Gilberto Fiorini, de 63 anos, e Daniel Zanotelli, de 38 anos, moram em São Miguel do Oeste, Extremo-Oeste Catarinense e, recentemente, encararam o desafio de percorrer o caminho milenar de Santiago de Compostela, na Espanha. Ao todo, os ciclistas pedalaram cerca de 900 km em nove dias de viagem.
A paixão pelo ciclismo uniu a dupla de amigos com um objetivo em comum: pedalar e descobrir novos horizontes. Beto é aposentado e pedala há mais de 15 anos. Já o empresário Daniel, pratica o esporte há cinco anos.
Escolha do caminho
A ideia de percorrer o famoso caminho na Europa surgiu de Daniel. “Por ser um trajeto de fé e por tudo o que representa para as pessoas que passam pelo local”.
Para chegar até Santiago de Compostela, a dupla optou pelo caminho francês, o mais tradicional que é mais longo e, consequentemente, mais difícil. “Os peregrinos são convidados a enfrentar desafios físicos e emocionais, encontrar novos amigos e descobrir lugares históricos e culturais fascinantes”, conta Daniel.
Detalhes do percurso
O pedal começou em Saint-Jean-Pied-de-Port, na França, no dia 17 de abril e terminou em Santiago de Compostela, na Espanha, em 25 de abril. A dupla passou por 67 cidades e diversos vilarejos.
Grandes centros urbanos como Pamplona, Burgos, Léon e Logroño também fizeram parte do itinerário da dupla.
Beto explica que um vilarejo com 8 mil habitantes chamou a atenção. “Todas as edificações dos pequenos vilarejos são em pedra, com pouca ou nenhuma madeira. Em algumas vilas, até o telhado é de pedra”.
Sinalização e chegada
Conforme Daniel, o caminho é todo sinalizado e leva os turistas por dentro das vilas e cidades. “O que faz você conhecer e contemplar um pouco mais sobre a história espanhola. Surreal o que vimos durante a viagem”, menciona.
O percurso foi finalizado na Catedral de Santiago de Compostela. A tradição católica explica que os restos mortais de São Tiago estão no local. “Um dos apóstolos de Jesus”, detalha Daniel.
Rotina e os desafios de Santiago de Compostela
A rotina dos ciclistas começava bem cedo, por volta das 7h, eles arrumavam as bagagens nas bicicletas, escolhiam a roupa conforme a temperatura e buscavam uma padaria para tomar café.
Um dos desafios foi enfrentar a temperatura que, por muitas vezes, era de -3 °C. “Logo chegava a 26 °C com o sol, porém o vento frio queimava nosso rosto e ressecava os lábios”, afirma Daniel.
Ao longo de dois dias, a chuva acompanhou a dupla pelo caminho, mas a precipitação não atrapalhou a missão dos ciclistas de pedalar, em média, 100 km diariamente.
Peregrinos
Além da percepção sobre a boa sinalização no trajeto, os ciclistas observaram a quantidade de peregrinos vindos de diversos locais do mundo para completar o percurso entre 30 à 35 dias de caminhada.
Beto analisa que 90% do público era de pessoas com mais de 60 anos. “Encontramos peregrinos cadeirantes, famílias com filhos pequenos levados a tiracolo, com cães de companhia e idosos”, detalha.
Beto e Daniel pedalavam durante o dia e buscavam um albergue previamente reservado para a noite. “A alimentação não foi muito diferente do que se encontra em nosso país, porém há muita oferta de peixes e frutos do mar”, diz Daniel.
Somente o necessário
A bagagem foi organizada com o necessário para a duração da viagem. Mesmo assim, nem tudo foi utilizado. “Este é um dos propósitos do caminho: andar com o mínimo possível e se desapegar de coisas materiais”, completa Beto.
As paisagens cinematográficas
Os olhos dos ciclistas foram contemplados com paisagens cinematográficas de edificações antigas, igrejas centenárias com sinos imponentes, vilarejos e cidades milenares.
Além disso, os ciclistas passaram por inúmeras plantações de uva e oliveiras, lavouras de colza, montanhas com neve e observaram ninhos de cegonhas nas torres das igrejas. “Indescritível relatar as paisagens que visualizamos”, descreve a dupla.
Problemas dos ciclistas
O maior problema enfrentado pelos ciclistas foi o peso das bagagens. “Com os alforges carregados com nossas roupas e demais itens essenciais à viagem, estimamos em 20 kg o peso extra em cada bicicleta”, explica Daniel.
Ainda, o frio excessivo, subidas ‘intermináveis’ e com grau de inclinação elevada desafiaram a dupla ao longo dos 900 km.
Pedalada concluída com êxito
Segundo Beto e Daniel, é difícil descrever tanta emoção. “O que nos marcou muito foi a receptividade do povo espanhol, a fé estampada no semblante de cada peregrino pelo qual passávamos e as paisagens que visualizamos”.
A pedalada foi concluída com êxito e a dupla incentiva que mais pessoas se desafiem pelo caminho de Santiago de Compostela, seja a pé ou de bicicleta. “Agradecemos a Deus pela oportunidade, às nossas famílias que deram total e irrestrito apoio e aos amigos que emanaram muita energia”, ressaltam.
Foi a primeira vez que Beto e Daniel percorreram uma longa distância apenas em dupla e sem o carro de apoio. “Não tivemos nenhum problema mecânico, só um pneu furado”.
Em outras oportunidades, a dupla participou de roteiros diferenciados com mais ciclistas. “Já pedalamos várias vezes em caminhos Argentinos, na região das Cataratas do Iguaçu e recentemente andamos em Bariloche, também na Argentina”.
Buon caminho
Entretanto, a cicloviagem do caminho de Santiago de Compostela foi, sem dúvida, o maior desafio da dupla de amigos. “Você consegue! Aprenda inglês e buon caminho”, finaliza Daniel.
Na internet
Daniel compartilhou detalhes, curiosidades e desafios do caminho de Santiago de Compostela por meio da internet.
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