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Secretário de Saúde de Natal diz que há atestados apresentados por servidores carimbados até por médicos falecidos: ‘temos provas’


Sindicato dos profissionais de Saúde do RN e Conselho Regional de Enfermagem do RN repudiaram declarações de George Antunes de que profissionais estavam apresentando documentos falsificados. Médico assina documento em que diz não reconhecer atestado
Reprodução/Inter TV Cabugi
O secretário de Saúde de Natal, George Antunes, disse nesta quinta-feira (18), em nova entrevista à Inter TV Cabugi, ter uma série de provas de que há um esquema de compra de atestados, que tem preços estipulados entre R$ 50 e R$ 70, e que conta ainda com o uso de carimbos de médicos até falecidos. Ele afirmou que há mais de 100 que vai entregar para investigação.
O secretário apresentou com exclusividade à equipe de reportagem atestados que foram detectados como falsos e que serão enviados às autoridades competentes.
“A gente pergunta para o médico e ele diz que não atendeu esse funcionário, que não trabalha naquele lugar. Tem carimbos até de médicos já falecidos, carimbos usados de pessoas que perderam esse carimbo há 10 anos e agora começa a aparecer. Então a gente tem convicação de que não são médicos que estão emitindo esses atestados, são atestados falsificados mesmo”, disse.
Um dia após o gestor dizer que detectou alguns atestados médicos falsificados apresentados por servidores da rede muncipal, o Sindicato dos Servidores da Saúde do RN (SindSaúde) e o Conselho Regional de Enfermagem do RN (Coren-RN) repudiaram a fala. As entidades se mostraram “indignadas” pela acusação e repudiaram o fato dele também apontar os corpo de enfermagem como atualmente o mais desfalcado por atestados médicos (veja mais abaixo o que dizem as entidades).
Secretário de Saúde de Natal fala sobre atendimento nas UPAs
Entre os documentos apresentados por George Antunes, há também declarações manuscritas por médicos dizendo que não reconhecem alguns atestados apresentados por servidores em que constam a assinatura deles.
Pelo menos dois – um de uma pneumologista e um de um neurologista – foram mostrados à reportagem. Num desses textos, a pneumologista alega que teve um carimbo furtado (veja abaixo).
Manuscrito apresentado por pneumologista afirma que ela não reconhece assinatura e que carimbo foi roubado
Reprodução
“Nós temos muitas provas. Temos inclusive informações de venda de atestados de R$50, R$ 70. Temos vários indícios. Você pega um mesmo servidor que apresentou seis atestados, todos com a mesma letra, mas de médicos diferentes. Isso chama a atenção. É um indício forte de que ele não é legítimo e precisa ser investigado”, disse o secretário, que informou que foi aberto um processo administrativo contra o servidor.
“Outro ponto é com relação a profissionais que apresentam atestado nos nossos serviços, mas trabalham no mesmo dia no serviço privado. E essas informações também são robustas”.
Apesar do Ministério Público e da Polícia Civil não confirmarem nenhuma investigação oficial sobre o caso, George Antunes disse que teve um contato informal com uma promotora do MPRN e que também vai solicitar uma audiência para atuar no combate dessa irregularidade junto aos órgãos.
Mais de 100 atestados
Ao todo, segundo o secretário de saúde, mais de 100 atestados suspeitos de falsificação serão entregues para investigação.
Apenas na UPA de Cidade da Esperança, 149 atestados médicos foram apresentados em abril. O secretário frisou que a maioria deles é legítimo, comprovadamente reais, mas que os falsificados comprometeram os atendimentos.
“A maioria deles é legítimo, até porque nós somos seres humanos e adoecemos também. Isso é normal de acontecer. Prejudica porque quando a escala está completa e faltam duas ou três pessoas no mesmo dia numa escala, nós teremos aí dois problemas. O primeiro que a qualidade do serviço pode ser prejudicada, o serviço vai ficar mais lento. E os profissionais que estão no plantão vão ficar mais sobrecarregados pela ausência desses profissionais que faltaram”, disse.
“Estamos falando de um número amplo de atestados apresentados. Entendemos perfeitamente a legitimidade de vários desses atestados. Mas essa minoria que é falsa é que nós queremos combater e queremos ir atrás quem está falsificando”, frisou.
O secretário disse que não é possível afirmar que há uma máfia falsificando os documentos. “Pode ser que sejam coisas isoladas”, disse.
O que dizem as entidades?
O presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren), Manoel Egídio da Silva Júnior, repudiou as declarações dadas pelo secretário de saúde à Inter TV Cabugi na quarta (17). Ele disse que a entidade recebeu com “supresa” e “indignação”.
Segundo ele o secretário “conhece muito bem a realidade das UPAs, o déficit de pessoal e que há muito tempo nós solicitamos da Secretaria Municipal de Saúde o dimensionamento desse serviço para que possamos discutir como melhorar a assistência à população”.
“No mínimo nós vamos querer um desagravo público do secretário em relação à enfermagem. Não é somente o absenteísmo que provoca a sobrecarga, a superlotação, é principalmente o déficit de profissionais”, pontuou.
Ele disse ainda que “as UPAs se encontram sucateadas, faltam insumos, medicamentos básicos” e que por vezes “um técnico de enfermagem tem que assumir 12 pacientes numa sala verde, paciente com complicações, com isolamento. Isso é humanamente impossível”.
A diretora do SindSaúde, Érica Galvão, também recebeu a declaração com “choque”. “Nós temos um déficit de profissionais muito grande principalmente em relação à enfermagem. E estamos esperando que sejam chamados mais profissionais para estarem nessas unidades de urgência e emergência que estão hoje superlotadas. E nos choca o secretário de saúde dizer que a enfermagem é responsável por essa lotação nas unidades”, disse.
“Se existem atestados falsos, que o secretário puna essas pessoas, investigue isso. Mesmo tendo esses testados falsos, se existirem mesmo, ele não pode, jamais, generalizar. Absenteísmo, como ele falou, não é simplesmente colocar atestado e ponto. Tem algum fundo nisso, então tem que ser investigado. Nós somos seres humanos, estamos na linha de frente, nós adoecemos também”.
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