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Mulher esfaqueada mais de 70 vezes pelo ex relata desafios em busca de recomeço: ‘eternamente vou viver com esse trauma’

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Condenado pelo crime, Cleiton Duda dos Santos deixou o presídio pela primeira vez em saidinha temporária nesta terça-feira (12), após conseguir progressão para o regime semiaberto. Vendedora Aline Guimarães foi esfaqueada mais de 70 vezes pelo ex-companheiro
Talita França/ TV Vanguarda
Vítima da violência contra a mulher, há pouco mais de quatro anos Aline Guimarães foi alvo de uma tentativa de feminicídio dentro da própria casa, em Taubaté (SP). Ela foi esfaqueada mais de 70 vezes pelo ex-companheiro, que não aceitava o término da relação.
Nesta terça-feira (12), o homem que atacou a ex-namorada com mais de 70 facadas deixou a prisão para a saída temporária, pela primeira vez desde que foi condenado pela Justiça. Ele foi beneficiado com a progressão para o regime semiaberto no início do ano.
Ao g1, Aline Guimarães afirma que mesmo com o tempo que se passou desde o crime, ela se sente insegura e contou os desafios que enfrenta enquanto tenta recomeçar.
“Eu me sinto insegura. Ele fica solto e eu acabo ficando presa. Diante da gravidade da situação e de tudo que eu passei, acho que o que restou da pena foi pouco. Com ele na rua, menos de cinco anos (depois do crime), eu fico apreensiva, bastante preocupada”, contou.
Vendedora Aline Guimarães foi esfaqueada mais de 70 vezes pelo ex-companheiro
Talita França/ TV Vanguarda
Aline narra que como parte do processo para tentar superar o ocorrido, ela precisou vender a casa em que morava – onde aconteceu o crime – e hoje faz acompanhamento psicológico.
“Eu precisei vender a minha casa, onde tudo aconteceu, porque eu não tinha mais condições de viver lá. Vou viver esse trauma eternamente, com medo. Eu passei por várias etapas, da aceitação da cicatriz, da etapa também psicológica, do medo de arrumar alguém que tivesse esse lado abusivo. Eu resolvi realmente cuidar de mim, cuidar da minha saúde e desfoquei de relacionamento”, afirma.
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Além do trauma psicológico, Aline ainda convive também com as sequelas físicas do ataque. Ela perdeu um pouco de sensibilidade do lado esquerdo do corpo e tem cicatrizes pelo corpo todo.
“Os órgãos vitais foram afetados, inclusive o coração. Tenho cicatrizes da facada e uma outra bem grande onde os órgãos foram costurados na cirurgia”, lembra.
Vendedora Aline Guimarães foi esfaqueada mais de 70 vezes pelo ex-companheiro
Talita França/ TV Vanguarda
Apesar das dificuldades, Aline diz que encontra força em outras mulheres para vencer as complicações diárias. Ela diz que sente gratidão cada vez que consegue ressignificar o que passou para ajudar outras mulheres que estão em relacionamentos abusivos, por exemplo.
“Todo novo dia é um desafio muito grande. Eu nunca quis parar, nunca quis desanimar, mas é tudo desafiador. Me falam que sou forte, acho que adquiri muita experiência e hoje é muito bom pra mim poder passar a minha experiência pra outras mulheres, para poder dar conselhos ou mesmo desabafar”, diz.
“É muito gratificante poder ajudar outras mulheres. Hoje, eu jamais aceitaria alguém erguendo tom de voz comigo ou tendo um relacionamento abusivo”, conclui.
Cleiton Duda dos Santos está preso desde setembro de 2019, na P2, em Tremembé, e deve retornar à prisão na próxima segunda-feira (18), data de encerramento da primeira saidinha temporária do ano.
O g1 tenta contato com o advogado de Cleiton, mas, até a última atualização desta reportagem, ainda não conseguiu. A matéria será atualizada caso ele ou a defesa se manifeste.
Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, a P2 de Tremembé, no interior de São Paulo
Laurene Santos/TV Vanguarda
Condenação
Cleiton foi condenado a 23 anos e quatro meses de prisão pela tentativa de homicídio. Em dezembro de 2020, a defesa do agressor recorreu à Justiça pela redução da condenação. Ele alegava que em uma das qualificadoras, a de motivo torpe, o juiz teria excedido o limite da condenação de 30 anos.
Posteriormente, em 2021, a Justiça reduziu a pena para 13 anos e sete meses. A decisão ainda manteve o cumprimento da pena em regime fechado.
Depois, no início do ano, o juiz Júlio da Silva Branchini acatou o pedido da defesa para progressão de pena de Cleiton do regime fechado ao semiaberto, modelo mais brando em que o preso pode sair do presídio durante o dia para trabalhar e em saídas temporárias.
Na decisão, o juiz alegou que Cleiton “teve sua conduta [considerada] como boa pelo Serviço de Segurança e Disciplina do estabelecimento em que cumpre pena”, além de citar que ele não cometeu falta disciplinar e obteve parecer favorável no exame criminológico ao qual foi submetido.
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O crime
No dia 21 de julho de 2019, Cleiton invadiu a casa da vítima por não aceitar o término do namoro. Ele agrediu a ex com mais de 70 facadas, segundo a Polícia Civil.
A mulher já tinha medida protetiva contra o ex-companheiro. Dias antes do crime, ela havia enviado um áudio a uma amiga contando que tinha medo do comportamento do ex e que antes de entrar em casa observava o entorno do imóvel para se certificar que ele não estaria lá.
A vendedora foi encontrada pelos policiais desacordada e foi socorrida em estado grave. Ela ficou internada no Hospital Regional, onde ficou três dias em coma e duas semanas internada.
Os ferimentos comprometeram parte dos movimentos do lado esquerdo do corpo. Aline teve que fazer tratamento para a recuperação motora e tem inúmeras cicatrizes pelo corpo, sinais das facadas.
Acusado de tentar matar ex com mais de 70 facadas foi a júri popular em Taubaté
Laurene Santos/TV Vanguarda
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