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Custo Brasil é ‘bola de chumbo no pé de quem quer empreender’, diz empresário Carlos Schneider

Natural de Joinville, no Norte de Santa Catarina, Carlos Rodolfo Schneider está há mais de 20 anos à frente de um grupo empresarial que comanda seis empresas.

Empresário

Carlos Rodolfo Schneider recebendo a medalha da Ordem do Mérito Industrial da CNI – Foto: Fernando Willadino/ND

Foi diretor-presidente da Celesc, presidiu a Acij (Associação Empresarial de Joinville) e lançou o MBE (Movimento Brasil Eficiente), com foco na eficiência da gestão pública e na simplificação do sistema tributário.

Empresário bem-sucedido, acredita que o Brasil poderia aproveitar melhor suas riquezas e potencial. Para Schneider, falta projeto de país e eficiência na aplicação dos recursos.

“O custo Brasil é uma bola de chumbo no pé de quem quer empreender: complexidade do sistema tributário, alta carga tributária, burocracia, infraestrutura de má qualidade, educação de baixa qualidade. E, nesse caso, nem é falta de investimento. O Brasil investe 6% do PIB (Produto Interno Bruto), mais do que muitos países que são referência em educação. O que precisa é investir melhor. É qualidade, não quantidade do gasto”, afirma.

Feliz por receber a comenda máxima da indústria nacional, a Ordem do Mérito Industrial da CNI (Confederação Nacional da Indústria), defende que, no Brasil, o setor compete em condições desiguais, porque tem custos que a indústria de outros países não tem.

“A CNI tem uma pesquisa com 18 países que competem com o Brasil nos mercados internacionais e somos o penúltimo em competitividade”, lamenta. Nesta entrevista, o empresário aponta alguns caminhos para o Brasil voltar a crescer.

Como avalia esse reconhecimento com a Ordem do Mérito Industrial da CNI?

Uma honra. Algo que não esperava e me deixa muito orgulhoso e lisonjeado, mas reconheço que é um trabalho feito a muitas mãos. Colho os frutos de um trabalho pensado e executado por muitos. É um reconhecimento e um estímulo para que a gente continue acreditando que o trabalho em prol da empresa e do nosso Estado e país vale a pena.

Como fazer para que o Estado gaste com mais eficiência?

Com vontade política. Temos muitos bons exemplos a copiar. Aumento de produtividade, por exemplo, se faz com tecnologia, educação, projetos industriais, incentivos adequados. Temos cidades, Estados e países que se sobressaem. É olhar o que esse pessoal faz. Nos últimos 40 anos, a renda per capita no Brasil cresceu metade do que cresceu na América do Sul, um terço da americana e um décimo dos países do sudeste asiático. Há 40 anos, a indústria brasileira representava a soma dos parques industriais da Malásia, Tailândia, China e Coreia do Sul. Hoje, somos mais ou menos 6% disso. Ficamos para trás.

O empresário defende a urgência da reforma administrativa, uma oportunidade para modernizar o Estado. Por que essa proposta demora a passar no Congresso e o que mudaria no país?

Para manter a máquina pública, o Brasil gasta 20% do PIB. E o Estado não tem um 1% do PIB para investir. Gasta no meio e não sobra para o fim. Não é culpa de um ou outro governo, é histórico. A figura do governo foi criada para prestar serviços à sociedade, em troca de impostos, criados para o governo se manter e prestar serviços. O que acontece hoje? O Estado se serve da sociedade. Está gigante, lento. Não queremos um Estado fraco, queremos um Estado forte, mas que trabalhe pela sociedade. Hoje, temos um Estado obeso, que consome muito recurso e entrega pouco.

Os juros altos são uma das principais preocupações dos empresários. O presidente do Banco Central defende a manutenção na casa dos 13,75% ao ano para reduzir a inflação. Como avalia esse cenário?

A taxa de juros é consequência de um estado de coisas. Quando existe conflito entre política monetária e fiscal, a monetária fica aleijada. Quando gasta demais, se aumenta a taxa de juros para esfriar a economia, para não gerar inflação. Só que o Banco Central reage. Quem age é o Estado, que precisa ter uma política fiscal responsável para que o Banco Central não precise aumentar juros.

Quais são os principais desafios das empresas em sustentabilidade e ESG?

ESG na realidade é uma sigla para algo que muitos praticam há muito tempo. Algumas empresas já têm responsabilidade social e ambiental há muitos anos. A nossa, por exemplo, preserva áreas há 50 anos, apoia projetos sociais há 40. É positivo? É, mas temos que cuidar para que não seja modismo e nem mal utilizado.

Em Santa Catarina, neste início de governo, o Estado segue registrando números expressivos em exportações, emprego e turismo, mas há desafios, como a infraestrutura das rodovias. Como equacionar esse problema e continuar crescendo?

Investimento é o ponto. Enquanto gastamos 20% para manter a máquina pública, não investimos 1% em infraestrutura, não conseguimos repor nem a depreciação da nossa infra, que seria o mínimo, manter o que está aí, investir mais. E aí quem precisa fazer investimento é a iniciativa privada. Tem que existir concessões. Avançamos nessa questão, mas talvez não na velocidade que precisamos. A iniciativa privada deve investir, mas devemos lutar pela eficiência do Estado, para que sobrem recursos para investir em infraestrutura, educação, tecnologia.

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