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Moradores afetados pela cheia do Rio Acre enfrentam sol e fila quilométrica para receber donativos na capital


Entrega é feita na Ceasa, na Secretaria Municipal de Cuidados com a Cidade (SMMCI), na Estrada da Sobral
Centro da Juventude, no bairro Cidade Nova, e no Estádio Arena da Floresta para moradoes de 19 bairros. Famílias afetadas por cheia do Rio Acre enfrentam sol e fila de 2 km para ganhar donativos
Famílias de 19 bairros afetados pela enchente do Rio Acre, na capital acreana, enfrentam o forte sol desde domingo (10) e filas de mais de 2 quilômetros para pegar cesta básica, kit de limpeza e água potável. Os moradores ficaram em casa ou com parentes durante a cheia histórica e fazem parte das famílias instaladas em abrigos.
O nível do Rio Acre segue baixando e reduziu mais de um metro entre a manhã de sábado (9) e manhã deste domingo (10) na capital acreana. O manancial saiu de 16,20 metros para 15 metros, respectivamente.
Com a vazante, cerca de 40 famílias já deixaram por conta própria os abrigos montados pela Prefeitura de Rio Branco. Contudo, a Defesa Civil Municipal explicou que essas pessoas não foram liberadas a voltarem, porém, receberam assistência com sacolões e kits de limpeza.
A distribuição dos donativos é feita em quatro pontos neste domingo. São eles:
Central de Abastecimentos (Ceasa), na Estrada Transacreana, bairro Floresta Sul
Secretaria Municipal de Cuidados com a Cidade (SMMCI), na Estrada da Sobral
Centro da Juventude, no bairro Cidade Nova
Estádio Arena da Floresta – no Segundo Distrito de Rio Branco
Moradores enfrentam sol e fila quilometrica para receber donativos
Melícia Moura/Rede Amazônica Acre
Uma equipe da Rede Amazônica Acre esteve em dois pontos e conversou com os moradores. A autônoma Maria Gessina mora no bairro Boa União, na Baixada da Sobral, e teve a rua alagada pelas águas do Rio Acre.
“A [alagação] de 2015 foi a maior, né? A água ficou dando na minha cintura. Esse ano, graças a Deus, fiquei ilhada, a água não chegou a entrar em casa. No quintal, alagou tudo, não tinha nem como descer”, relembrou.
Ela disse que a entrega dos donativos é uma ajuda importante nesse momento. Ela chegou na Ceasa por volta das 6h deste domingo.
Um dos pontos de entrega é na Ceasa, na Estrada Transcreana
Melícia Moura/Rede Amazônica Acre
“A gente fica numa situação muito difícil. Às vezes, as pessoas passam, veem essa fila enorme dizem: ‘ah, o que que esse pessoal está fazendo aí no meio desse sol quente?’. Mas, não sabe a necessidade das pessoas. Então, acho que só quem precisa que está enfrentando uma fila dessa, o sol está de matar. Eu, por exemplo, cheguei aqui seis horas, já são 11 horas e ainda tem um bom caminho ainda para percorrer, mas quando a gente precisa a gente tem que fazer sacrifício”, confessou.
Para receber os donativos, os moradores apresentam o cadastro feito pelas equipes da prefeitura nas casa, um comprovante de endereço e documento pessoal. Maria Guedes mora na Baixada da Sobral há 40 anos e destacou que os moradores da região não ficaram desassistidos. Essa é a terceira vez que ela sofre com uma enchente histórica.
“Só agradecer a equipe da prefeitura, todo mundo que teve empenhado, trabalhando. É só agradecer, porque eu já é a terceira alagação que eu fico”, confirmou.
A autônoma Viviane da Costa vive na Rua Rádio Farol, no bairro Boa União há 40 anos. A água chegou pela segunda vez na casa dela. Durante a entrega dos sacolões, a moradora disse que já conseguiu limpar a residência e agora espera a vida voltar ao normal.
“Não saí de casa, água só entrou, mas não saí não. Mas, aí já fiz a limpeza, não fui para abrigo, mas assistência foi dada. Com um kit dessas coisas dá pra passar um bom tempo, só se a pessoa não aproveitar, porque eu aproveito”, contou.
Viviane da Costa foi uma das moradoras que ficou em casa durante a enchente
Melícia Moura/Rede Amazônica Acre
Mais de 3 mil atendidos
O coordenador da Defesa Civil Municipal, tenente-coronel Cláudio Falcão, explicou que as equipes fizeram o cadastro dos moradores anteriormente para que não houvesse tumultos. O kit entregue é composto uma cesta básica de 33 quilos, material de limpeza e água potável.
Neste domingo, a expectativa dos servidores é atender cerca de 4 mil famílias com 12 mil pessoas. Segundo ele, o domingo foi escolhido para fazer a entrega para que os servidores das demais secretarias pudessem ajudar nos serviços de atendimento e, assim, agilizar a distribuição.
“Vamos atender o domingo inteiro, jaá trabalhamos o sábado inteiro e também vamos continuar durante a semana, de uma outra maneira, de uma outra coordenação, de maneira que a gente possa atender outros bairros. Agora, nesse instante, nós estamos atendendo 19 bairros, algo em torno de 4 mil famílias em todos esses bairros”, confirmou.
Entrega de donativos é feita em quatro pontos neste domingo (10) na capital acreana
Melícia Moura/Rede Amazônica Acre
Durante o cadastro, os moradores foram direcionados ao ponto de entrega nesta domingo. “Sabemos o público que vai receber de uma maneira muito alcançada, muito bem coordenada e planejada. Então, tudo isso para trazer o mínimo de incidentes possíveis, vão ter zero incidentes aqui no momento da distribuição, que nós sabemos muito bem da necessidade dessas pessoas. Não necessitam de nenhum mais sofrimento, além do que já estão sofrendo”, destacou.
Ao todo, o coronel explicou que a prefeitura dispõe de 10 mil kits para atender os moradores afetados pela cheia e que não estão em abrigos. “Ao terminar os 10 mil kits, pretendemos adquirir praticamente mais 10 mil. Isso também vai ser com recursos próprios da prefeitura. Pegaremos, além dos 20 mil kits completos, parte de ajuda do governo federal, tanto pela Defesa Civil quanto também pela Secretaria de Assistência Social através do seu ministério”, reforçou.
Rio Acre neste domingo (10) chegou aos 15 metros na capital acreana
Melícia Moura/Rede Amazônica Acre
Cheia na capital
Em Rio Branco, o manancial ultrapassou a cota de transbordo, que é 14 metros, dia 23 de fevereiro. Já no dia 29 do mesmo mês, seis dias depois, o Rio Acre atingiu a marca de 17 metros e permaneceu acima da marcação até a última sexta-feira (8), quando baixou para 16,59 metros.
Na quarta (6), o manancial alcançou a maior cota do ano – 17,89 metros. Essa é a segunda maior cheia da história, desde que a medição começou a ser feita, em 1971. A maior cota histórica já registrada é de 18,40 metros em 2015. À época, mais de 100 mil pessoas foram atingidas pela cheia.
O governo estadual decretou situação de emergência e estado de calamidade pública, que foram reconhecidos pelo governo federal. (Veja abaixo a evolução do nível do rio).
Poucos meses separam o ápice de uma seca severa e a chegada de enchentes devastadoras no Acre (leia mais abaixo). Para entender as crises sucessivas que levaram emergência para o estado é preciso considerar ao menos três fatores:
a influência do El Niño
o atraso do “inverno amazônico”, como é conhecida a estação chuvosa na região
o impacto do aquecimento do Oceano Atlântico
Ao todo, a enchente deste ano atingiu 51 bairros e 23 comunidades rurais atingidas e deixou mais de 4 mil pessoas desabrigadas, segundo a Prefeitura de Rio Branco, com dados desta sexta (8). Os números ainda não foram atualizados no sábado. Mais de 70 mil pessoas foram afetadas, direta ou indiretamente, pela cheia.
De acordo com a Energisa, companhia responsável pela distribuição de energia elétrica no Acre, já são mais de sete mil imóveis com fornecimento suspenso.
Cheia no Rio Acre atinge 7 municípios
Arte g1
Em todo o estado, pelo menos 28.952 pessoas estão fora de casa, dentre desabrigados e desalojados, segundo a última atualização feita pelo governo neste domingo (10). Das 22 cidades, 19 estão em situação de emergência por conta do transbordo de rios e igarapés.
Ao menos 23 comunidades indígenas no interior do Acre também sofrem com os efeitos das enchentes e cinco pessoas já morreram em decorrência da cheia. O número aumentou na última quarta após um bebê de 1 ano e 8 meses morrer afogado no quintal de casa na Comunidade Tapiri, zona rural de Cruzeiro do Sul.
Colaborou a repórter Melícia Moura, da Rede Amazônica Acre.
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