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Ativos brasileiros sofrem baque com preocupação do mercado sobre perfil do BC pós-Campos Neto

Os ativos brasileiros tinham forte queda nesta quinta-feira (9), após a decisão dividida do Banco Central sobre o ritmo de corte dos juros levantar temores no mercado sobre mudanças no perfil da instituição em 2025.

No final deste ano, o mandato do atual presidente do banco, Roberto Campos Neto, se encerra e com o giro de cadeiras o Comitê de Política Monetária (Copom) terá uma diretoria quase integralmente indicada pelo governo Lula.

O Banco Central anunciou no início da noite de quarta-feira (8) um corte de 0,25 ponto percentual na taxa Selic, para 10,50% ao ano, interrompendo sequência de seis reduções seguidas de 0,50 ponto percentual e abandonando sua indicação sobre o futuro dos juros básicos.

De acordo com o comunicado do Copom, a redução de 0,25 ponto foi decidida por cinco votos a quatro, com todos os diretores indicados por Lula defendendo um corte maior, o que o Citi descreveu em relatório a clientes como “uma rixa bastante indesejada dentro da diretoria”.

Apoiaram o ritmo aprovado o presidente Roberto Campos Neto e os diretores Carolina Barros, Diogo Guillen, Otávio Damaso e Renato Gomes, todos indicados ou reconduzidos no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Ailton de Aquino, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira votaram por corte maior, de 0,5 ponto.

Na esteira da decisão, o dólar saltava 1,3%, a R$ 5,1578 na venda, por volta de 12h05 (de Brasília); enquanto o Ibovespa caía 1,4%, a 127.662,51 pontos.

No mercado de juros futuros, as taxas dos principais DIs disparavam na curva até janeiro de 2029, com as taxas da ponta mais longa da curva chegando a avançar mais de 20 pontos-base.

Para os mercados, mais do que uma reação à magnitude do corte em si – um ritmo mais lento de afrouxamento monetário tenderia, em situações comuns, a beneficiar o real e prejudicar o Ibovespa -, os preços dos ativos domésticos estão refletindo a indicação de virada iminente no perfil da diretoria do BC, em um momento de grande incerteza no cenário internacional e de preocupações com a política fiscal doméstica.

“O mercado já está olhando para frente, vendo um risco mais adiante e colocando isso no preço”, disse à Reuters Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos.

“Há perspectiva de o balanço dentro do Copom se mover na direção de um colegiado mais expansionista, mais pró-crescimento econômico em detrimento de maior controle da inflação e da estabilidade macro.”

Já Alfredo Menezes, sócio da gestora Armor Capital, apontou preocupação com o viés político de um abrandamento no perfil do Copom.

Para ele, o fato de todos os indicados pelo governo terem votado por maior flexibilização monetária “pode passar uma percepção de que o novo BC em janeiro será muito influenciado pelo Poder Executivo”.

O ex-diretor do BC Tony Volpon escreveu em rede social que a decisão de quarta-feira foi um tropeço para ambas as alas da diretoria, que vai perdendo a confiança dos mercados de forma generalizada.

“Essa decisão foi pior do que um voto unânime de 50 pontos-base com um ‘guidance’ conservador. Assim todos perdem: os ‘hawks’ (diretores mais conservadores) que queriam ancorar expectativas e os ‘doves’ (mais brandos) que, por serem em breve a maioria, estarão entrando no poder com déficit de credibilidade”, disse Volpon no X.

Até o final de 2024, Lula deverá indicar um novo presidente e mais dois diretores ao BC, conforme os mandatos de Campos Neto e dos diretores Carolina Barros e Otávio Damaso se aproximam do fim, em dezembro.

Assim, sete dos nove diretores passarão a ser de nomeação do petista, com apenas Guillen e Gomes ainda seguindo por mais um período como indicações do governo anterior.

Lula e vários de seus aliados iniciaram o governo com duras críticas à condução da política monetária pelo BC, e o ano passado foi marcado por pedidos constantes pela redução da Selic, que estava em 13,75% quando o petista tomou posse.

A retórica do governo só começou a esfriar quando o BC iniciou seu ciclo de afrouxamento, em agosto de 2023, mas foi retomada recentemente com críticas renovadas de Lula a Campos Neto.

Participantes do mercado já dizem que a mudança no ritmo de afrouxamento do BC pode alimentar os conflitos institucionais.

Antes da instituição da autonomia do Banco Central, com lei sancionada em 2021, o chefe da autoridade monetária era indicado pelo presidente da República ao início de cada nova gestão do Executivo, com mandatos coincidentes.

Lula foi o primeiro mandatário a ter de conviver com um presidente de BC de mandato fixo indicado por seu antecessor e, nesse caso, antagonista político.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Ativos brasileiros sofrem baque com preocupação do mercado sobre perfil do BC pós-Campos Neto no site CNN Brasil.

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