• New Page 1

    RSSFacebookYouTubeInstagramTwitterYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTube  

    Social - Repositório

Da guerra da Ucrânia ao poder crescente da China: 5 razões pelas quais este G7 é importante

A reunião do G7 deste ano no Japão tem um significado especial. E não só pela sua localização. Os líderes das democracias mais avançadas do mundo estão reunidos em Hiroshima, local do primeiro ataque nuclear do mundo – um lembrete adequado dos riscos da guerra nuclear no momento em que todos discutem a questão da Rússia e o conflito na Ucrânia.

A China, apenas a um curto voo de distância dali, também estará na pauta, com líderes avaliando sua oferta de agir como pacificadora, apesar da estreita relação do país com o agressor russo.

Há muito o que fazer antes de o presidente dos EUA Joe Biden embarcar de volta para os EUA para lidar com uma iminente crise de teto da dívida no seu país.

Veja os pontos mais importantes do G7:

Simbolismo nuclear

Não muito longe do local de encontro dos líderes fica o Museu Memorial da Paz de Hiroshima, onde dezenas de relógios estão em exposição, muitos ainda parados às 8h16 da manhã

Foi nesse horário, em 6 de agosto de 1945, que um bombardeiro B-29 da Força Aérea dos EUA lançou uma única bomba atômica sobre a cidade, matando 70 mil pessoas com sua explosão inicial, e deixando dezenas de milhares de outros morrerem lentamente por queimaduras ou doenças relacionadas à radiação.

A bomba, apelidada de “Little Boy”, foi o primeiro passo numa corrida às armas nucleares. Quase 80 anos depois, o mundo conta com cerca de 12,5 mil ogivas nucleares – muitas delas exponencialmente mais poderosas do que Little Boy – em posse de nove países com armamento nuclear, de acordo com a Federation of American Scientists (Federação dos Cientistas Americanos).

Dois anos após o bombardeio de Hiroshima e Nagasaki, alguns dos cientistas norte-americanos que desenvolveram as armas atômicas estabeleceram o Relógio do Juízo Final, ou Doomsday Clock, um indicador anual de quão próximo o mundo está do desastre nuclear.

De acordo com o Boletim de Cientistas Atômicos, “o Relógio agora está em 90 segundos para a meia-noite, o mais próximo da catástrofe global já registrado”.
Existem várias razões para isso: a China está montando seu arsenal nuclear; a Coreia do Norte tem testado mísseis com capacidade nuclear a um ritmo recorde; o Irã continua a avançar no desenvolvimento das suas próprias armas nucleares.

Mas o Boletim diz que a principal razão pela qual o relógio está no seu nível mais perigoso é o grande tema que os líderes do G7 enfrentarão em Hiroshima: a guerra da Rússia contra a Ucrânia e o potencial para o conflito piorar de forma “acidental, intencional ou por erro de cálculo”.

Ameaças de Moscou

A invasão russa no país vizinho está agora no segundo ano. O arsenal de Moscou, de quase seis mil ogivas nucleares, paira sobre as discussões, especialmente porque a guerra vive um impasse (talvez até em favor da Ucrânia) com as forças ucranianas reforçadas por armas fornecidas pela maioria dos países que se reúnem em Hiroshima.

Quando o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida, natural de Hiroshima, visitou Kiev em março, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky o elogiou por manter o G7 alinhado com a Ucrânia.

“O primeiro-ministro Kishida afirmou que, na Presidência do G7, o Japão manteria a unidade do G7 em impor sanções rigorosas contra a Rússia e fornecer apoio à Ucrânia”, disse uma declaração conjunta dos dois líderes. Não se espera nenhum racha na unidade do G7 sobre a Ucrânia na cúpula.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, vem recebendo forte apoio dos países do G7 / Reprodução

A Grã-Bretanha acaba de entregar mísseis avançados à Ucrânia e vem prometendo liderar uma coligação para fornecer a Kiev caças de combate F-16; a Alemanha acaba de anunciar o seu maior pacote de ajuda até à Ucrânia, de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões), veículos blindados, drones de reconhecimento e munições; no início deste mês, o Departamento de Defesa dos EUA anunciou um pacote de US$ 1,2 bilhão (cerca de R$ 5,9 bilhões) para reforçar as defesas aéreas da Ucrânia e os estoques de artilharia.

O maior desafio para os líderes do G7 pode ser manter esse ímpeto. Os recursos econômicos não são ilimitados e todos enfrentam pressões internas à medida que seus países continuam a se recuperar da pandemia.

Mas o presidente dos EUA, Joe Biden, parece inabalável nesse ponto. “O senhor nos lembra que a liberdade não tem preço; vale a pena lutar pelo tempo que for preciso”, afirmou Zelensky em Kiev, em fevereiro, referindo-se ao mandatário americano. “E é por este tempo que estaremos com o senhor, senhor Presidente: o tempo que for preciso”.

Uma cúpula na porta da China

Pequim está a cerca de 1,6 mil quilômetros a oeste de Hiroshima. O poderio militar da China é uma grande preocupação para o anfitrião do G7, Kishida, assim como para o aliado mais importante do Japão, os Estados Unidos.

Em dezembro, sempre com um olho na China e o outro na Coreia do Norte, Kishida prometeu duplicar o orçamento militar do Japão. O plano poderia colocar o país como detentor do terceiro maior orçamento militar do mundo, atrás dos EUA e dos chineses.

Não parece haver dúvida que Biden tem o apoio de Kishida quando se trata da China. Afinal, dezenas de milhares de militares dos EUA estão sediados no Japão, e os dois aliados anunciaram em janeiro um fortalecimento significativo de suas relações militares, com novas unidades marinhas dos EUA sendo criadas para impulsionar a defesa do Japão.

A Grã-Bretanha também está estreitando os laços militares com o Japão. O país anunciou em janeiro um “acordo histórico de defesa” que lhes permitiria mobilizar forças nos países uns dos outros.

Uma das maiores preocupações de Tóquio com Pequim é a questão de Taiwan, a ilha autogovernada sobre a qual o Partido Comunista Chinês reivindica soberania apesar de nunca ter tido seu controle. O líder chinês Xi Jinping não descartou o uso da força para colocar Taiwan sob o controle do seu país.

Navio de guerra chinês participa de exercício militar próximo às ilhas Matsu, controladas por Taiwan. Manobras chinesas são causa de controvérsia no G7 / REUTERS/Thomas Peter

Em exercícios militares em agosto do ano passado, mísseis chineses caíram na zona econômica exclusiva do Japão, nas proximidades de ilhas japonesas perto de Taiwan.
Mas o G7 não está tão unido na questão China como está na da Rússia.

Depois de visitar Pequim em abril, o presidente francês Emmanuel Macron disse que a Europa não deve se tornar “apenas seguidora dos Estados Unidos” quando perguntado sobre a perspectiva de China invadir Taiwan. A Europa não deve ser “apanhada em crises que não são nossas, o que a impedem de construir sua autonomia estratégica”, continuou Macron.

A declaração não caiu bem nos EUA e entre alguns dos parceiros europeus de Macron, e espera-se que seja um tema de conversa, pelo menos à porta fechada, no G7.

Cúpula de para-choques

A reunião em Hiroshima deveria ser seguida na próxima semana por uma cúpula na Austrália dos líderes da aliança informal Quad (composta por EUA, Japão, Índia e Austrália).

Entretanto, com as preocupações econômicas internas fervendo em Washington, Biden disse que precisaria voltar ao seu país logo após o G7 e então a reunião do Quad foi organizada de forma apressada em Hiroshima mesmo.

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, espera que as discussões do Quad não sejam um evento secundário. “O Quad é um quadro importante e queremos ter certeza de que ele atue em nível de liderança, algo que iremos discutir no final de semana”, disse.

A reunião será a terceira presencial de líderes do Quad. Conhecido formalmente como Diálogo de Segurança Quadrilateral (daí o nome Quad em inglês), o grupo foi fundado há mais de 15 anos, mas se tornou mais proeminente nos últimos anos, no que os analistas veem como uma resposta à política externa cada vez mais assertiva da China.

Espera-se que os líderes discutam aprofundar sua cooperação em uma série de questões, incluindo tecnologias críticas e emergentes, mudanças climáticas e conscientização sobre o domínio marítimo, de acordo com um comunicado divulgado pela Casa Branca no mês passado.

Teto da dívida

O fato de Biden cortar sua viagem ao Pacífico traz algum simbolismo: embora haja toda uma conversa sobre novas ordens econômicas no mundo, a economia dos EUA continua a ser a força mais significativa.

O presidente dos EUA disse que não poderia justificar a viagem à Austrália, com uma escala em Papua-Nova Guiné, porque sua presença agora em Washington poderia ajudar o Congresso dos EUA a aprovar legislação aumentando o limite máximo da dívida do governo dos EUA.

Se o Congresso não votar o projeto até 10 de junho, e o governo dos EUA não cumprir o teto, os efeitos poderiam destruir a economia dos EUA e pôr em perigo a segurança financeira de milhões de americanos.

A ação teria repercussões ao redor do mundo. De acordo com o Serviço de Pesquisa do Congresso, cerca de 30% da dívida pública dos EUA é detida por estrangeiros com juros pagos sobre esses 30% da dívida, totalizando US$ 184,4 bilhões (cerca de R$ 916 bilhões) em 2022. Dois dos maiores detentores dessa dívida, Japão e Grã-Bretanha, estarão à mesa com Biden em Hiroshima.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Da guerra da Ucrânia ao poder crescente da China: 5 razões pelas quais este G7 é importante no site CNN Brasil.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *