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José Carlos Capinan, poeta e letrista ‘lírico, político e guerreiro’ da MPB, tem cancioneiro celebrado em livro e show


Aos 83 anos, o compositor baiano tem revista obra que gerou versos escritos para músicas de Gilberto Gil, Edu Lobo, Jards Macalé e João Bosco. José Carlos Capinan lança o livro ‘Cancioneiro geral [1962 – 2023]’, promovido com show-tributo programado para 26 de maio no Sesc 24 de maio em São Paulo
Rodrigo Sombra / Divulgação
♪ É como um compositor “lírico, político, guerreiro que vive na carne cada verso e cada rima” que Maria Bethânia caracteriza o poeta José Carlos Capinan – um dos letristas mais relevantes da MPB desde a década de 1960 – em texto escrito para a orelha do livro Cancioneiro geral [1962 – 2023] e gravado pela artista para ser veiculado como depoimento no show Cancioneiro geral – Tributo a Capinan.
Produzido por Guto Ruocco e programado para ser apresentado em 26 de maio no Sesc 24 de Maio, em São Paulo (SP), o show será conduzido pelo cantor Renato Braz com a presença de Capinan no palco e a participação especial de Jards Macalé.
O tributo promove a edição do livro Cancioneiro geral [1962 – 2023], compêndio da obra do poeta, organizado por Cláudio Leal e Leonardo Gandolfi. O livro reúne todos os livros de poesia de Capinan, além de poemas esparsos e de farta seleção das letras de canções escritas pelo compositor entre 1965 e 2023. Posfácio do jornalista Claudio Leal e textos críticos assinados por Ênio Silveira, Gilberto Gil e Luiz Carlos Maciel contextualizam a obra do poeta na cultura brasileira.
Nascido em 19 de fevereiro de 1941 em arraial de Três Rios (BA), mas registrado em Esplanada (BA), vizinha cidade litorânea do interior da Bahia, Capinan tem hoje 83 anos.
Associada à Tropicália, a obra musical de Capinan transcende o movimento pop organizado em 1967 por Caetano Veloso e Gilberto Gil, de quem o poeta letrista é parceiro nas músicas Viramundo (1965), Ladainha (1966), Misere nobis (1968) e Soy loco por ti, America (1968), famoso tributo ao revolucionário argentino Che Guevara (1928 – 1967), escrito no embalo da emoção com a morte do guerrilheiro marxista associado à Revolução Cubana.
Tema do teatralizado show Arena canta Bahia (1965), Viramundo foi a música que revelou a poesia de Capinan ao Brasil na voz dramática de Maria Bethânia.
Ali já estava a pista da obra do poeta. Capinan sobressaiu na MPB efervescente dos anos 1960 pela poesia guerrilheira e/ou lírica de letras feitas para músicas de compositores como Edu Lobo, Jards Macalé, Paulinho da Viola e Caetano Veloso, além do já mencionado Gilberto Gil.
Com Edu Lobo, a parceria já começou no auge com a criação de Ponteio, baião modernista que venceu histórico festival de 1967 e reforçou a conexão dos compositores. Com Lobo, Capinan também faria Viola fora de moda (1973) e Repente (1976), músicas que evidenciaram a influência da música nordestina na poética do letrista baiano.
Com Macalé, Capinan escreveu letras que refletiram o estado sombrio do povo brasileiro que se revoltava com a ditadura de 1964, endurecida em 1968. Gothan city (1969) e Movimento dos barcos (1971) sobressaíram nessa parceria.
Como Capinan nunca ficou chorando no porto e tampouco ficou dando adeus às coisas passando, o poeta abriu espaço para o lirismo existencialista ao escrever letras para sambas e choros de Paulinho da Viola, com quem alicerçou a parceria iniciada em 1966 com as músicas O acaso não tem pressa (1971), Vinhos finos… cristais (1971), Coração imprudente (1972), Orgulho (1972), Sofrer (1978), Viver sem amor (1981), Mais que a lei da gravidade (1983) e Prisma luminoso (1983).
Quando os ventos da abertura sopraram a partir de 1979, Capinan se permitiu exaltar com leveza o cheiro brejeiro de Moça bonita – parceria com Geraldo Azevedo, lançada por Geraldo em 1981 – e pintar o colorido lirismo romântico de Papel machê (1984), hit da parceria com João Bosco.
Contudo, a ideologia do poeta permaneceu forte, como mostrou ao mapear o percurso marítimo do povo negro escravizado nos versos de Yayá Massemba, parceria de Capinan com o conterrâneo Roberto Mendes, lançada pela recorrente Maria Bethânia em 2003.
José Carlos Capinan soube endurecer sem perder o lirismo da mesma forma que se permitiu ser lírico sem esquecer a dureza da vida que tem vivido na carne, em cada verso, em cada rima.
Capa, contracapa e orelhas do livro ‘Cancioneiro geral [1962 – 2023]’, de José Carlos Capinan
Divulgação
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