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Tarcísio desponta como o contraponto a Lula

Duas pesquisas publicadas ontem chamaram a atenção dos analistas políticos, ambas do Datafolha. Em uma delas, é possível ver o desgaste político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cidade de São Paulo. A gestão federal era vista como ótima ou boa por 45 % dos entrevistados em agosto de 2023. A última enquete, porém, mostrou que esse índice encolheu a 38%, um desgaste de sete pontos percentuais em oito meses. O segundo estudo compara a evolução da popularidade do governador Tarcísio de Freitas no mesmo período: saiu de 30%, em agosto, para 33% em março.

Esse quadro ganha um forte simbolismo quando lembramos de outra pesquisa do Datafolha, esta feita em setembro do ano passado. Esse estudo mostrou que 32% dos paulistanos se viam como petistas e 13% mais próximos do petismo. Na prática, isso quer dizer que 45 % do eleitorado pode ser definido como esquerdista. Em contraposição, apenas 21 % se diziam bolsonaristas ou próximos do bolsonarismo (26 % se consideravam neutros e 7 % não se identificavam com essas correntes políticas).

Tarcísio desponta como o contraponto a Lula

Ou seja, mesmo em uma cidade na qual quase metade simpatiza com a ideologia petista, a popularidade de Lula está em queda significativa e a de Tarcísio (embora moderadamente) mostra crescimento.

Esses números não podem ser ignorados pelo Planalto. A performance de Lula mostra claramente que o governo está torrando seu capital político, apesar de uma retórica populista e claramente voltada para o eleitor de esquerda, deixando os moderados de lado.

Na última briga comprada pelo presidente, relativa aos dividendos da Petrobras, o resultado foi desastroso: o valor da companhia nas bolsas de valores despencou mais de R$ 63 bilhões. A empresa decidiu não distribuir dividendos extras, depois de ter agido dessa forma nos últimos três exercícios. Até aí, tudo bem – trata-se de uma decisão da empresa privilegiar ou não seus acionistas. Mas Lula fez questão de dizer que tinha atuado junto à companhia para barrar os proventos turbinados. “Tivemos uma conversa séria com a direção da Petrobras”, disse Lula.

É aí que mora o problema. A Petrobras é uma empresa de capital misto, com ações negociadas nas bolsas de valores. Ao agir assim, o presidente age como se ela fosse uma estatal de capital fechado, agindo contra o interesse do quadro acionário. O resultado é previsível: os investidores vão se afastar dessas ações.

Em resposta à derrocada dos papéis da petroleira, o presidente afirmou que o mercado era um “dinossauro voraz”. Não deixa de ser interessante e irônico ver alguém com uma mentalidade ultrapassada chamar os investidores de retrógrados.

Neste cenário, em que a moderação parece crescer entre os eleitores, o governador Tarcísio desponta como um contraponto a Lula. Isso inclui até a posição em relação a Israel. O governador foi convidado uma entidade da sociedade civil para visitar Israel no próximo dia 18 e aceitou. Com essa atitude, vai reforçar o antagonismo a Lula.

Oficialmente, Tarcísio pensa apenas na recondução ao Palácio dos Bandeirantes. Mas seu nome parece formar um consenso entre as forças de Centro e de Direita como a melhor opção para uma chapa presidencial em 2026. Um empecilho, ainda, é o desempenho da economia daqui para a frente. Se o desempenho econômico for positivo, o governo petista ganharia tração para obter a reeleição. Portanto, essa decisão (concorrer ou não ao Planalto) será postergada ao máximo. Enquanto isso não ocorre, Tarcísio se mostra uma alternativa informal e viável ao petismo.

Esse quadro pode ter implicações diretas na eleição municipal em São Paulo. As últimas pesquisas, por exemplo, mostram uma reação do prefeito Ricardo Nunes, apoiado por Jair Bolsonaro e Tarcísio, em relação ao deputado federal Guilherme Boulos, que tem o apoio lulista.

Muitos cientistas políticos dizem que as eleições municipais são uma espécie de prévia do pleito presidencial. Isso quer dizer que, se Boulos for vencido, Lula terá menores chances em 2026? Ainda é cedo para responder essa pergunta. Mas se o Planalto continuar jogando para a torcida e teimando em não adaptar seu discurso à vontade do eleitorado moderado, as chances de Lula podem diminuir bastante a partir de 2025.

*Coluna escrita por Aluizio Falcão Filho jornalista, articulista e publisher do portal Money Report, Aluizio Falcão Filho foi diretor de redação da revista Época e diretor editorial da Editora Globo, com passagens por veículos como Veja, Gazeta Mercantil, Forbes e a vice-presidência no Brasil da agência de publicidade Grey Worldwide;


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