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Procissão do Fogaréu: tradição centenária atrai milhares de fiéis à cidade de Goiás


Tradição católica completa 279 anos e espera receber mais de 70 mil pessoas durante todo o feriado da Semana Santa. Celebração encena a perseguição dos soldados romanos e a morte de Jesus Cristo. Fogeréu: Fiéis acompanham procissão que relembra paixão e a morte de Jesus Cristo
A Procissão do Fogaréu atraiu mais de 20 mil fiéis para a celebração religiosa na cidade de Goiás, na região central do estado. Este ano, a tradição católica completa 279 anos e espera receber mais de 70 mil pessoas durante todo o feriado da Semana Santa, número que representa quase o triplo da população do município.
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A celebração que encena a perseguição dos soldados romanos e a morte de Jesus Cristo aconteceu na madrugada desta quinta-feira (28). Homens encapuzados com túnicas de diversas cores, conhecidos como farricocos, carregaram tochas de fogo e visitaram diversos pontos importantes da cidade histórica.
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Farricocos saem pela cidade de Goiás em busca de Jesus Cristo durante Procissão do Fogaréu
Vitor Santana/g1
Reconhecido como patrimônio cultural e imaterial do estado, o fogaréu marca o início do feriado cristão. Os famosos homens encapuzados fazem um percurso de 1,5 km para encenar o que marca a morte do filho de Deus.
O trajeto se iniciou nas escadas da Igreja da Boa Morte, passando pelo Santuário de Nossa Senhora do Rosário, Igreja São Francisco de Paula, e se encerrou no mesmo local do ponto de partida.
Como é a Procissão do Fogaréu?
Fiéis acompanham a Procissão do Fogaréu, em Goiás
Vitor Santana/g1
Quando a procissão começa, as luzes da cidade são apagadas. Então, os 40 farricocos, ao som de tambores, partem da igreja da Boa Morte. Eles cruzam a ponte do Rio Vermelho em direção à Igreja do Rosário, onde não encontram Cristo.
A jornada continua, atravessando a cidade até a Igreja de São Francisco de Paula, que simboliza o Monte das Oliveiras. Lá, os farricocos cercam o prédio e prendem Jesus Cristo. Os farricocos percorrem o trajeto descalços.
Preparação
O Fogaréu é um evento que atrai milhares de pessoas. De acordo com Rodrigo dos Santos, presidente da Organização Vilaboense de Artes e Tradições (OVAT), a preparação demanda meses de antecedência e o esforço de muitos voluntários, que se dedicam a tarefas que vão desde funções burocráticas até reparos nos figurinos.
“A resistência do fogaréu acontece não só pela questão da atração cultural e religiosa em si. Há pessoas que valorizam, preservam e salvaguardam esse legado. Elas sabem as suas funções e o que tem que ser feito para para que a coisa aconteça”, afirmou Rodrigo.
Figurinos do Fogaréu no Quartel do XX, na cidade de Goiás
Thauany Melo/g1
As roupas usadas no Fogaréu e em outras procissões da Semana Santa são lavadas e passadas à mão. Em seguida, são levadas ao Quartel do XX, onde os personagem se vestem no dia do evento.
“São praticamente três dias de intenso trabalho das passadeiras para trazer as roupas impecáveis para a cena. E tem o voluntariado, que são as pessoas que vêm, que ajudam a conservar, que ajudam a organizar a procissão. Se não tivesse esse número, talvez a gente não teria a Procissão do Fogaréu como um bem cultural intangível da cidade de Goiás”, disse Rodrigo.
O presidente da organização destaca que, apesar da performance da procissão ser um momento de muita emoção, os bastidores também carregam muito afeto e tradição.
“Tudo que há por trás da procissão é carregado de sentimento, de valores, de costumes e de simbologias. Ela é afetiva. Às vezes quem tem mais os dons da costura vai lá e tampa um buraquinho que foi queimado pela fuligem. Isso é feito para que a peça continue resistindo. Assim como a nossa história, a nossa tradição, a nossa fé”, contou Rodrigo.
Confundidos com grupo extremista
Túnica usada por farricocos é confundida com a Ku Klux Klan
Vitor Santana/g1 e Reprodução/National Photo Company Collection
As vestimentas dos farricocos são frequentemente comparadas às usadas pelo grupo de supremacia branca Ku Klux Klan – que usam túnicas brancas e capuzes cônicos. Entretanto, segundo o presidente da OVAT, os elementos simbólicos têm significados distintos e as referências da procissão datam de períodos muito anteriores à criação da KKK.
Os primeiros registros da KKK são de 1865, quase um século depois da menção dos farricocos nos textos encontrados na Igreja da cidade de Goiás.
Ao g1, Rodrigo dos Santos e Silva explicou que o padre espanhol João Perestrello de Vasconcellos Spindola, fundador da Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos e o mentor da Semana Santa na cidade de Goiás, trouxe elementos da sua formação religiosa na Europa para reviver tradições na cidade goiana. Em 1745, então, ele introduziu a Procissão do Fogaréu na cidade.
“As pessoas acham que o nosso é novo porque se coloca 1965 como data de fundação da OVAT, que é quando ela resgata e empreende essa tradição, por isso se acha que a produção do Fogaréu poderia ser copiada de algo que veio antes, nos Estados Unidos. Mas não, muito pelo contrário, nós copiamos aquilo que era nosso, nós reinventamos a nossa tradição através daquilo que já existia lá em 1745”, disse Rodrigo.
“Então, nós não podemos ser confundidos como um movimento que busca segregar a população. Muito pelo contrário, a gente atrai toda a multidão, todos os fiéis, para a igreja evangelizar”, completou.
A pesquisadora Izabela Tamaso também destacou que o processo de criação das túnicas do farricocos não faz nenhuma alusão ao grupo dos EUA. “Quando a Goiandira vai criar a vestimenta do farricoco, ela pensa exatamente no penitente. Então, ela não associou a essa ideia que subsidia, que está por detrás da vestimenta da Ku Klux Klan. Não é a mesma. Não tem o mesmo sentido”, disse.
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