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Jovem autodeclarado pardo que conseguiu na Justiça matrícula em mesmo curso de 13 ex-presidentes na USP se diz aliviado: ‘Era meu futuro’


Estudante de Bauru (SP) teve a pré-matrícula para o curso de direito na Faculdade do Largo São Francisco, da USP, cancelada após avaliação da banca por meio de foto e videochamada. Decisão tomada na esfera administrativa da universidade foi revertida por determinação judicial. Estudante de Bauru se autodeclara pardo, porém, a banca da USP afirma que ele não atende aos critérios da política de cotas
Reprodução/TV TEM
O estudante de 17 anos autodeclarado pardo, que havia sido desclassificado após avaliação de cotistas, se diz aliviado pela Universidade de São Paulo (USP) aceitar o seu ingresso após uma decisão judicial.
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Glauco Dalilio do Livramento, morador de Bauru (SP), foi aprovado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da USP, mesmo local de estudos de 13 ex-presidentes de República: Prudente de Moraes, Campos Salles, Rodrigues Alves, Afonso Pena, Wenceslau Braz, Delfim Moreira, Arthur Bernardes, Washington Luiz, Júlio Prestes (eleito em 1930, mas não empossado), José Linhares, Nereu Ramos, Jânio Quadros e Michel Temer.
O jovem conseguiu a vaga por meio da nota do Provão Paulista e foi contemplado pela política de cotas, já que se autodeclara pardo, mas quase viu o sonho ser interrompido após não ser considerado pardo pela banca de heteroidentificação da universidade.
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A família do jovem entrou na Justiça, e o juiz Randolfo Ferraz de Campos, da 14ª Vara da Fazenda de São Paulo, concedeu uma liminar determinando que a USP reservasse uma vaga para o estudante, na última segunda-feira (4). A decisão, cumprida pela USP, pode mudar a vida dele e da família, segundo o estudante.
“A importância do curso é justamente o que ele vai me proporcionar no futuro. Era meu futuro em jogo. Eu espero um ótimo aprendizado e bons relacionamentos nesse tempo”, relata o jovem.
Morador de Bauru, Glauco Dalalio do Livramento passou em direito na USP no Largo de São Francisco
Arquivo pessoal
Na determinação judicial, o juiz também apontou que “a exclusão do curso universitário poderia implicar prejuízo irreversível”. O pedido da defesa do estudante foi aceito pelo magistrado, que afirmou que a verificação feita por meio de uma foto e uma videochamada “ofende a isonomia”.
O juiz ainda apontou, em sua decisão, que “essa distinção pode mesmo ter prejudicado o autor”, já que “imagens geradas por equipamentos eletrônicos não são necessariamente fiéis à realidade” e que “não se pode mesmo olvidar que o autor é simplesmente filho de pessoa de raça negra”.
A USP tinha o prazo de 72 horas para cumprir a decisão ou apresentar recurso. No entanto, segundo a família do jovem, a instituição de ensino entrou em contato e reativou a matrícula do estudante. Um alívio para o jovem após dias de incertezas quanto ao seu futuro.
“Com a volta da matrícula o sentimento é de alívio, felicidade e tranquilidade, já que foi quase um mês de batalha e estresse”, diz.
“Para mim, seria injusto [perder a vaga], já que não adianta nada você ir pela cota e não tirar os pontos suficientes para passar. Ou seja, eu entrei por esforço, e eles tirarem a minha vaga era como se me desvalorizassem”, complementa.
Matrícula de aluno na USP foi deferida após decisão judicial
Arquivo pessoal
O jovem percorreu os 340 km que separam Bauru de São Paulo, capital, na madrugada deste sábado (9), e iniciará os estudos na próxima segunda-feira (11). As aulas na instituição tiveram início no dia 26 de fevereiro. Ele morará na moradia estudantil fornecida pela instituição.
Além da incerteza quanto aos estudos, a batalha por uma vaga no ensino superior também fez Glauco refletir sobre o modo como os outros o enxergam, mas nada que o fizesse desistir de um sonho de criança e de se sentir uma pessoa parda.
“Isso não me afetou tanto [quanto à identificação como pessoa parda], só me deixou um pouco confuso em relação ao que os outros achavam de mim. Para mim, é uma honra conseguir ingressar em uma faculdade tão renomada”, revelou o jovem.
Jovem matriculado com cota perde vaga de medicina na USP por não ser considerado pardo
Avaliação de cotistas
Os alunos aprovados na USP pelo Provão Paulista e Enem não tiveram direito a passar pela banca presencial, diferentemente de quem foi aprovado direto pelo vestibular.
Em nota, a USP disse que a banca online foi criada porque muitos alunos são de outros estados e a internet facilitaria esse trabalho.
Disse, ainda, que a banca analisa apenas aspectos fenotípicos, como cor da pele, tipo do cabelo e formato do nariz e boca, e tenta identificar se essas características são das comunidades negras, indígenas ou pardas.
A universidade informou que a banca avaliadora é formada por cinco pessoas e que o jovem não atendeu aos padrões estabelecidos.
Outro caso
Assim como Glauco, o estudante Alison dos Santos Rodrigues, de 18 anos, perdeu a vaga no curso de medicina da Universidade de São Paulo (USP) após uma banca julgadora não o considerar pardo.
A família do jovem entrou na Justiça para reverter a decisão. Alison, que é de Cerqueira César, foi aprovado na primeira chamada pelo Provão Paulista no curso mais concorrido da USP.
Ele descobriu que perdeu a vaga no dia 26 de fevereiro, no que seria o primeiro dia de aula dele, após decisão da banca de heteroidentificação.
Na segunda-feira (4), o juiz Danilo Martini de Moraes, da 2ª Vara do Foro de Cerqueira César, determinou que a universidade deveria explicar em cinco dias o motivo pelo qual a comissão decidiu negar a autodeclaração de Alison.
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