavera Sound, em Barcelona (veja no vídeo abaixo). Para quem é pouco versado em funk, o produtor mineiro funciona como uma espécie de catalogador — como boa parte da fauna de produtores de funk que são extremamente viciados na história do gênero.



“Eu tava conversando com o P7… Sentar pra falar com ele é como sentar com um engenheiro desses que ganham Grammy, sabe? Foi ele que me explicou o beat bolha”, diz orgulhoso das resenhas que o funk proporciona. “Ele falou ‘o beat bolha é uma parada da época do ‘passinho do romano’, só que o pessoal do Rio usou de uma forma meio rave’. Na minha visão ele é top 20 produtores mundial. É muita cultura para uma pessoa só”, reverencia.

A “resenha” com P7 gerou “Bolha Antiga 2014” que, em “Resenha”, ganhou o simples nome de “Bolha”.

DJ P7 · Bolha Antiga 2014 🏄‍♂ DJ P7, VHOOR (Faixa 3) Funk Deluxe vol.2

O funk na música pop

“Cara, pode ser uma coisa da minha cabeça, mas é uma reflexão que eu tenho: o funk se divide em dois. Um funk é de perfomance, tipo show da Anitta: 20 bailarinos, iluminação, fogos… E o baile funk tipo Jeeh FDC, Ramon Sucesso… Eu acho que é um funk de bastidor… Sempre tem uma aproximação, mas são culturas muito diferentes. Eu não me vejo tendo um papo com a Anitta explicando para ela o porquê de eu ter usado o sample de ‘Escorregou, Abaixa E Pega’ [do MC Sabãozinho, que Vhoor utilizou em ‘Escorregou’]. Acho que ela tá mais preocupada em fazer um ‘showzaço’”, reflete sobre a diferença entre o funk que os funkeiros gostam e o funk que o mundo pop gosta.

A resenha faz sentido para um DJ que se orgulha de gostar das acapelas de Márcio Santos, o MC Vuk Vuk, para além do meme. “Tem muita coisa que era visto como ruim [risos]. Mas ele é uma entidade. As pessoas vão cortando as acapelas e fazendo frases. Eu acho que, dentro do funk, tem uma cultura em fazer da voz dele a melhor coisa do mundo!”, diverte-se contando a história do MC dado como morto em 2013 e, hoje, uma das vozes mais usadas no funk.

“O WS da Igrejinha foi pro Egito! Ele se fantasiou de faraó para lançar uma música com o Vuk Vuk! É uma cultura muito foda. É meio meme? Mas é acreditar demais nesse meme. Alguém tava no Egito e simplesmente pensou ‘vou chamar o WS da Igrejinha para tocar aqui’”, deleita-se. “O que eu pude usar de acapela e pontos marcantes, nesse álbum, eu usei”, finaliza, orgulhoso da cria.

Contando com “Baile”, “Resenha” é o terceiro álbum de Vhoor. Ele sucede “Baile & Bass“, de 2022.

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