• New Page 1

    RSSFacebookYouTubeInstagramTwitterYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTube  

Feminicídio ‘desconecta a pessoa da humanidade’ e números não são ‘razoáveis’, diz Cármen Lúcia

A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia afirmou nesta quarta-feira (13) em entrevista à GloboNews que o feminicídio – quando uma mulher é assassinada em razão de ser mulher – “desconecta a pessoa da humanidade”, e que os números desse crime no Brasil não são “razoáveis”.
Cármen Lúcia é hoje a única ministra do STF – 10 das 11 cadeiras no plenário são ocupadas por homens. Ao longo de março, em razão do Dia Internacional da Mulher, a ministra vem fazendo discursos em prol da igualdade de gênero.
“Eu tive um professor de filosofia do direito que dizia que não temia os animais, porque ‘uma onça não desonça, uma zebra não dezebra’. E o ser humano se desumaniza. Ele se afasta da sua essência quando mata mulheres”, disse a ministra.
“Não precisamos passar a história, pouco humana, tentando provar que nós somos não parecidas com os humanos. Nós somos, igualmente e dignamente, humanos. Nós todos, mulheres e homens, vivendo juntos e querendo criar uma sociedade na qual o bem de todos prevaleça”, prosseguiu.
“A mortalidade de mulheres, o assassinato de mulheres, esta execução que vem crescendo em uma sociedade em que nós falamos sobre isso, clamamos contra isso. Não é razoável que essas endemias continuem a acontecer, com uma crueldade que é desumana.”
“O quadro é de atrocidades, é de desumanidade. E o direito se constrói com uma ideia de Justiça que é incompatível com isso. A família que tem uma filha assassinada, essas mães, esses pais, esses filhos, esses irmãos nunca mais vão ser o que foram antes dessa tragédia”, continuou
Discurso de ódio e sexista
Para além da questão criminal, Cármen Lúcia também falou sobre o sexismo e o discurso de ódio que existem no dia a dia – e que, muitas vezes, desestimulam a participação da mulheres na sociedade.
“As mulheres muitas vezes são desanimadas, apesar de campanhas de estímulo para que participem do espaço público, são desestimuladas. Várias candidatas a vereadora, a prefeita já me disseram: ‘Me afastei porque a minha filha estava sofrendo na escola’. Porque o tipo de xingamento extremamente perverso atinge a filha, o marido, o pai”, declarou.
“As escolhas profissionais são nossas, mas as consequências das escolhas se espraiam pelo nosso grupo mais próximo”, disse Cármen Lúcia.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.
 
 
  • New Page 1