Uma mulher, identificada como Maria de Moura, de 84 anos, foi mantida por 72 anos em situação análoga à escravidão. Segundo o MPF (Ministério Público Federal), ela trabalhava com jornadas exaustivas e não remuneradas, no Rio de Janeiro.
Após ser resgatada pelos agentes do MPT (Ministério Público do Trabalho) em maio de 2022, foi descoberto que Maria trabalhava desde os 12 anos para a família Mattos Maia em jornadas exaustivas e não remuneradas.
Após isso, mãe e filho, identificados por Yonne Mattos Maia e André Luiz Mattos, viraram réus na Justiça Federal do Rio de Janeiro pelo crime de cárcere privado.
A incriminação foi realizada devido ela viver na casa da família e não ter posse das chaves do local, caracterizando o crime.
Ela vivia em condições degradantes e sem liberdade. Além disso, Maria era impedida de conviver com os familiares ou construir vínculos pessoais.
O caso mais longo de situação análoga à escravidão no Brasil
O MPT declarou que o caso chamou atenção pela quantidade de tempo que a mulher trabalhava para os denunciados. Além disso, Maria viveu o caso mais longo de situação análoga à escravidão no país.
Apesar de ter sido descoberto em 2022, a denúncia só foi aceita no dia 5 de março deste ano, ou seja, dois anos após ela ser resgatada.
O que a família Mattos Maia aponta?
O advogado representante da família, Marcos Vecchi, aponta que repudia todas as acusações contra seus clientes. Ele afirma que o inquérito do MPF é cheio de contradições e não permite que os acusados se defendam.
Segundo Vecchi a relação entre Maria e a família era de natureza familiar e que a vítima vivia em condições dignas, com acesso à alimentação, medicamentos, acompanhamento médico e lazer.
Além disso, Maria nunca teria sido submetida a trabalho forçado e realizava tarefas compatíveis com sua idade e condição física.