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Cordão de Girassol: acessório que busca difundir conhecimento sobre deficiências ocultas e promover inclusão

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Lei estadual nº 1.1917/2024 instituiu colar como símbolo das deficiências e outras condições ocultas, como TDAH e autismo Ashley usa o colar para indicar que tem TDAH
Jader Souza
Ashley Hernandez tem Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), um diagnóstico que veio nos últimos três anos, depois de muita luta da mãe, Brenda Hernandez. Os primeiros sinais do transtorno foram percebidos aos oito meses de vida e hoje podem ser observados no tanto de energia que a criança tem. Além das aulas de balé no Centro de Convivência da Juventude (CCJuv), da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), ela faz ginástica rítmica e natação em casa.
“Eu gosto de brincar, me divertir, comer, estudar e ir para casa. Eu uso muito a piscina, gosto de ginástica, balé, de comer e gosto muito da minha mamãe”, diz sorridente a futura bailarina. “Sou muito hiperativa, não posso comer muito doce”, complementa a criança, instruída diariamente pela mãe sobre o TDAH.
Brenda soube do colar olhando perfis no Instagram
Jader Souza
Depois do laudo médico, Brenda buscou perfis na internet que abordassem o transtorno e descobriu o colar de girassol, símbolo das deficiências ocultas e outras condições não perceptíveis fisicamente. É o caso do déficit de atenção, hiperatividade, autismo e outras situações atípicas do neurodesenvolvimento. A partir da descoberta, a mãe adotou o cordão de girassol como forma de difundir conhecimento sobre o transtorno e alertar as outras pessoas sobre o comportamento de Ashley.
“Estamos há seis anos no Brasil, e há três descobrimos o TDAH. O médico já disse que ela tem outro transtorno, mas ainda estamos descobrindo do que se trata. O uso do cordão tem ajudado, porque as pessoas que não têm informação acabam não sendo empáticas com minha filha. Já com o uso do colar, isso muda um pouco, as pessoas ficam curiosas e querem saber por que ela está usando, buscam informações e entendem a condição dela”, relata Brenda.
O que é o cordão de girassol?
Colar é usado para indicar deficiências ocultas
Jader Souza
O cordão com fitas repletas de desenhos de girassóis se tornou um símbolo de deficiências intelectuais ou outras condições atípicas. O uso dele não é obrigatório, e a ausência não prejudica a garantia dos direitos por força de lei para as pessoas com deficiência. Caso você se depare com alguém usando, saiba que é uma forma de conscientizar a sociedade sobre situações que não são visíveis, mas merecem respeito e acolhimento.
Em Roraima, a Lei nº 1.917/2024 instituiu o cordão de girassol como símbolo e instrumento auxiliar na identificação de pessoas com essas deficiências ocultas. A proposta partiu da deputada Catarina Guerra (União). Ela se soma a dezenas de leis aprovadas na Assembleia Legislativa que contemplam as pessoas com deficiência. Saiba mais sobre os textos lendo aqui.
A deficiência, às vezes, é tão silenciosa, que só é descoberta na fase adulta. É o caso de muitos autistas hoje em dia, que recebem o diagnóstico depois de anos tentando entender os motivos de alguns comportamentos. O laudo é um sentimento de libertação, ou como afirma a psicóloga Priscila Cunha, é “respirar no geladinho”. A profissional fala ainda sobre os reflexos na vida adulta, caso o diagnóstico do TDAH ou do autismo, por exemplo, demorar para ser descoberto.
Psicóloga menciona que diagnóstico é processo de libertação
Jader Souza
“É preciso abrir um leque de informações, principalmente para a sociedade, sobre como buscar o diagnóstico, porque as pessoas se sentiram uma vida inteira desajustadas, não pertencentes aos lugares, se culpabilizando. Vejo a procura pelo diagnóstico como uma busca identitária. E, muitas vezes, os adultos que estão buscando esse diagnóstico acabam sendo diagnosticados de maneira errada, porque desenvolveram outros transtornos associados a essa condição, como ansiedade, bipolaridade, boderline”, avaliou Priscila.
Por isso, é necessário os pais ou responsáveis observarem comportamentos, ou situações que considerem importante compartilhar com um médico. Quanto mais cedo for dado um diagnóstico, melhor será para a criança. Priscila comenta que é comum ouvir de outras pessoas “para esperar, porque toda criança tem seu tempo”.
“Mas eu complemento: toda criança tem seu tempo de desenvolvimento dentro do marco do desenvolvimento. Temos, por exemplo, o marco da fala, de até dois anos. Contudo, se isso já está dando indícios de que não vai se desenvolver, você precisa procurar uma intervenção. Já é possível fazer a identificação de TEA em bebês de três meses. Então, quanto antes os pais perceberem um comportamento diferente, busquem um profissional capacitado”, orientou a psicóloga.
Diagnóstico tardio
Hoffmam descobriu diagnóstico há um ano
Jader Souza
Foi esse diagnóstico que chegou de maneira tardia na vida do militar Hoffmam Rodrigues. Aos 43 anos, só soube do autismo há um ano, após uma recomendação médica e instigado pela esposa com quem está junto há duas décadas. O bacharel em direito lembra que na infância gostava de ficar sozinho, não gostava de futebol, mas de carros, e amava estudar. Comportamentos que, segundo ele, sempre enxergou como diferentes.
“Quando fecha o diagnóstico, tudo se explica. É a ressignificação de toda uma vida. A partir do momento em que a neurologista indicou fazer a investigação, tive hiperfoco e fui pesquisar sobre o autismo. Sou formado em direito, costumo dizer que o diagnóstico foi como uma ação declaratória. A ressignificação é muito importante. Principalmente os mais próximos dizem que você fica mais autista”, detalhou Rodrigues.
De acordo com o militar, usar o colar de girassol ou do quebra-cabeça (símbolo do autismo) causa receio, já que, fisicamente, ele não apresenta características de uma deficiência, e as pessoas passam a encará-lo nas filas de atendimento. Mercado e shopping para ele são os lugares mais difíceis de ir por causa da interação social, barulho e a luz.
“Fiz um vídeo sobre isso [atendimento preferencial] e costumo produzir conteúdo voltado aos direitos das pessoas com deficiência. Chego em casa todos os dias estafados de tanta interação social. Quando chego, tomo um banho e me deito, de preferência em um quarto escuro. Você descarrega tudo o que absorveu. Antes, era tido como preguiça, hoje sei que não é. Você começa a criar válvulas para não sofrer tanto”, encerrou.

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