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‘Mulheres sobre tela’: Artista visual instiga olhar reflexivo sobre gênero, sexualidade e tabus que atravessam a natureza feminina em colagens experimentais

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Lizis Toni, de Presidente Prudente (SP), tomou o corpo como principal interesse dentro das criações, enxergando na arte uma ferramenta política que vai na contramão do patriarcado.

Os versos que fizeram sucesso nas vozes de Rita Lee e Zélia Duncan denotam a irreverência com que as artistas brasileiras desafiaram estereótipos femininos ao cantarem sobre a realidade dos corpos das mulheres. Com essa mesma ousadia, a artista Laraizis Toni provoca, instiga e estimula o público que consome suas criações a despir-se dos estigmas e a enxergar a arte sob uma nova ótica.
Ainda na infância, a artista lançou um novo olhar para o mundo. No salão de beleza da mãe, a menina folheava as revistas dispostas sobre a mesa sempre com uma caneta na mão, estampando seus traços em cada página. De certa forma, o universo feminino sempre esteve em pauta na sua vida, seja pelas conversas entre as clientes ou pelas fotos nos periódicos, analisadas atentamente pela garotinha.
Desde criança, a artista visual Lizis Toni esteve inserida no universo feminino
Acervo pessoal
No percurso que a jovem trilhou desde a tenra idade, a arte nunca soltou sua mão, sempre se apresentando de forma sutil e orgânica. Esse foi o estímulo para que Lizis, como é conhecida no meio, fizesse diversas experimentações com técnicas e materiais. O resultado desse processo é observado nas obras da artista visual independente especialista em colagens experimentais.
“Meus primeiros trabalhos foram colagens manuais, todo meu processo acaba saindo desse lugar. Passo horas garimpando imagens e vendo referências. O processo de criação não é fixo, eu gosto de misturar técnicas e experimentar coisas”, atestou ao g1 a artista.
Obras têm como ponto de partida os corpos femininos
Gasalucinação
Tendo como ponto de partida os corpos femininos, ela encontra suas inspirações no contato com outras formas artísticas, como filmes, peças de teatro e exposições, sob a premissa de que “a arte se alimenta da própria arte e nada mais”.
“O corpo sempre foi meu principal interesse dentro de toda e qualquer criação. Não há nada que não passe pelos corpos. Depois de adulta, fui entendendo o que era ser mulher no mundo, e foi inevitável que isso subisse às superfícies dos meus trabalhos”, observou.
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‘Não há nada que não passe pelos corpos’, ressaltou a artista
Gasalucinação
‘Denso e visceral’ 🧠
“A observação e assimilação é rápida e fluída. Às vezes, consigo criar um corpo todo no freehand com grafite a partir de uma imagem de boca de uma revista ou fotografia”.
No campo onde a criatividade torna-se matéria-prima dos trabalhos, a observação é uma ferramenta crucial. Porém, quase sempre, essa prática transcende o limite do olhar espectador, resultando em criações a partir de experiências da própria artista.
Dentre as tantas formas de expressar suas visões de mundo, Lizis desenvolveu um trabalho de intervenção urbana, por meio da técnica do lambe-lambe, que lança questões diretas e provocativas sobre como as mulheres se sentem violentadas no espaço público.
Produções da artista falam sobre aborto, pelos, menstruação, maternidade e tudo o que envolve o universo feminino, estimulando o público a despir-se dos estigmas e a enxergar a arte sob uma nova ótica
Gasalucinação
Se você já percorreu as ruas Presidente Prudente (SP), com certeza já deve ter se deparado com uma de suas produções estampadas em murais.
“Pinto vulvas, falo sobre aborto, pelos, menstruação, e tudo isso ainda hoje é um tabu na nossa sociedade. Muitas pessoas se sentem incomodadas ou revelam achar meu trabalho até um pouco denso ou visceral. Se assuntos da natureza humana incomodam ou devem ser evitados, tem algo de errado com esse sistema”, argumentou.
Questionada sobre quais sentimentos busca instigar nas pessoas que consomem suas produções, a artista revelou ao g1 que não faz suas obras intuindo sobre o que o outro pensará, achará ou sentirá, pois se apegar a isso limita a criação. Para ela, essa é a “potencialidade da arte”: jogar o trabalho no mundo e deixá-lo pertencer “a este labirinto de possibilidades interpretativas”.
Fato é que as mulheres tendem a criar diálogos mais fáceis, visto que é um território comum a elas, cujos caminhos vão de questões de gênero a sexualidade, maternidade e as indignações que atravessam os corpos femininos.
Lizis Toni trabalha de forma independente por meio de experimentações com colagem
Junior Silva
Nutrir a si e a outras 🤝
Mais do que nutrir outras mulheres, o processo artístico pelo qual Lizis atravessa para dar vida às criações também ressignifica questões internas.
“Fazer arte já me salvou várias vezes de sair de buracos escuros. Todo trabalho é político, acho que, neste ponto, trazer questões delicadas para o mundo, principalmente as pautas feministas, seja algo que fortaleça outras mulheres também”, revelou.
Artista encontra suas inspirações no contato com outras formas artísticas
Gasalucinação
Neste sentido, ela funde a vida pessoal e profissional ao se posicionar claramente sobre os assuntos que geram debates sociais. Embora nunca tenha sofrido críticas diretas no trabalho, acredita que as suas produções não só levantam pautas, “mas assumem uma posição” que vão contra ao sistema patriarcal.
“Eu não pinto paisagens com passarinhos, eu pinto vulvas sangrando, e isso, com certeza, não é um trabalho que qualquer pessoa coloca na sala de casa”, concluiu ao g1.
Obras da artista vão contra o sistema patriarcal
Mateuzinho Umbigaê
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