Prédio no Jardim Pedra Branca, que substituirá unidade interditada desde 2018, deveria ter sido entregue em maio de 2021. Enquanto espera, aluna que vive ao lado da construção precisa percorrer quilômetros de ônibus para estudar. Reforma de escola em Ribeirão Preto, SP, já dura 5 anos
Todos os dias, a filha de Olaíde Aparecida Pereira percorre quilômetros de ônibus para estudar nos Campos Elíseos, em Ribeirão Preto (SP), mesmo morando ao lado da unidade educacional que deveria frequentar.
Ela faz parte dos cerca de 400 alunos que, desde 2020, esperam pela inauguração da nova escola municipal Domingos Angerami, no Jardim Pedra Branca, construção iniciada depois da interdição do antigo prédio no Complexo Ribeirão Verde.
Apesar da previsão inicial de um ano, para maio de 2021, as obras ainda não foram concluídas devido a problemas com a construtora contratada, e a Prefeitura, após sucessivas prorrogações de prazo, agora projeta a inauguração somente para 2024.
“A gente tinha previsão para começar este ano, ai não começou, falou que ia ter um recesso agora no meio do ano e que ia vir, parece que também não. Só ano que vem mesmo”, afirma Olaíde.
A seguir, entenda os motivos e os impactos do atraso nas obras da Escola Municipal Doutor Domingos Angerami.
Nova unidade da Escola Municipal Domingos Angerami, em Ribeirão Preto (SP)
Reprodução/EPTV
Por que uma nova escola precisou ser construída?
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Doutor Domingos Angerami funcionava em um prédio construído nos anos 1940 no Complexo Ribeirão Verde, mas, em setembro de 2018, foi interditada por força de uma decisão judicial devido às más condições das instalações elétricas e ao risco de incêndio no local.
O plano era resolver o problema com uma reforma, mas a Prefeitura considerou o projeto inviável e anunciou a construção de uma nova unidade no Jardim Pedra Branca.
Obras na EMEF Domingos Angerami, em Ribeirão Preto
Guilherme Sircili/Prefeitura de Ribeirão Preto
Quando a obra começou e quando ela deveria ter sido concluída?
A empresa vencedora da licitação foi contratada no primeiro semestre de 2020 e teria o prazo inicial de terminar a construção em 12 meses, ou seja, em 2021, ao custo inicial de R$ 6.126.132,65. O prédio foi projetado para atender 1.152 alunos e deve ter, em sua estrutura, espaços como novos laboratórios de informática, segundo informações divulgadas pela própria Prefeitura.
Por que a obra atrasou?
Em meio à falta de uma caixa d’água no projeto original e problemas com a construtora responsável, desde então a obra passou por sucessivas prorrogações de prazo, a começar por maio de 2021, quando a Prefeitura estendeu a previsão por 180 dias, mesmo tempo concedido em nova ratificação do contrato em setembro do mesmo ano.
Em junho de 2022, a administração municipal voltou a dar 90 dias para o término das obras, que ainda seriam postergadas para dezembro, mas não foram concluídas.
No final de janeiro desde ano, a Prefeitura decidiu romper o contrato com a empresa, sob a justificativa de abandono nos trabalhos, mesmo após notificações à empreiteira.
“Nós demos todas as oportunidades razoáveis para a empresa concluir a obra, no entanto ela abandonou o canteiro de obras no ano passado e a partir de então a prefeitura tomou a posse novamente do imóvel e fez o que precisava ser feito”, afirma o secretário municipal de Educação, Felipe Elias Miguel.
No início de maio, uma comissão especial de estudos foi instaurada pela Câmara para acompanhar as obras.
Como o atraso afeta a vida dos alunos?
A falta de funcionamento da escola afeta a vida de cerca de 400 alunos desde a interdição da antiga unidade, em setembro de 2018. Na época em que o prédio no Complexo Ribeirão Verde foi fechado, os estudantes foram remanejados para o Sesi nos Campos Elíseos, a dez quilômetros da antiga escola, situação mantida até hoje, com transporte garantido pela Prefeitura.
A distância, no entanto, é um fator determinante da rotina de alunos como a filha de dona Olaíde. Além de ela ter que acordar mais cedo para conseguir pegar o ônibus às 6h15, não frequenta atividades no período da tarde devido ao horário de retorno para casa.
“Fica esse negócio parado, desde quando começou a gente não via a hora de começar logo, mas aí fez, está um prédio bonito, porém as crianças não podem estudar”, lamenta a mãe.
Construído na década de 1940, prédio do EMEF Doutor Domingos Angerami em Ribeirão Preto (SP) foi interditado pela Justiça devido às más condições das instalações elétricas e o risco de incêndio no local
Valdinei Malaguti/EPTV
Qual é o novo prazo e quanto a obra custa?
Segundo o secretário municipal de Educação, uma nova empresa será contratada para concluir este ano as obras. A inauguração, no entanto, só deve ocorrer no ano que vem.
A obra ficou orçada em pelo menos R$ 7.261.919,06, segundo atualização de preços feita ainda em 2021.
“[A prefeitura] também está concluindo o levantamento do que precisa ainda ser contratado para esse remanescente de obra e que a escola fique pronta ainda este ano para funcionar a partir do ano de 2024. Isso vai facilitar também para aqueles alunos que estão no bairro e estão utilizando o transporte da prefeitura, gratuito, para se deslocar para outras escolas”, disse Elias Miguel.
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